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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Comentário ao evangelho do dia - Natal


Santos Inocentes

1ª Leitura - 1Jo 1, 5-2,2
Caríssimos, a mensagem, que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos, é esta: Deus é luz e nEle não há trevas. Se dissermos que estamos em comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, estamos mentindo e não nos guiamos pela verdade. Mas, se andamos na luz, como Ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de Seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós. Se reconhecermos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda culpa. Se dissermos que nunca pecamos, fazemos dEle um mentiroso e Sua palavra não está dentro de nós. Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro.

Salmo - Sl 123 (124)
R. Nossa alma como um pássaro escapou
do laço que lhe armara o caçador.
Se o Senhor não estivesse ao nosso lado, *
quando os homens investiram contra nós, 
com certeza nos teriam devorado *
no furor de sua ira contra nós. R.

Então as águas nos teriam submergido, *
a correnteza nos teria arrastado,
e então, por sobre nós teriam passado *
essas águas sempre mais impetuosas. R.

O laço arrebentou-se de repente, *
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor, *
do Senhor que fez o céu e fez a terra! R.

Evangelho - Mt 2, 13-18
Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo". José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. Ali ficou até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Do Egito chamei o meu Filho". Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: "Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais".

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
bispo de Ravena, doutor da Igreja

Aonde leva a inveja? [...] O crime hoje cometido no-lo mostra: o medo de que exista um rival para o seu reino enche de angústia a Herodes; maquina então suprimir o "Rei que acaba de nascer" (Mt 2,2), o Rei eterno; luta contra o seu Criador e decide matar inocentes [...]. Que erros tinham aquelas crianças cometido? Nada haviam dito suas línguas mudas, nada seus olhos haviam visto, seus ouvidos escutado, suas mãos feito. Foi-lhes dada a morte, não tendo elas conhecido a vida. [...] Cristo lê o futuro e conhece os segredos dos corações, julga os pensamentos e escrutina as intenções (Sl 138): por que as abandonou? [...] Por que negligenciou o Rei do céu recém-nascido estes companheiros de inocência, por que esqueceu as sentinelas de serviço em redor do Seu berço, levando a que o inimigo, com a intenção de atingir o Rei, devastasse por completo o exército? Irmãos, Cristo não abandonou os Seus soldados, antes os encheu de glória ao permitir-lhes triunfar antes de viver, e ganhar a vitória sem que tivessem de combater. [...] Ele quis que possuíssem o céu, de preferência à terra [...], enviou-os à Sua frente como arautos. Não os abandonou: salvou a Sua guarda avançada, não a esqueceu [...]. Bem-aventurados os que trocaram os trabalhos pelo repouso, as dores pelo alívio, o sofrimento pela alegria. Estão vivos, vivos, vivem realmente, os que sofreram a morte por Cristo. [...] Felizes as lágrimas que as mães verteram por seus filhos: valeram-lhes a graça do batismo. [...] Que Aquele que Se dignou repousar no nosso estábulo queira também conduzir-nos aos prados do céu.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Comentário ao Evangelho do dia - Advento


3ª Semana do Advento - Terça-feira
Santa Luzia

1ª Leitura - Sf 3,1-2.9-13
Assim fala o Senhor: "Ai de ti, rebelde e desonrada, cidade desumana. Ela não prestou ouvidos ao apelo, não aceitou a correção; não teve confiança no Senhor, nem se aproximou de seu Deus. Darei aos povos, nesse tempo, lábios purificados, para que todos invoquem o nome do Senhor e lhe prestem culto em união de esforços. Desde além-rios da Etiópia, os que me adoram, os dispersos do meu povo, me trarão suas oferendas. Naquele dia, não terás de envergonhar-te por causa de todas as tuas obras com que prevaricaste contra mim; pois eu afastarei do teu meio teus fanfarrões arrogantes, e não continuarás a fazer de meu santo monte motivo de tuas vanglórias. E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres". E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel. Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.

Salmo - Sl 33 (34)
R. Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, *
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor; *
que ouçam os humildes e se alegrem! R. 

Contemplai a Sua face e alegrai-vos, *
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, *
e o Senhor o libertou de toda angústia. R. 

Mas Ele volta a Sua face contra os maus, *
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta *
e de todas as angústias os liberta. R. 

Do coração atribulado Ele está perto *
e conforta os de espírito abatido.
Mas o Senhor liberta a vida dos Seus servos, *
e castigado não será quem nEle espera. R.

Evangelho - Mt 21, 28-32
Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: "Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha!'. O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?". Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "O primeiro". Então Jesus lhes disse: "Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele".

