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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Bin Laden e o perdão


Por Lorenzo Albacete

Não há dúvida de que quem sofreu na carne ou viu sofrendo algum ente querido as consequências dos ataques terroristas de 2001 a notícia da morte de Bin Laden tenha suscitado um sentimento de “saúde emotiva”. Como na reação de Lee Lelpi, um bombeiro aposentado de New York cujo filho, que também era um bombeiro, perdeu a vida no desabamento das Torres Gêmeas, e que declarou no Il Politico: “não tenho palavras; estou aqui, sentado, chorando. Temia que este dia nunca fosse chegar... mas, a justiça prevaleceu”.
Posso entender esta reação, pensando nos parentes dos hispânicos, na paróquia na qual eu trabalhava, que morreram no atentado terrorista. O que me perturba é outro tipo de reação. Tão logo se difundiu a notícia da execução de Bin Laden, no final da noite de domingo, uma multidão aplaudindo e agitando bandeiras se amontoou diante da Casa Branca. Esse encontro desencadeou uma entusiasmada expressão de alegria e de orgulho patriótico, que muitos compararam à solidariedade que uniu todos os norte-americanos no dia 11 de setembro de 2001.
Outra massa de pessoas se reuniu para festejar em New York, em torno do venerado Ground Zero. Pouco a pouco, o mesmo aconteceu por toda a nação, especialmente perto dos campi universitários, inclusive da Academia Militar de West Point. Como alguém me disse: “Parecia a comemoração da vitória de um time de futebol”.
Michael Bloomberg, prefeito de New York, tentou explicar assim estas reações: “O assassinato de Osama Bin Laden não diminui o sofrimento que os nova-iorquinos e os norte-americanos experimentaram por sua causa, mas é uma vitória muito importante para a nossa nação. Em New York, esperamos por esta notícia por quase dez anos. A minha esperança é que traga conforto e um pouco de paz a todos aqueles que perderam alguém no dia 11 de setembro de 2001”. O problema desta explicação é que os participantes destas manifestações públicas eram universitários, que tinham 10 ou 12 anos quando dos ataques terroristas, e fica difícil imaginar que tenham esperado dez anos para essa comemoração.
Uma reação semelhante foi a de Condoleezza Rice, ex-Secretária de Estado e conselheira para a segurança nacional de Bush, que definiu a notícia como “absolutamente excitante”. “O fim de Osama Bin Laden é uma vitória enorme para o povo norte-americano”, disse Rice, “nada pode fazer com que as vítimas de Bin Laden voltem à vida, mas talvez isto possa ser uma bálsamo para as feridas de seus entes queridos que sobreviveram”.
Todavia, os funcionários que agiram durante os devastantes ataques, sobretudo os de New York, saudaram a morte de Bin Laden como um triunfo, mas nunca como uma contrapartida de mesma medida das vidas perdidas nestes fatos. Outros, porém, veem o assassinato de Bin Laden como um ato divino. Um bombeiro disse: “Deus abençoe o presidente Bush e Deus abençoe o presidente Obama por isso. É um grande alívio para as famílias, tanto quanto poderiam ter. É algo de grande para nós”.
Até ao final da manhã, os automóveis, nas ruas perto da Casa Branca, marcavam ao som de buzina o seu júbilo, enquanto que os pedestres se reuniam nas esquinas, como que seguindo o convite do presidente Obama: “Esta noite, lembremo-nos do sentido de unidade que prevaleceu” no momento dos ataques terroristas. “O resultado de agora é um testemunho da grandeza de nosso país e da determinação do povo norte-americano”.
Alguns entreviram a mão da divina Providência na data da execução de Bin Laden. No dia primeiro de maio, mais ou menos na mesma hora do discurso de Obama para a nação, a rádio alemã, em 1945, anunciava a morte de Hitler; e também nesse dia, J. Edgar Hoover era nomeado chefe do FBI. Aqueles, porém, que haviam definido o ataque terrorista um juízo de Deus sobre a imoralidade americana ainda não deram o ar da graça.
No entanto, há ainda outra possível manifestação do juízo divino nesta semana: a beatificação do Papa João Paulo II, no dia primeiro de maio, durante as celebrações do Domingo da Divina Misericórdia, festa criada pelo mesmo Beato João Paulo II. Lembro-me muito bem do estupor dos norte-americanos diante da capa da Time Magazine que mostrava o Papa enquanto abraçava aquele que havia tentado assassiná-lo.
A grande palavra da semana foi “alívio”, em sentido psicológico. Agora, finalmente, podemos “curar” os nossos corações feridos. Mas, será de fato possível? Podemos, verdadeiramente, ficar satisfeitos com a justiça feita por um poder humano?
A justiça que pode trazer uma verdadeira paz para os nossos coração feridos se chama perdão e deriva da fé em Cristo, como o Beato João Paulo II nos mostrou. Esta é a Divina Misericórdia que Jesus mesmo demonstrou ao homem crucificado ao Seu lado, um criminoso que, em termos modernos, chamaríamos de terrorista.

