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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A Sofia pisou no meu dodói

Dia desses, o Francisco apareceu com um machucadinho minúsculo – um cortezinho – perto da base da unha do dedo anelar da mão direita. Fez disso – como é seu costume – um drama que, a nossos olhos, pareceu exagerado demais. Enfrentamos – como é nosso costume – “desdramatizando” a coisa e dizendo que não era nada, que ele estava exagerando, que não estava doendo assim... e fazendo e dizendo tudo aquilo que, frequentemente, aprendemos que se deve dizer e fazer em situações assim, porque, inclusive, fora assim e só assim que conseguíramos crescer; certos de que, desta forma, o estávamos ajudando a crescer também.
Já não é de hoje que, no instante seguinte a eventos assim – ai, a hora de cortar unhas nos domingos!!! –, sinto um peso indefinido e indefinível. Mas, veja como a vida é interessante: hoje, enquanto dava aula para meus alunos, li de novo algo que já havia lido não poucas vezes nos últimos anos. Li “de novo”... “de novo” quer dizer – puxa, nunca tinha me dado conta disso! – como se fosse novo. Pois bem, li como se fosse novo um trechinho de um texto do Gustavo Corção que costumo usar com meus alunos. Diz assim: “Depois da primeira queda na adolescência a vida continua aos saltos, em oscilações: ora erguida, ora sucumbida no fundo dos abismos, ora cheia de eternidade, ora envenenada de morte. [...] E as lágrimas que cada um chora, na solidão de sua queda, são lágrimas de criança, porque é sempre como criança que nós choramos” (CORÇÃO, 1961, p. 124). Sim, é verdade: é sempre como criança que choramos; como crianças, esperamos aquela acolhida que toma tudo que somos nos braços; como crianças, choramos a dor de dramas cujas feridas cortam fundo nas nossas vidas; como crianças, esperamos os olhos compreensíveis, que tudo abraçam, da nossa mãe; como crianças, esperamos aquela mão que nos guia e acompanha pelas sendas espinhosas das nossas dores; como crianças, não queremos chorar sozinhos – mas, ai, como aprendemos que a melhor forma de chorar é abafado no travesseiro, debaixo do chuveiro, trancado no quarto...
Mas, sim, quando choramos é aquela criança soterrada pelo entulho das sucessivas “desdramatizações” das nossas feridas quem chora... E parece ser preciso que as feridas se reabram – quantas vezes!? – para que nos demos conta de que a solidão que nos foi impingida, obrigando-nos ao mutismo, ao “engula-esse-choro”, à incomunicabilidade, à incapacidade de dizer, publicitar a própria consciência, é algo que não pode ser a palavra final.
Pois bem, outro desses dias, o Francisco chega da escola com uma band-aid no dedo anelar da mão direita. A história: brincando na sala – de corre-cotia –, acabou sendo alvo involuntário da pisada da Sofia; a ferida, o drama se reabriu, a ponto de ser necessário tirá-lo de sala e acompanhá-lo até a coordenação que, com uma capacidade de acolhida descomunal, aplicou o band-aid e abraçou toda a sua dor. Já em casa, o dodói foi o assunto. Eu – como de hábito –, disposto a simplesmente fingir compaixão no primeiro instante para, em seguida, mudar o foco logo e virar essa página, me vi obrigado a não fechar os olhos para o drama do Francisco. “A Sofia pisou no meu dodói”, ele repetia. Dormi com essa: a sabedoria reabrira a ferida... a minha.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Comentário ao Evangelho do dia - Advento


3ª Semana do Advento - Terça-feira
Santa Luzia

1ª Leitura - Sf 3,1-2.9-13
Assim fala o Senhor: "Ai de ti, rebelde e desonrada, cidade desumana. Ela não prestou ouvidos ao apelo, não aceitou a correção; não teve confiança no Senhor, nem se aproximou de seu Deus. Darei aos povos, nesse tempo, lábios purificados, para que todos invoquem o nome do Senhor e lhe prestem culto em união de esforços. Desde além-rios da Etiópia, os que me adoram, os dispersos do meu povo, me trarão suas oferendas. Naquele dia, não terás de envergonhar-te por causa de todas as tuas obras com que prevaricaste contra mim; pois eu afastarei do teu meio teus fanfarrões arrogantes, e não continuarás a fazer de meu santo monte motivo de tuas vanglórias. E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres". E no nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel. Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.

Salmo - Sl 33 (34)
R. Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, *
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor; *
que ouçam os humildes e se alegrem! R. 

Contemplai a Sua face e alegrai-vos, *
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, *
e o Senhor o libertou de toda angústia. R. 