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
bispo de Ravena, doutor da Igreja

João Batista ensina com palavras e atos. Verdadeiro mestre, mostra pelo seu exemplo aquilo que afirma com a sua palavra. O saber faz o mestre, mas é a conduta que confere autoridade. [...] Ensinar pelos atos é a única regra daquele que quer instruir. A instrução pelas palavras é sabedoria; mas quando passa pelos atos é virtude. Por conseguinte, a sabedoria é autêntica quando unida à virtude: só então é divina e não humana. [...] "Naqueles dias, apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judeia. Dizia: 'Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu'" (Mt 3, 1-2). "Convertei-vos." Por que não diz: "Rejubilai"? "Rejubilai antes porque as realidades humanas dão lugar às realidades divinas, as terrestres às celestiais, as temporais às eternas, o mal ao bem, a incerteza à segurança, a tristeza à felicidade, as realidades perecíveis às que permanecerão para sempre. O Reino dos céus está muito próximo. Convertei-vos." Que a tua conduta de convertido seja evidente. Tu que preferiste o humano ao divino, que quiseste ser escravo do mundo em vez de vencedor do mundo com o Senhor do mundo, converte-te. Tu que fugiste da liberdade que as virtudes conferem porque quiseste sofrer o jugo do pecado, converte-te; converte-te verdadeiramente, tu que, por medo de possuir a Vida, te entregaste à morte.

domingo, 10 de abril de 2011

Comentário ao evangelho do dia

5º Domingo Quaresma

1ª Leitura - Ez 37,12-14
Assim fala o Senhor Deus: "Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço - oráculo do Senhor".

2ª Leitura - Rm 8,8-11
Irmãos, os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo,  não pertence a Cristo. Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós.

Evangelho - Jo 11,1-45
Naquele tempo, havia um doente, Lázaro, que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta, sua irmã. Maria era aquela que ungira o Senhor com perfume e enxugara os pés dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava doente. As irmãs mandaram então dizer a Jesus: "Senhor, aquele que amas está doente". Ouvindo isto, Jesus disse: "Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela". Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. Então, disse aos discípulos: "Vamos de novo à Judeia". Os discípulos disseram-lhe: "Mestre, ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?". Jesus respondeu: "O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas se alguém caminha de noite, tropeça, porque lhe falta a luz". Depois acrescentou: "O nosso amigo Lázaro dorme. Mas eu vou acordá-lo". Os discípulos disseram: "Senhor, se ele dorme, vai ficar bom". Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que falasse do sono mesmo. Então Jesus disse abertamente: "Lázaro está morto. Mas por causa de vós, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele". Então Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos companheiros: "Vamos nós também para morrermos com ele". Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém. Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá". Respondeu-lhe Jesus: "Teu irmão ressuscitará". Disse Marta: "Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia". Então Jesus disse: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?". Respondeu ela: "Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo". Depois de ter dito isto, ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho: "O Mestre está aí e te chama". Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. Jesus estava ainda fora do povoado, no mesmo lugar onde Marta se tinha encontrado com ele. Os judeus que estavam em casa consolando-a, quando a viram levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que fosse ao túmulo para ali chorar. Indo para o lugar onde estava Jesus, quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: "Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido". Quando Jesus a viu chorar, e também os que estavam com ela, estremeceu interiormente, ficou profundamente comovido, e perguntou: "Onde o colocastes?". Responderam: "Vem ver, Senhor". E Jesus chorou. Então os judeus disseram: "Vede como ele o amava!". Alguns deles, porém, diziam: "Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?". De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. Disse Jesus: "Tirai a pedra!". Marta, a irmã do morto, interveio: "Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias". Jesus lhe respondeu: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?". Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: "Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste". Tendo dito isso, exclamou com voz forte: "Lázaro, vem para fora!". O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: "Desatai-o e deixai-o caminhar!". Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (406 ?-450)
bispo de Ravena, Doutor da Igreja 