* Extraído do IlSussidiario.net, do dia 4 de maio de 2011. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Obama e a América em preto e branco


por Lorenzo Albacete

Tudo começou com uma prisão. O sargento James Crowley da polícia de Cambridge, Massachusetts, prendeu Henry Louis Gates Jr. Diante de sua casa por “perturbação da ordem pública”. Gates é um importante professor afro-americano da Universidade de Harvard e está convencido de que, se fosse um branco, não teria sido preso na porta de casa.
A polícia chegou porque foi chamada por uma vizinha (que trabalha na revista dos ex-alunos de Harvard), que tinha visto dois indivíduos que tentavam entrar na casa de Gates. A vizinha não havia se referido a nenhum aspecto racial, mas o relatório da polícia fala de um dois negros. Com efeito, havia dois negros tentando entrar na casa: um era o próprio Gates que havia perdido as chaves de casa e outro era o motorista.
O sargento Crowley, que tem um ótimo currículo quanto ao que respeita ao relacionamento com as minorias, ficou chocado com o que ele definiu como um comportamento agressivo da parte de Gates, que estava com raiva porque atribuia ao seu ser negro o comportamento da polícia.
Assim é como e onde começou a história. Poucos dias depois, a história continua em um outra casa – a Casa Branca – em Washington, onde Gates e Crowley bebem uma cervejinha junto com o presidente dos Estados Unidos, o primeiro afro-americano a ocupar o cargo mais importante da nação. O presidente Barack Hussein (filho de um muçulmano do Quênia) não quis que a história terminasse, quis que se tornasse um “momento de aprendizado” na atual fase das relações raciais na América. O presidente se envolveu na história durante uma entrevista coletiva sobre a reforma de saúde proposta por ele ao Congresso (onde encontrou oposição mesmo dentro de seu partido, por não falar dos Republicanos, que viram nas preocupações dos americanos sobre os custos de seu programa uma oportunidade para cortar as asas do presidente).
No fim da entrevista (que, além do mais, não parece ter se dedicado muito às preocupações com a reforma), foi perguntado a Obama algo acerca da prisão de Gates. Mesmo admitindo não conhecer os detalhes do incidente, Obama definiu como “estúpido” o comportamento da polícia. Os jornalistas viram logo a possibilidade oferecida por esta resposta e se moveram como tubarões enlouquecidos pelo cheiro de sangue. (Um comentaristas que seguia a entrevista pela TV observou: “Oh, meu Deus! Assim termina a discussão sobre a saúde e de agora em diante a questão será a raça!”. Ele tinha razão).
Tanto que o presidente foi obrigado a interromper o encontro cotidiano com a imprensa na Casa Branca para fazer uma declaração pessoal na qual se dizia arrependido pela escolha das palavras, que já se havia desculpado por telefone com o sargento Crowley e que havia também falado com Gates, aparentemente disposto a abaixar os tons da polêmica.
Ambos, depois, aceitaram o convite da Casa Branca. Esta história, de fato, se tornará um “momento de aprendizado”? Se sim, o que nos ensinará? Levará a um real progresso na atormentada história das relações entre brancos e negros nos Estados Unidos ou simplesmente colocará um outro tijolo nos discursos e nos comportamentos politicamente corretos?
Para o presidente Obama, esta é uma ocasião para mostrar de novo as vantagens do seu método de “relativismo com certeza”. Será interessante ver o que acontecerá.