Mas Ele volta a Sua face contra os maus, *
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta *
e de todas as angústias os liberta. R. 

Do coração atribulado Ele está perto *
e conforta os de espírito abatido.
Mas o Senhor liberta a vida dos Seus servos, *
e castigado não será quem nEle espera. R.

Evangelho - Mt 21, 28-32
Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: "Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha!'. O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?". Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "O primeiro". Então Jesus lhes disse: "Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele".

Comentário feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
bispo de Ravena, doutor da Igreja

João Batista ensina com palavras e atos. Verdadeiro mestre, mostra pelo seu exemplo aquilo que afirma com a sua palavra. O saber faz o mestre, mas é a conduta que confere autoridade. [...] Ensinar pelos atos é a única regra daquele que quer instruir. A instrução pelas palavras é sabedoria; mas quando passa pelos atos é virtude. Por conseguinte, a sabedoria é autêntica quando unida à virtude: só então é divina e não humana. [...] "Naqueles dias, apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judeia. Dizia: 'Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu'" (Mt 3, 1-2). "Convertei-vos." Por que não diz: "Rejubilai"? "Rejubilai antes porque as realidades humanas dão lugar às realidades divinas, as terrestres às celestiais, as temporais às eternas, o mal ao bem, a incerteza à segurança, a tristeza à felicidade, as realidades perecíveis às que permanecerão para sempre. O Reino dos céus está muito próximo. Convertei-vos." Que a tua conduta de convertido seja evidente. Tu que preferiste o humano ao divino, que quiseste ser escravo do mundo em vez de vencedor do mundo com o Senhor do mundo, converte-te. Tu que fugiste da liberdade que as virtudes conferem porque quiseste sofrer o jugo do pecado, converte-te; converte-te verdadeiramente, tu que, por medo de possuir a Vida, te entregaste à morte.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Universidade: casa onde se busca a verdade da pessoa humana



Viagem Apostólica a Madri
Por ocasião da XXVI Jornada Mundial da Juventude
18 a 21 de agosto de 2011