"Ao ver Maria chorar, e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-Se". Maria chora, choram os judeus, o próprio Cristo chora. Crês tu que sentem todos a mesma tristeza? Maria, irmã do morto, chora porque não pôde conservar o seu irmão nem afastar a morte; por mais que estivesse convencida da ressurreição, a perda do seu único amparo e a ideia da sua cruel ausência, mais a tristeza da separação inevitável, fazem-na desfazer-se em lágrimas que ela não consegue suster. Por muito grande que seja a nossa fé, a implacável ideia da morte não pode deixar de tocar-nos e transtornar-nos; por isso, choravam também os judeus, porque se lembravam da sua condição mortal e desesperavam da eternidade. Nenhum mortal pode deixar de chorar perante a morte. Mas qual destas tristezas foi a de Cristo? Nenhuma? Então por que chora Aquele que dissera "Lázaro morreu, [...] e Eu estou contente"? E eis que derrama lágrimas como os mortais Aquele que, ao mesmo tempo, derrama sobre eles uma vez mais o Espírito que dá a vida! Assim é o homem, irmãos, que tanto sob o efeito da alegria, como da tristeza, desata em lágrimas. Cristo não chorou por causa da desolação da morte, mas por causa da lembrança da alegria, Ele a cuja palavra, à Sua palavra, ressuscitarão os mortos para a vida eterna (Jo 12, 48). Como podia Cristo chorar por fraqueza humana, quando o Pai que está nos céus chora o filho pródigo, não quando ele sai de casa, mas quando regressa (Lc 15, 20)? É por isso que Ele permite que Lázaro morra, para que, ao ressuscitá-lo, se manifeste a Sua glória; permitiu que o Seu amigo descesse à mansão dos mortos para que Deus aparecesse e o resgatasse dos infernos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Comentário ao evangelho do dia

Quarta-feira de Cinzas

1ª Leitura - Jl 2,12-18
"Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo". Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus? Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito. Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor, e digam: "Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem". Por que se haveria de dizer entre os povos: "Onde está o Deus deles?"?. Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo.

2ª Leitura - 2Cor 5,20-6,2
Irmãos, somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: "No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri". É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.

Evangelho - Mt 6,1-6.16-18
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda nóo saiba o que faz a tua mão direita, de modo que, a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: Eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
Bispo de Ravena, Doutor da Igreja 

Meus irmãos, começamos hoje a grande viagem da Quaresma. Levemos, pois, no navio todas as nossas provisões de alimento e bebida, colocando sobre elas a misericórdia abundante de que teremos necessidade. Porque o nosso jejum tem fome, o nosso jejum tem sede se não se alimentar de bondade, se não se dessedentar com misericórdia. O nosso jejum tem frio, o nosso jejum desfalece se o velo da esmola não o cobrir, se a capa da compaixão não o envolver. Irmãos, a misericórdia está para o jejum como a Primavera está para os solos: o suave vento primaveril faz florescer todos os rebentos nas planícies; a misericórdia do jejum faz brotar todas as nossas sementes até à floração, fá-las encherem-se de frutos até à colheita celeste. A bondade está para o jejum como o óleo está para o candeeiro. Tal como a matéria gorda do óleo alimenta a luz do candeeiro e, com tão pouco alimento o faz brilhar para o conforto de toda a noite, assim a bondade faz o jejum resplandecer: lança raios até atingir o brilho pleno da continência. A esmola está para o jejum como o sol está para o dia: o esplendor do sol aumenta o brilho do dia, dissipa a obscuridade das nuvens; a esmola que acompanha o jejum santifica a santidade do mesmo e, graças à luz da bondade, remove dos nossos desejos tudo o que poderia ser mortífero. Em suma, a generosidade está para o jejum como o corpo está para a alma: quando a alma se retira do corpo, traz-lhe a morte; se a generosidade se afastar do jejum, é a morte deste.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Comentário ao evangelho do dia

São Nicolau

Evangelho - Lc 5,17-26
Um dia Jesus estava ensinando. É sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar. Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. Mas, não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o desceram com o leito no meio da assembleia diante de Jesus. Vendo-lhes a fé, ele disse: "Homem, teus pecados estão perdoados". Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: "Quem é este que assim blasfema? Quem pode perdoar os pecados senão Deus?". Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: "Por que murmurais em vossos corações? O que é mais fácil dizer: teus pecados estão perdoados, ou dizer: levanta-te e anda? Pois, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder de perdoar os pecados - disse ao paralítico - eu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa". Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: "Hoje vimos coisas maravilhosas!".

