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domingo, 1 de abril de 2012

Sejamos como mantos estendidos a Seus pés


Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
Homilia do Papa Bento XVI
Praça de São Pedro
XXVII Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 1 de Abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs!
O Domingo de Ramos é o grande portal de entrada na Semana Santa, a semana em que o Senhor Jesus caminha até ao ponto culminante da sua existência terrena. Ele sobe a Jerusalém para dar pleno cumprimento às Escrituras e ser pregado no lenho da cruz, o trono de onde reinará para sempre, atraindo a Si a humanidade de todos os tempos e oferecendo a todos o dom da redenção. Sabemos, pelos Evangelhos, que Jesus Se encaminhara para Jerusalém juntamente com os Doze e que, pouco a pouco, se foi unindo a eles uma multidão cada vez maior de peregrinos. São Marcos refere que, já à saída de Jericó, havia uma “grande multidão” que seguia Jesus (cf. Mc 10, 46).
Nesta última parte do percurso, tem lugar um acontecimento singular, que aumenta a expectativa sobre aquilo que está para suceder, fazendo com que a atenção geral se concentre ainda mais em Jesus. À saída de Jericó, na beira do caminho, está sentado pedindo esmola um cego, chamado Bartimeu. Quando ouve dizer que Jesus de Nazaré estava chegando, começa a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10, 47). Procuram silenciá-lo, mas sem sucesso; por fim Jesus manda-o chamar, convidando-o a aproximar-se. “O que queres que Eu te faça?” – pergunta-lhe. E ele: “Mestre, que eu veja!” (v. 51). Jesus responde: “Vai, a tua fé te curou”. Bartimeu recuperou a vista e começou a seguir Jesus pela estrada (cf. v. 52). Depois deste sinal prodigioso precedido pela invocação “Filho de Davi”, de repente levanta-se um frêmito de esperança messiânica no meio da multidão, fazendo com que muitos se perguntassem: Poderia este Jesus, que caminhava à sua frente para Jerusalém, ser o Messias, o novo Davi? Porventura teria chegado, com esta sua entrada já iminente na cidade santa, o momento em que Deus iria finalmente restaurar o reino de Davi?
Também a preparação da entrada, combinada por Jesus com os seus discípulos, ajuda a aumentar esta esperança. Como ouvimos no Evangelho de hoje (cf. Mc 11,1-10), Jesus chega a Jerusalém vindo de Betfagé e do Monte das Oliveiras, isto é, seguindo a estrada por onde deveria vir o Messias. De Betfagé, Ele envia à sua frente dois discípulos, com a ordem de Lhe trazerem um jumentinho que encontrarão no caminho. De fato encontram o jumentinho, soltam-no e levam-no a Jesus. Naquele momento, o entusiasmo apodera-se dos discípulos e também dos outros peregrinos: pegam nos seus mantos e colocam-nos uns sobre o jumentinho e outros estendidos no caminho por onde Jesus passa montado no jumento. Depois cortam ramos das árvores e começam a apregoar expressões do Salmo 118, antigas palavras de bênção dos peregrinos que, naquele contexto, se tornam uma proclamação messiânica: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!” (vv. 9-10). Esta aclamação festiva, transmitida pelos quatro evangelistas, é um brado de bênção, um hino de exultação: exprime a convicção unânime de que, em Jesus, Deus visitou o seu povo e que o Messias ansiado finalmente chegou. E todos permanecem lá, numa crescente expectativa da ação que Cristo realizará quando entrar na sua cidade.
Mas qual é o conteúdo, o sentido mais profundo deste grito de júbilo? A resposta nos é dada pela Escritura no seu conjunto, quando nos lembra que no Messias se cumpre a promessa da bênção de Deus, a promessa feita por Deus originariamente a Abraão, o pai de todos os crentes: “Farei de ti um grande povo e te abençoarei (...). Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” (Gen 12, 2-3). Trata-se de uma promessa que Israel mantivera sempre viva na oração, especialmente na oração dos Salmos. Por isso, Aquele que a multidão aclama como o Bendito é, ao mesmo tempo, Aquele em quem será abençoada a humanidade inteira. Assim, na luz de Cristo, a humanidade reconhece-se profundamente unida e, de certo modo, envolvida pelo manto da bênção divina, uma bênção que tudo permeia, tudo sustenta, tudo redime, tudo santifica.