Encontro com Jovens Professores Universitários

Discurso do Papa Bento XVI

Basílica do Mosteiro de São Lourenço do Escorial
Sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Senhor Cardeal Arcebispo de Madri,
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos Padres Agostinianos,
Queridos Professores e Professoras,
Distintas Autoridades,
Meus amigos!
Com regozijo esperava este encontro convosco, jovens professores das universidades espanholas, que prestais uma colaboração esplêndida para a difusão da verdade em circunstâncias nem sempre fáceis. Saúdo-vos cordialmente e agradeço as amáveis palavras de boas-vindas e também a música executada que ressoou maravilhosamente neste mosteiro de grande beleza artística, testemunho eloquente, durante séculos, de uma vida de oração e estudo. Neste lugar emblemático, razão e fé fundiram-se harmoniosamente na pedra austera para modelar um dos monumentos mais renomados de Espanha.
Saúdo também com particular afeto a todos os que participaram, nestes dias, do Congresso Mundial das Universidades Católicas, em Ávila, sob o lema: “Identidade e missão da Universidade Católica”.
Encontrar-me aqui no vosso meio faz-me recordar os meus primeiros passos como professor na Universidade de Bonn. Quando ainda se sentiam as feridas da guerra e eram muitas as carências materiais, a tudo supria o encanto de uma atividade apaixonante, o trato com colegas das diversas disciplinas e o desejo de dar resposta às inquietações últimas e fundamentais dos alunos. Esta universitas, que então vivi, de professores e estudantes que procuram, juntos, a verdade em todos os saberes ou – como diria Afonso X, o Sábio – esse “ajuntamento de mestres e escolares com vontade e capacidade para aprender os saberes” (Sete Partidas, partida II, título XXXI), clarifica o sentido e mesmo a definição da Universidade.
No lema da presente Jornada Mundial da Juventude – “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (cf. Col 2, 7) –, podeis também encontrar luz para compreender melhor o vosso ser e ocupação. Neste sentido, como escrevi aos jovens na Mensagem preparatória para estes dias, os termos “enraizados, edificados e firmes” falam de alicerces seguros para a vida (cf. n. 2).
Mas onde os jovens poderão encontrar estes pontos de referência numa sociedade vacilante e instável? Às vezes pensa-se que a missão de um professor universitário seja hoje, exclusivamente, a de formar profissionais competentes e eficientes que satisfaçam as exigências laborais de cada período concreto. Diz-se também que a única coisa que se deve privilegiar, na presente conjuntura, é a capacitação meramente técnica. Sem dúvida, prospera na atualidade esta visão utilitarista da educação mesmo universitária, difundida especialmente a partir de âmbitos extra-universitários. Contudo vós que vivestes como eu a Universidade e que a viveis agora como docentes, sentis certamente o anseio de algo mais elevado que corresponda a todas as dimensões que constituem o homem. Como se sabe, quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos: desde os abusos de uma ciência que não reconhece limites para além de si mesma, até ao totalitarismo político que se reanima facilmente quando é eliminada toda a referência superior ao mero cálculo de poder. Ao invés, a genuína ideia de universidade é que nos preserva precisamente desta visão reducionista e distorcida do humano.
Com efeito, a universidade foi, e deve continuar sendo, a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana. Por isso, não é uma casualidade que tenha sido precisamente a Igreja quem promoveu a instituição universitária; é que a fé cristã nos fala de Cristo como o Logos por Quem tudo foi feito (cf. Jo 1, 3) e do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Esta boa nova divisa uma racionalidade em toda a criação e contempla o homem como uma criatura que compartilha e pode chegar a reconhecer esta racionalidade. Deste modo, a universidade encarna um ideal que não deve ser desvirtuado por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a uma lógica utilitarista de simples mercado, que olha para o homem como mero consumidor.
Aqui está a vossa importante e vital missão. Sois vós que tendes a honra e a responsabilidade de transmitir este ideal universitário: um ideal que recebestes dos vossos mais velhos, muitos deles humildes seguidores do Evangelho e que, como tais, se converteram em gigantes do espírito. Devemos nos sentir seus continuadores, numa história muito diferente da deles mas cujas questões essenciais do ser humano continuam a exigir a nossa atenção convidando-nos a ir mais longe. Sentimo-nos unidos a eles, nesta cadeia de homens e mulheres que se devotaram a propor e a valorizar a fé perante a inteligência dos homens. E, para fazê-lo, não basta ensiná-lo, é preciso vivê-lo, encarná-lo, à semelhança do Logos que também se encarnou para estabelecer a sua morada entre nós. Neste sentido, os jovens precisam de mestres autênticos: pessoas abertas à verdade total nos diversos ramos do saber, capazes de escutar e viver dentro de si mesmos este diálogo interdisciplinar; pessoas convencidas sobretudo da capacidade humana de avançar a caminho da verdade. A juventude é tempo privilegiado para a busca e o encontro com a verdade. Como já disse Platão: “Busca a verdade enquanto és jovem, porque, se o não fizeres, depois escapar-te-á das mãos” (Parmênides, 135d). Esta sublime aspiração é o que de mais valioso podeis transmitir, pessoal e vitalmente, aos vossos estudantes, e não simplesmente algumas técnicas instrumentais e anônimas nem alguns dados frios e utilizáveis apenas funcionalmente.
Por isso, encarecidamente vos exorto a não perderdes jamais tal sensibilidade e encanto pela verdade, a não esquecerdes que o ensino não é uma simples transmissão de conteúdos, mas uma formação de jovens a quem deveis compreender e amar, em quem deveis suscitar aquela sede de verdade que possuem no mais fundo de si mesmos e aquele anseio de superação. Sede para eles estímulo e fortaleza.
Para isso, é preciso ter em conta, em primeiro lugar, que o caminho para a verdade completa compromete o ser humano na sua integralidade: é um caminho da inteligência e do amor, da razão e da fé. Não podemos avançar no conhecimento de algo, se não nos mover o amor; nem tampouco amar uma coisa em que não vemos racionalidade; porque “não aparece a inteligência e depois o amor: há o amor rico de inteligência e a inteligência cheia de amor” (Caritas in veritate, 30). Se estão unidos a verdade e o bem, o estão igualmente o conhecimento e o amor. Desta unidade deriva a coerência de vida e pensamento, a exemplaridade que se exige de todo o bom educador.
Em segundo lugar, temos que considerar que a verdade em si mesma está para além do nosso alcance. Podemos procurá-la e aproximar-nos dela, mas não possui-la totalmente; antes, é ela que nos possui e estimula. Na atividade intelectual e docente, a humildade é também uma virtude indispensável, pois protege da vaidade que fecha o acesso à verdade. Não devemos atrair os estudantes para nós mesmos, mas encaminhá-los para essa verdade que todos procuramos. Nisto vos ajudará o Senhor, que vos propõe ser simples e eficazes como o sal, ou como a lâmpada que dá luz sem fazer ruído (cf. Mt 5, 13).
Tudo isto nos convida a voltar incessantemente o olhar para Cristo, em cujo rosto resplandece a Verdade que nos ilumina; mas que é também o Caminho que leva à plenitude sem fim, fazendo-Se caminhante conosco e sustentando-nos com o seu amor. Radicados nEle, sereis bons guias dos nossos jovens. Com esta esperança, coloco-vos sob o amparo da Virgem Maria, Sede da Sabedoria, para que Ela vos faça colaboradores do seu Filho com uma vida repleta de sentido para vós mesmos, e fecunda de frutos, tanto de conhecimento como de fé, para vossos alunos. Muito obrigado.