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
Bispo de Ravena, Doutor da Igreja 

Graças à fé de outrem, a alma do paralítico foi curada antes do seu corpo. "Vendo a fé daqueles homens", diz o Evangelho. Observai, irmãos, que Deus não Se incomoda com o que querem os homens insensatos, que não espera encontrar fé nos ignorantes [...], nos ímpios. Em contrapartida, não Se recusa a vir em auxílio da fé de outrem. Esta fé é uma graça concedida e acontece por vontade de Deus. [...] Na Sua divina bondade, este médico que é Cristo tenta chamar à salvação aqueles que, contra a sua própria vontade, sofrem as doenças da alma, aqueles a quem o peso dos pecados e das faltas esmaga até ao delírio. Mas que não desejam ser salvos. Ó meus irmãos, se quiséssemos, se todos quiséssemos ver até ao fundo a paralisia da nossa alma! Observaríamos que, privada das suas forças, ela jaz numa cama de pecados. A ação de Cristo em nós seria fonte de luz. Compreenderíamos que Ele observa em cada dia a nossa falta de fé tão prejudicial, nos arrasta para uma cura benigna e esmaga de imediato a nossa vontade rebelde. "Meu filho, diz Ele, os teus pecados estão perdoados."

domingo, 14 de março de 2010

Comentário ao evangelho do dia

Evangelho - Lc 15,1-3.11-32
Naquele tempo: Os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles." Então Jesus contou-lhes esta parábola: "Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: 'Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: 'Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'. Mas o pai disse aos empregados: 'Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado'. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: 'É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde'. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: 'Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado'. Então o pai lhe disse: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado'."

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
Bispo de Ravena, Doutor da Igreja

Se a conduta deste jovem nos desagrada, aquilo que nos causa horror é a sua partida: no nosso caso, não nos afastemos nunca de um pai destes! A simples visão do pai faz fugir os pecados, expulsa o erro, exclui qualquer má conduta e qualquer tentação. Mas, no caso de termos partido, de termos esbanjado toda a herança do pai numa vida desregrada, de nos ter acontecido cometer qualquer erro ou má ação, de termos caído no abismo da blasfêmia, levantemo-nos e regressemos para junto de um pai tão bom, convidados por exemplo tão belo. "O pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos." Pergunto-vos: haverá lugar para o desespero? Haverá pretexto para desculpas? Falsas razões para receios? A menos que se receie o encontro com o pai, que se receiem os seus beijos e os seus abraços; a menos que se julgue que o pai quer tomar para recuperar, em lugar de receber para perdoar, quando pega no filho pela mão, o toma nos abraços e o aperta contra o coração. Mas este pensamento, que esmaga a vida, que se opõe à nossa salvação, é amplamente vencido, amplamente aniquilado pelo seguinte: "O pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado'." Após termos ouvido isto, poderemos ainda demorar-nos? Que esperamos para regressar para junto do pai?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Evangelho do dia (Mt 13,47-53)


São Pedro Crisólogo

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali (Mt 13,47-53).

Comentário feito por Papa Bento XVI
Encíclica Spe Salvi, nos. 45-46
Com a morte, a opção de vida feita pelo homem torna-se definitiva; a sua vida está diante do Juiz. A sua opção, que tomou forma ao longo de toda a vida, pode ter características diversas. Pode haver pessoas que destruíram totalmente em si próprias o desejo da verdade e a disponibilidade para o amor; pessoas nas quais tudo se tornou mentira; pessoas que viveram para o ódio e espezinharam o amor em si mesmas. Trata-se de uma perspectiva terrível, mas algumas figuras da nossa história deixam entrever, de forma assustadora, perfis deste gênero. Em tais indivíduos, não haverá nada de remediável e a destruição do bem parece ser irrevogável: é já isto que se indica com a palavra "inferno". Por outro lado, podem existir pessoas puríssimas, que se deixaram penetrar inteiramente por Deus e, consequentemente, estão totalmente abertas ao próximo – pessoas em quem a comunhão com Deus orienta desde já todo o seu ser e cuja chegada a Deus apenas leva a cumprimento aquilo que já são. Mas, segundo a nossa experiência, nem um nem outro são o caso normal da existência humana. Na maioria dos homens – como podemos supor – perdura, no mais profundo da sua essência, uma derradeira abertura interior para a verdade, para o amor, para Deus. Nas opções concretas da vida, porém, aquela é sepultada sob repetidos compromissos com o mal. [...] O que acontece a tais indivíduos quando comparecem diante do Juiz? [...] Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo dá-nos uma ideia da distinta repercussão do juízo de Deus sobre o homem, conforme as suas condições: "Se alguém edifica sobre este fundamento com ouro, prata, pedras preciosas, madeiras, feno ou palha, a obra de cada um ficará patente, pois o dia do Senhor a fará conhecer. Pelo fogo será revelada, e o fogo provará o que vale a obra de cada um. Se a obra construída subsistir, o construtor receberá a paga. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá a perda. Ele, porém, será salvo, como que através do fogo" (3, 12-15).