E aqui podemos descobrir uma primeira grande incumbência que nos chega da festa de hoje: o convite a adotar a visão reta sobre a humanidade inteira, sobre os povos que formam o mundo, sobre suas diversas culturas e civilizações. A visão que o crente recebe de Cristo é um olhar de bênção: um olhar sapiencial e amoroso, capaz de captar a beleza do mundo e condoer-se da sua fragilidade. Nesta visão, manifesta-se o próprio olhar de Deus sobre os homens que Ele ama e sobre a criação, obra das suas mãos. Lemos no Livro da Sabedoria: “De todos tens compaixão, porque tudo podes, e fechas os olhos aos pecados dos mortais, para que se arrependam. Sim, amas tudo o que existe e não desprezas nada do que fizeste; (...) a todos, porém, tratas com bondade, porque tudo é teu, Senhor amigo da vida” (Sb 11, 23-24.26).
Voltando à passagem do Evangelho de hoje, perguntemo-nos: Que pensavam, realmente, em seus corações aqueles que aclamam Cristo como Rei de Israel? Certamente tinham a sua ideia própria do Messias, uma ideia do modo como devia agir o Rei prometido pelos profetas e há muito esperado. Não foi por acaso que a multidão em Jerusalém, poucos dias depois, em vez de aclamar Jesus, grita para Pilatos: “Crucifica-O!”, enquanto os próprios discípulos e os outros que O tinham visto e ouvido ficam mudos e confusos. Na realidade, a maioria ficara desapontada com o modo escolhido por Jesus para Se apresentar como Messias e Rei de Israel. É precisamente aqui que se situa o ponto fulcral da festa de hoje, mesmo para nós. Para nós, quem é Jesus de Nazaré? Que ideia temos do Messias, que ideia temos de Deus? Esta é uma questão crucial, que não podemos evitar, até porque, precisamente nesta semana, somos chamados a seguir o nosso Rei que escolhe a cruz como trono; somos chamados a seguir um Messias que não nos garante uma felicidade terrena fácil, mas a felicidade do céu, a bem-aventurança de Deus. Por isso devemos perguntar-nos: Quais são as nossas reais expectativas? Quais são os desejos mais profundos que nos animaram a vir aqui, hoje, celebrar o Domingo de Ramos e iniciar a Semana Santa?
Queridos jovens, aqui reunidos! Em todos os lugares da terra onde a Igreja está presente, este Dia é especialmente dedicado a vós. Por isso, vos saúdo com muito carinho! Que o Domingo de Ramos possa ser para vós o dia da decisão: a decisão de acolher o Senhor e segui-Lo até ao fim, a decisão de fazer da sua Páscoa de morte e ressurreição o sentido da vossa vida de cristãos. Tal é a decisão que leva à verdadeira alegria, como quis recordar na Mensagem aos Jovens para este seu Dia – “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fil 4, 4) –, e como se vê na vida de Santa Clara de Assis, que há oitocentos anos – exatamente no Domingo de Ramos –, movida pelo exemplo de São Francisco e dos seus primeiros companheiros, deixou a casa paterna para consagrar-se totalmente ao Senhor: com dezoito anos, teve a coragem da fé e do amor para se decidir por Cristo, encontrando nEle a alegria e a paz.
Queridos irmãos e irmãs, dois sentimentos nos animem particularmente nestes dias: o louvor, como fizeram aqueles que acolheram Jesus em Jerusalém com o seu “Hosana”; e a gratidão, porque, nesta Semana Santa, o Senhor Jesus renovará o dom maior que se possa imaginar: dar-nos-á a Sua vida, o Seu corpo e o Seu sangue, o Seu amor. Mas um dom assim tão grande exige que o retribuamos adequadamente, ou seja, com o dom de nós mesmos, do nosso tempo, da nossa oração, do nosso viver em profunda comunhão de amor com Cristo que sofre, morre e ressuscita por nós. Os antigos Padres da Igreja viram um símbolo de tudo isso num gesto das pessoas que acompanhavam Jesus na sua entrada em Jerusalém: o gesto de estender os mantos diante do Senhor. O que devemos estender diante de Cristo – diziam os Padres – é a nossa vida, ou seja, a nós mesmos, em sinal de gratidão e adoração. Para concluir, escutemos o que diz um desses antigos Padres, Santo André, Bispo de Creta: “Em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de arbustos que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu vigor, prostremo-nos nós mesmos aos pés de Cristo, revestidos da sua graça, ou melhor, revestidos dEle mesmo (…); sejamos como mantos estendidos a Seus pés (…), para oferecermos ao vencedor da morte não já ramos de palmeira, mas os troféus da sua vitória. Agitando os ramos espirituais da alma, aclamemo-Lo todos os dias, juntamente com as crianças, dizendo estas santas palavras: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel’” (PG 97, 994). Amém!