* Extraído do site Il Sussidiario, do dia 29 de julho de 2009. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

Caros africanos, “se virem...”!


“Vocês devem renunciar à tirania e à corrupção... os conflitos locais são uma pedra amarrada ao pescoço da África”. “O futuro da África depende dos africanos, mesmo que seja mais fácil colocar a culpa dos próprios problemas em outras pessoas... se é verdade que o Ocidente teve muitas vezes uma postura de senhorio, ele porém não é responsável pela destruição da economia do Zimbabwe, pelas guerras com as crianças-soldados, pela corrupção ou pelo tribalismo”.
Viva! Temos que agradecer com o coração na mão o presidente Obama (Leia o artigo no jornal La Stampa, clicando aqui), por ter dito aquilo que muitos missionários católicos dizem há anos; às vezes na indiferença geral e, muitas vezes, atraindo para si críticas ferozes. Pois é. Nem sempre é concedido a todos o direito de fazer afirmações “politicamente incorretas”.
Tentem imaginar o que teria acontecido se as mesmas palavras tivessem sido pronunciadas pelo predecessor de Obama - o presidente Bush -, ou pelo atual Presidente do Conselho Italiano - Silvio Berlusconi. Já dá para ver! Choveriam, de todos os lados, acusações de “cinismo”, “crueldade”, “racismo”, “violação dos direitos humanos” etc.
Também Bento XVI, na sua recente viagem, expressou conceitos muito semelhantes, chamando a atenção dos regimes corruptos para a responsabilidade pessoal, mas naquele caso tudo foi coberto por polêmicas (criadas com arte) sobre uma frase relativa ao uso de preservativos. Mas, se Obama tivesse dito a mesma coisa, não teria acontecido nada.
Melhor assim. Obrigado, Barack!... Querendo, poderia também lembrar que muitos dos africanos feitos escravos e transportados para a América foram capturados e vendidos aos europeus por outros africanos. Por exemplo, “o reino Ashanti (1570-1900), localizado na África, em uma região do Gana, prosperou graças ao ouro presente na região e, em seguida, graças ao comércio de escravos: capturavam pessoas nos regiões próximas para revendê-los como escravos aos europeus”.
Mas, tudo bem! Talvez, agora, se poderá falar serenamente sobre como calibrar as ajudas aos países em vias de desenvolvimento, de modo que sejam de fato eficazes, e não sirvam apenas para engordar o bolso de algum governo africano corrupto, ou os aparatos das agências da ONU, ou pior ainda sustentando grupos de guerrilheiros sedentos de sangue.
Talvez se começará, finalmente, a entender que – para usar as palavras da economista do Zâmbia, Dambisa Moyo – “o sustento público internacional destrói cada tentativa de reforma, de desenvolvimento, de capacidade de criar riqueza nacional e exportá-la. Alimenta a corrupção e os conflitos internos, e favorece a manutenção de longos regimes de governo”. Também um outro economista africano, o queniano James Shikwati, pensa assim: as ajudas financiam enormes burocracias, contribuem a tornar ainda maior a corrupção, sufocam a livre iniciativa, permitem aos líderes políticos ignorarem as necessidades de seus conterrâneos. Criaram uma mentalidade preguiçosa em todos os canos e habituaram os africanos a serem dependentes e mendicantes. Entre os exemplos mais clamorosos, Shikwati cita a Nigéria e a República Democrática do Congo que, apesar de suas imensas riquezas, não fizeram nada para reduzir a pobreza e fazem de tudo para serem classificadas entre as nações mais necessitadas para receberem ajudas.
Este é exatamente o paradoxo africano: quanto mais aumentam os recursos, mais a pobreza cresce. Na Nigéria, por décadas considerada a primeira produtora de petróleo da África subsaariana, 70% da população vive com menos de um dólar por dia e 92,8% com menos de 2 dólares (cf. Tempi, do dia 21/07/2009, clicando aqui).
Tudo isso não alivia os países industrializados da obrigação de olhar de frente para a realidade e assumirem a responsabilidade de ajudar os africanos, compartilhando um pleno desenvolvimento: único caminho em direção a uma autonomia real.

* Editorial de SamizdatOnLine, do dia 28 de julho de 2009, escrito por Gino. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.