* Extraído do site do Vaticano, do dia 19 de agosto de 2011. Revisado e adaptado por Paulo R. A. Pacheco.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A consciência moral pressupõe a capacidade de escutar a voz da verdade

Bento XVI

Angelus

Palácio Apostólico de Castel Gandolfo
Domingo, 24 de julho de 2011

Caros irmãos e irmãs!
Hoje, na Liturgia, a Leitura do Antigo Testamento nos apresenta a figura do rei Salomão, filho e sucessor de Davi. É apresentado quando do início de seu reino, quando ainda era muito jovem. Salomão herdou uma tarefa muito difícil, e a responsabilidade que carregava nas suas costas era grande demais para um jovem soberano. Logo no início, ele ofereceu a Deus um sacrifício solene – “mil holocaustos”, diz a Bíblia. Então, o Senhor lhe apareceu numa visão noturna e prometeu conceder-lhe aquilo que havia pedido em sua oração. E aqui se vê a grandeza de espírito de Salomão: ele não pede uma vida longa, nem riquezas, nem a eliminação dos inimigos; diz, ao invés, ao Senhor: “Dai, pois, ao vosso servo um coração sábio, capaz de julgar o vosso povo e discernir entre o bem e o mal” (1Re 3, 9). E o Senhor respondeu à sua oração, de forma que Salomão se tornou célebre em todo o mundo pela sua sabedoria e pelos seus julgamentos retos.
Ele, portanto, rezou a Deus pedindo “um coração sábio”. O que significa esta expressão? Sabemos que, na Bíblia, o “coração” indica não só uma parte do corpo, mas o centro da pessoa, a sede das suas intenções e dos seus juízos. Podemos dizer: a consciência. “Coração sábio”, então, significa uma consciência que sabe escutar, que é sensível à voz da verdade, e por isto é capaz de discernir o bem do mal. No caso de Salomão, o pedido é motivado pela responsabilidade de guiar uma nação, Israel, o povo que Deus escolheu para manifestar ao mundo o seu desígnio de salvação. O rei de Israel, por isso, deve buscar sempre estar em sintonia com Deus, escutando a sua Palavra, para guiar o povo pelos caminhos do Senhor, pelo caminho da justiça e da paz. Mas, o exemplo de Salomão vale para todo homem. Cada um de nós tem uma consciência para ser, em certo sentido, um “rei”, ou seja, para exercer a grande dignidade humana de agir segundo a consciência reta, colocando o bem em ação e evitando o mal. A consciência moral pressupõe a capacidade de escutar a voz da verdade, de ser dóceis às suas indicações. As pessoas chamadas a tarefas de governo naturalmente têm uma responsabilidade a mais e, portanto – como ensina Salomão –, têm ainda mais necessidade da ajuda de Deus. Mas, cada um tem a sua parte na concreta situação em que se encontra. Uma mentalidade errada nos sugere que peçamos a Deus coisas ou condições favoráveis; na realidade, a verdadeira qualidade da nossa vida e da vida social depende da consciência reta de cada um, da capacidade de cada um e de todos reconhecerem o bem, separando-o do mal, e de buscarem pacientemente colocá-lo em ação e, dessa forma, contribuir para a justiça e para a paz. 
Peçamos, para isto, a ajuda da Virgem Maria, Sede de Sabedoria. O seu “coração” é perfeitamente “dócil” à vontade do Senhor. Mesmo sendo uma pessoa humilde e simples, Maria é uma rainha aos olhos de Deus, e como tal nós a veneramos. A Virgem Santa nos ajude também a formarmos, com a graça de Deus, uma consciência sempre aberta à verdade e sensível à justiça, para servir ao Reino de Deus.

Depois do Angelus

Caros irmãos e irmãs,
Uma vez mais, infelizmente, chegam notícias de morte e de violência. Todos experimentamos uma profunda dor pelos graves atos terroristas que aconteceram na última sexta-feira na Noruega. Rezemos pelas vítimas, pelos feridos e por seus entes queridos. Quero repetir a todos o premente apelo a abandonar, para sempre, o caminho do ódio e fugir às lógicas do mal. 

* Extraído do site do Vaticano, do dia 24 de julho de 2011. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.