* Extraído do site do Vaticano, do dia 1 de abril de 2012. Revisado e adaptado por Paulo R. A. Pacheco.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Obrigado... porque eterno é Teu amor!


Terminado o ano, só resta dizer "obrigado"... lembrando as maravilhas que, com Seu amor, Ele me fez.

Sl 136 (135)
Aleluia! Louvai o Senhor, pois Ele é bom
pois eterno é Seu amor.
Louvai o Deus dos deuses
pois eterno é Seu amor.
Louvai o Senhor dos senhores
pois eterno é Seu amor.
Só Ele fez grandes maravilhas
pois eterno é Seu amor.
Criou os céus com sabedoria
pois eterno é Seu amor.
Firmou a terra sobre as águas
pois eterno é Seu amor.
Fez os grandes luminares
pois eterno é Seu amor.
O sol para governar o dia
pois eterno é Seu amor.
A lua e as estrelas para governar a noite
pois eterno é Seu amor.
Feriu o Egito nos seus primogênitos
pois eterno é Seu amor.
Tirou Israel do meio deles
pois eterno é Seu amor.
Com mão poderosa e braço estendido
pois eterno é Seu amor.
Dividiu o mar Vermelho em duas partes
pois eterno é Seu amor.
Fez Israel passar no seu meio
pois eterno é Seu amor.
Lançou ao mar Vermelho o faraó e seu exército
pois eterno é Seu amor.
Guiou o Seu povo no deserto
pois eterno é Seu amor.
Feriu grandes soberanos
pois eterno é Seu amor.
Matou reis poderosos
pois eterno é Seu amor.
Seon, rei dos amorreus
pois eterno é Seu amor.
Og, rei de Basã
pois eterno é Seu amor.
Deu como herança o país deles
pois eterno é Seu amor.
Como herança a Seu servo, Israel
pois eterno é Seu amor.
Na nossa humilhação lembrou-Se de nós
pois eterno é Seu amor.
Libertou-nos dos nossos inimigos
pois eterno é Seu amor.
Dá o alimento a todo ser vivo
pois eterno é Seu amor.
Louvai o Deus do céu
pois eterno é Seu amor.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cartas do P.e Aldo 199

Asunción, 30 de junho de 2011.

Caros amigos,
Nestes dias, tive a graça de completar 40 anos de sacerdócio. Uma vida na qual é evidente o manifestar-se de que se realiza uma grande certeza: “Antes que te formasses no seio de tua mãe, eu pronunciei o teu nome”, “amei-te de um amor eterno, tendo piedade do teu nada”.
Por isto, desejei que todos os amigos, unidos a mim nestes dias, cantassem “cantarei eternamente a Sua Misericórdia”, porque esta experiência de Misericórdia que encontrou o seu ápice naquele abraço do Gius está na origem, não apenas do renascimento do meu eu, mas também na origem daquilo que a Infinita Misericórdia de Deus está realizando em meio a este meu povo. Agradeço a todos que, com a oração e também com a ajuda econômica em favor dos meus filhos – que crescem cada vez mais, apesar de serem vítimas de tanta violência- me acompanham.
Obrigado e boas férias... mas não se esqueçam de quem precisa até mesmo de apenas um pedaço de pão. “De que vale a vida se não for para ser dada?”, nos lembra Claudel.
E isto é a minha grande alegria... que tem como origem “eu sou Tu que me fazes”, o viver com o olhar fixo no Mistério.
Com afeto,
Padre Aldo

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cartas do P.e Aldo 194

Asunción, 27 de maio de 2011.

Caros amigos,
De volta da Itália, agradeço de coração a todas as pessoas que encontrei e, particularmente, os tantos, tantíssimos testemunhos da Ressurreição de Cristo, tanto de doentes como de pessoas em outras condições difíceis. De fato, como nos lembrava Carrón, citando São Paulo, “nenhum dom de Graça nos falta mais”.
A alegria de ver pessoas mudadas, seguindo Carrón, me enche o coração de esperança e de energia. Uma vez mais se confirmou que o problema não é ir para o Paraguai, para o Brasil ou para a África, mas seguir aquela companhia na qual Deus o colocou e na qual é evidente a experiência do carisma, com o mundo do coração.
Não há condição privilegiada, é a realidade nas circunstâncias na qual Deus nos colocou e nos coloca. Eu vim para o Paraguai porque Giussani me mandou, mas não para o mal do Paraguai ou da América Latina como tantos têm.
Uma pessoa que viva aí o carisma, seguindo Carrón, não sente saudade do Paraguai. Vi coisas do outro mundo e frequentemente me perguntei: mas, quantos veem isso? Vi os sinais da vitória de Cristo em todos os lugares por onde passei e uma pessoa estaria ali sempre, olhando para esses sinais, desejando pertencer àqueles lugares. De verdade, me senti em casa, porque se a pessoa olha para onde Carrón olha, identificando-se com a sua experiência, a vida floresce, as obras se tornam a presença dos “vivos” num mundo de mortos.
Obrigado de coração, porque vi um movimento de pessoas vivas que me marcaram. E quem vive assim aí na Itália, vive aqui comigo mesmo se nunca vier me ver. E vice-versa: ninguém escapa daquilo que não existe. Agradeço também àqueles que, com seu sacrifício, continuam ajudando a Providência, para poder terminar o hospital e a escola, particularmente às crianças das escolas que visitei.
Em nome dos meus doentes e de todos, agradeço a vocês de coração. Para mim, mendigar é mendigar Cristo, mendigar o Seu amor, porque o objetivo da vida é ser dada.
Rezamos por todos vocês, caros amigos e benfeitores que nos ajudam. Obrigado.
Padre Aldo

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

No Menino de Belém, gratidão e missão...


Homilia do Santo Padre Bento XVI

Sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Caros irmãos e irmãs!
No final de um ano, encontramo-nos nesta noite, na Basílica Vaticana, para celebrar as Primeiras Vésperas da solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, e elevar um hino de gratidão ao Senhor pelas inumeráveis graças que nos deu, mas também e sobretudo pela Graça em pessoa, ou seja, pelo Dom vivo e pessoal do Pai, que é o Filho seu predileto, o Senhor nosso Jesus Cristo. Exatamente esta gratidão pelos dons recebidos de Deus no tempo que nos é dado viver nos ajuda a descobrir um grande valor inscrito no tempo: marcado por seus ritmos anuais, mensais, semanais e cotidianos, ele é habitado pelo amor de Deus, pelos seus dons de graça; é tempo de salvação. Sim, o Deus eterno entrou e permanece no tempo do homem. Entrou e permanece nele com a pessoa de Jesus, o Filho de Deus feito homem, o Salvador do mundo. É o que nos foi recordado pelo apóstolo Paulo na breve leitura que acabamos de proclamar: “Quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho (...) para que recebêssemos a sua adoção” (Gal 4, 4-5).
Portanto, o Eterno entra no tempo e o renova a partir da raiz, libertando o homem do pecado e tornando-o filho de Deus. Desde “o princípio”, ou seja, com a criação do mundo e do homem no mundo, a eternidade de Deus fez o tempo florescer, no qual transcorre a história humana, de geração em geração. Ora, com a vinda de Cristo e com a sua redenção, estamos “na plenitude” do tempo. Como ressalta São Paulo, com Jesus o tempo se faz pleno, atinge a sua realização, adquirindo aquele significado de salvação e de graça querido por Deus antes mesmo da criação do mundo. O Natal nos chama a atenção para esta “plenitude” do tempo, ou seja, para a salvação renovadora trazida por Jesus a todos os homens. Chama-nos a atenção para isso e, misteriosa e realmente, no-la dá sempre de novo. O nosso tempo humano é tão carregado de males, de sofrimentos, de dramas de todos os tipos – daqueles provocados pela maldade dos homens até àqueles que derivam dos infelizes eventos naturais –, mas guarda, desde sempre e de maneira definitiva e indelével, a novidade feliz e libertadora de Cristo salvador. Exatamente no Menino de Belém podemos contemplar de modo particularmente luminoso e eloquente o encontro da eternidade com o tempo, como a liturgia da Igreja gosta de se exprimir. O Natal nos faz encontrar Deus na carne humilde e frágil de um menino. Não há aqui, talvez, um convite a para encontrar a presença de Deus e do seu amor que dá a salvação mesmo nas breves e  cansativas horas da nossa vida cotidiana? Não seria este, talvez, um convite a descobrir que o nosso tempo humano – mesmo nos momentos difíceis e pesados – é incessantemente enriquecido pelas graças do Senhor, ou melhor, pela Graça que é o Senhor mesmo?
Ao final deste ano de 2010, antes de entregar os dias e as horas a Deus e ao seu juízo justo e misericordioso, sinto mais viva no coração a necessidade de elevar o nosso “obrigado” a Ele e ao seu amor por nós. Neste clima de reconhecimento, desejo saudar particularmente o Cardeal Vigário, os Bispos Auxiliares, os sacerdotes, as pessoas consagradas, assim como os tantos fiéis leigos aqui reunidos. Saúdo o Senhor Prefeito e as Autoridades presentes. Uma recordação especial aos que estão em dificuldade e vivem, entre inconvenientes e sofrimentos, estes dias de festa. A todos e a cada um o meu afetuoso pensamento, que acompanho com a oração.
Caros irmãos e irmãs, a nossa Igreja de Roma está empenhada em ajudar a todos os batizados a viver fielmente a vocação que receberam e a testemunhar a beleza da fé. Para poder ser autênticos discípulos de Cristo, uma ajuda essencial no vem da meditação cotidiana da Palavra de Deus que, como escrevi na recente Exortação Apostólica Verbum Domini, “é a base de toda autêntica espiritualidade cristã” (n. 86). Por isto, desejo encorajar a todos a cultivar um intenso relacionamento com ela, particularmente através da lectio divina, para ter aquela luz necessária para discernir os sinais de Deus no tempo presente e para proclamar eficazmente o Evangelho. Mesmo em Roma, de fato, há sempre mais uma necessidade de um renovado anúncio do Evangelho, para que os corações dos habitantes da nossa cidade se abram ao encontro com aquele Menino que nasceu por nós, com Cristo, Redentor do homem. Visto que, como recorda o Apóstolo Paulo, “a fé vem da escuta e a escuta diz respeito à palavra de Cristo” (Rm 10, 17), uma ajuda útil a esta ação evangelizadora pode vir – como já foi experimentado durante a Missão Cidadã em preparação do Grande Jubileu do ano 2000 – dos “Centros de escuta do Evangelho”, que eu encorajo a fazer renascer ou a revitalizar não apenas nos condomínios, mas também nos hospitais, nos lugares de trabalho e naqueles onde se formam as novas gerações e se elabora a cultura. O Verbo de Deus, de fato, se fez carne para todos e a sua verdade é acessível a cada homem e a toda cultura. Tomei conhecimento, com prazer, do último empenho do Vicariado na organização dos “Diálogos na Catedral”, que transcorrerão na Basílica de São João de Latrão: estes encontros significativos exprimem o desejo da Igreja de encontrar todos aqueles que estão em busca de respostas às grandes perguntas da existência humana.
O lugar privilegiado para a escuta da Palavra de Deus é a celebração da Eucaristia. O Encontro diocesano de junho passado, do qual participei, quis evidenciar a centralidade da Santa Missa dominical na vida de toda comunidade cristã e ofereceu indicações para que a beleza dos divinos mistérios possa resplandecer ainda mais no ato celebrativo e nos frutos espirituais que deles derivam. Encorajo os párocos e os sacerdotes a colocarem em ação aquilo que foi indicado no programa pastoral: a formação de um grupo litúrgico que anime as celebrações, e uma catequese que ajude a todos a conhecerem ainda mais o mistério eucarístico, de onde jorra o testemunho da caridade. Nutridos por Cristo, também nós somos atraídos ao mesmo ato de oferta total, que impulsionou o Senhor a dar a própria vida, revelando dessa forma o imenso amor do Pai. O testemunho da caridade possui, portanto, uma dimensão essencial teologal e é profundamente unida ao anúncio da Palavra. Nesta celebração de agradecimento a deus pelos dons recebidos durante o ano, lembro de modo particular a visita que fiz ao Albergue da Caritas na Estação Termini onde, através do serviço e da generosa dedicação de numerosos voluntários, tantos homens e mulheres podem experimentar concretamente o amor de Deus. O momento presente ainda gera preocupação pela precariedade na qual vivem tantas famílias e pede a toda a comunidade diocesana para ficar próxima daqueles que vivem em condições de pobreza e de desconforto. Deus, infinito amor, inflame o coração de cada um de nós com aquela caridade que o impulsionou a dar-nos o seu Filho unigênito.
Caros irmãos e irmãs, somos convidados a olhar para o futuro e para olhá-lo com aquela esperança que é  palavra final do Te Deum: “In te, Domine, speravi: non confundar in aeternum! – Senhor, Tu és a nossa esperança, nunca seremos confundidos!”. Quem nos dá Cristo, nossa Esperança, é sempre ela, a Mãe de Deus: Maria Santíssima. Como, naquele tempo, aos Pastores e aos Magos, os seus braços e ainda mais o seu coração continuem a oferecer ao mundo Jesus, seu Filho e nosso Salvador. NEle está toda a nossa esperança, porque dEle vieram, para todos os homens, a salvação e a paz. Amém!

* Texto extraído do site do Vaticano, do dia 31 de dezembro de 2010. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

Cartas do P.e Aldo 174

Asunción, 30 de dezembro de 2010.

“Cantarei eternamente a Tua misericórdia, ó Senhor”
Olhando para este ano que me foi dado, como todos os outros 64 anos que já pertencem à minha história, uma história cheia de misérias, de fragilidade e de graça, estas palavras do salmista saem, quase como um soluço de alegria, de dentro do meu coração.
Quando me ordenaram sacerdote, olhando para a minha fragilidade, para a minha desobediência, para a minha incapacidade intelectual, coloquei no santinho, me lembro, a frase de São Francisco de Assis: “Aceita-me como sou e faz-me como queres”.
Quando fiz 25 anos de sacerdote, há quase 15 anos atrás, deixei para os amigos como recordação a frase: “Cantarei eternamente a Tua misericórdia, Senhor”.
O que pode haver de mais comovente, de mais humano, no fim de cada ano, assim como de cada dia, do que reconhecer que a misericórdia do Senhor não apenas é eterna, como também é a razão mesma do meu ser, do meu existir! O que pode haver de mais belo, no fim deste ano, cheio de fragilidade, de miséria, do que poder reconhecer como São Paulo que “onde abundou o pecado, superabundou a graça!”. Que graça, meu Deus, reconhecer que sou pecador, reconhecer que Te fizestes homem, meu Deus, graças aos meus pecados; reconhecer que se eu fosse um ser coerente, perfeito, honesto, bom, cheio de valores, Tu, meu Deus, não te terias feito carne para mim e para os meus irmãos pecadores!
Que maravilha, Senhor, ver-Te descer do céu e tomar a minha carne, o meu sangue, os meus pecados, para mostrar-me como sou pecador aos Teus olhos, quão grande é a Tua estima por mim, porque eu sou Teu, como nos lembra o profeta Isaías! Que dor, ó Jesus, me provocam aqueles homens que, para eliminar-Te da própria história, se afanam para construir sistemas perfeitos para anular a Tua presença no mundo dos pecadores!
Que angústia, ó Jesus, experimento, dia após dia, quando os meus irmãos, mesmo os sacerdotes como eu, preocupados em propor uma moral, uma ética, um compromisso social, convencidos de que isto seja o cristianismo, esquecem-se de que o cristianismo é Tu, ó Jesus, presente hoje entre e conosco!
Por que, ó Jesus, temos vergonha de Ti, a Igreja tem vergonha de Ti? Por que, ó Jesus, não levamos a sério as reiteradas palavras do Santo Padre que convidam à conversão, conversão que significa dizer “Tu, ó meu Cristo”?
Por que, como escutamos, nos últimos dias, da boca de quem “governa” este país, não reconhecemos que não estamos mais no Antigo Testamento, esperando o Messias, o mundo novo, mas que o mundo novo é um fato, um Presente? Por que não reconhecer a Tua Presença que age hoje na Igreja, casta meretrice, nos traços de milhares e milhares de pessoas que são o sinal vivo da Tua Presença?
A cristandade não é algo que começa agora, como afirma ideologicamente uma certa teologia da libertação no nosso país, porque finalmente chegou ao poder, ma é um Fato Presente há 2000 anos.
O menino não deve nascer, nasceu, nasce em cada momento na santidade de quem Te reconhece, ó Cristo, como a razão última da vida, o fim último da existência.
Por este motivo, neste fim de ano, o meu coração e o de muitos amigos, os amigos de Jesus, como o Papa define os cristãos, queremos agradecer-Te, porque, graças aos nossos pecados, Tu te fizeste carne por mim e por todos os homens.
Ó Jesus, peço-Te que acabe em mim e em todos o escândalo pelas nossas misérias, acabe em nós a mania pelos valores, o orgulho de sermos os primeiros da sala e o orgulho de sermos os protagonistas, sem Tu, da utopia de um mundo melhor.
Ó Jesus, peço-te que a Tua graça me ilumine, nos ilumine, para que tomemos consciência de que o ideal pelo qual viver não é a coerência mas a pertença a Ti, como uma criança pertence aos seus pais e, deste modo, cresce feliz.
Este ano foi grande porque grande foi a experiência da Tu infinita misericórdia que, na confissão semanal, ou mais de uma vez por semana, se tornou palpável, visível, enchendo-me de alegria.
Senhor, “eu não sou digno de que Tu entres em minha morada, mas basta uma palavra Tua e a minha alma será curada”.
Por este motivo, as palavras que mais me comoveram durante este ano foram aquelas do sacerdote que, frequentemente, traçando sobre mim o sinal da cruz, me dizia: “Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.
"Te Deum laudamus: te Dominum confitemur... In te, Domine, speravi: non confundar in aeternum".
Padre Aldo

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Comentário ao evangelho do dia

Evangelho - Lc 17,11-19
Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, e gritaram: "Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!". Ao vê-los, Jesus disse: "Ide apresentar-vos aos sacerdotes". Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: "Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?". E disse-lhe: "Levanta-te e vai! Tua fé te salvou".

Comentário feito por São Francisco de Assis (1182-1226)
fundador dos  Frades Menores 

Todo-poderoso, santíssimo, altíssimo e soberano Deus, Pai santo e justo, Senhor, Rei do céu e da terra, por Ti a Ti damos graças, pois que, por Tua santa vontade, e por Teu Filho unigênito, com o Espírito Santo, criaste todas as coisas espirituais e corporais. À Tua imagem e semelhança nos fizeste, o paraíso por morada nos deste, donde, por nossa culpa, caímos. 
A Ti damos graças pois que, como por Teu Filho nos criaste, assim também, pelo santo amor com que nos amaste, fizeste que Teu Filho, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nascesse da gloriosa Virgem Santa Maria, e, pela Sua cruz, Seu sangue e Sua morte, quiseste resgatar-nos a nós, os cativos. 
E a Ti damos graças porque esse mesmo Teu Filho de novo há de vir na glória da Sua majestade para lançar ao fogo eterno os malditos que recusaram converter-se e conhecer-Te e para dizer a todos quantos Te conheceram, Te adoraram e Te serviram em penitência: "Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo" (Mt 25, 34). 
E porque somos, nós todos, indigentes e pecadores, dignos não somos de pronunciar o Teu nome; aceita pois, Te suplicamos, que Nosso Senhor Jesus Cristo, Teu Filho muito amado, em Quem puseste todo o Teu agrado, com o Santo Espírito Paráclito Te dê graças por tudo, como a Ti e a Ele agradar, Ele, que é Quem sempre em tudo Te basta, Ele, por Quem tanto fizeste por nós. Aleluia!