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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cartas do P.e Aldo 159

Asunción, 16 de agosto de 2010.

Um verdadeiro Karai
Em um mundo de canalhas que se prostituem pelo poder, pelo dinheiro e pela luxúria, é difícil encontrar um “Karai”, particularmente no mundo da política onde o poder faz com que os homens percam a cabeça, fazendo-se de escravos, vítimas de suas ambições.
O canalha é o homem que perdeu a consciência da dignidade de homem, conformando a sua identidade ao papel que o define. É a marionete do poder, aquele que, por dinheiro, ou por aquilo que vem do dinheiro, está disposto a vender mesmo a própria mãe, além da sua própria dignidade. Ao contrário, o “Karai” é o pecador, é o homem que olha para o destino último da vida. É a pssoa que não tem medo de se sujar as mãos, mesmo na política, mas não está disposto a vender a sua dignidade humana. É o homem pecador “spe erectus”, quer dizer dominado pela esperança, pela certeza de que a sua salvação e a da sociedade não depende dele, mas vem de fora, de um OUTRO. 
O “Karai” é o mendicante do Infinito, é o homem “viator”, é aquele que tem claro que a própria consistência coincide com o relacionamento com o Mistério: “Eu sou TU que me fazes”. Por isso, vive pedindo, suplicando, reconhecendo que, sem Cristo, a vida é “uma folha de árvore no outono”, diria o poeta. Repito, o “Karai” é o pecador, enquanto que o canalha é o ser humano prostituído pela demência do poder, orgulhoso, cheio de si mesmo.
Um exemplo claro de “Karai”, nesses últimos anos, foi, para mim, o do Vice-Presidente da República do Paraguai, o Doutor Federico Franco. Alguns dias atrás, foi à Colômbia para presenciar a cerimônia de tomada de posse da Presidência daquele país pelo Doutor Juan Manuel Santos, democratiamente eleito pelo povo. Segunda-feira, dia 9 de agosto, eu e Padre Paolino estávamos no Brasil e voltamos para casa na terça-feira à uma da manhã. Há quase dois anos, toda segunda-feira, às 5h30 da manhã, nos encontramos com o Vice-Presidente da República para rezar as Laudes. Um gesto surpreendente e mais único que raro no mundo da política mundial atual.
Grande foi a minha surpresa quando, na terça-feira, às 6h30 da manhã, o Vice-Presidente nos liga para nos dizer que “em alguns minutos estarei aí para rezar”. Mas, como – nos perguntamos – se ele acabou de chegar da Colômbia, às 3h da manhã e já tem o desejo de começar o dia, rápido, rezando? Não podia acreditar naquilo, porque nem mesmo os Bispos ou os Padres fazem algo parecido: chegar de uma viagem longuíssima, às 3h da manhã, e três horas depois sair de casa para recitar as “Laudes”. Não obstante tudo, o Doutor Franco estava aqui às 6h30, mesmo com os olhos visivelmente cansados.
Rezemos pelo Presidente da República – ele nos disse – para que se cure rápido, por isso eu vim para cá mesmo sem dormir”. Um homem, somente um homem, isto é, um pecador, um mendicante do Infinito, do Absoluto pode viver assim. A Deus não interesse a coerência do homem, que é pura graça Sua e que é dada quando, como e a quem quer, mas que o homem viva consciente da sua condição de pecador, que viva suplicando, pedindo. O homem é um “Karai” apenas quando tem essa posição.
Por isso, não me surpreendi quando, com muita discrição, ao saudar o Senhor Presidente que partia para o Brasil para tratar de sua doença, lhe deu um Santo Rosário. Algo que somente os Pontífices fazem quando recebem um Chefe de Estado com a Esposa. Um homem pode perder politicamente, mas é um homem e no tempo se impõe, porque mesmo as pedras se dão conta que, para existir, precisam desse tipo de pessoas. Ao contrário, os vergonhosos podem ganhar o mundo inteiro, mas não obstante isso, a sua vida é como a erva que de manhã é verde e à noite está seca e é queimada.
Feliz o homem que confia no Senhor”, será como uma árvore de manga plantada na beira de um rio: carregado de frutas. Enquanto que o homem que vive cheio de si mesmo, que confia nas suas capacidades, vive na maldição, como afirma o profeta Jeremias. E os seus sucessos momentâneos se transformarão em escombros. A história é cheia desses escombros. Quero sublinhar este aspecto da vida de um amigo, não de um político. De um amigo, de um homem empenhado com a política, de um homem que não tem medo de sujar as mãos na política, porque o mundo tem necessidade desses homens, de homens que partem de Cristo, que vivem mendicando Cristo para poder viver com dignidade no ambiente onde não existe a amizade, porque o poder não tem amigos mas cúmplices e puxa-sacos, “cuña’i” anões na vida cotidiana.
Que o Paraguai tenha um Vice-Presidente para quem Cristo é tudo e é apaixonado pela Virgem Maria, é o melhor e, diria, única garantia para recuperar a dignidade histórica e cultural. A grandeza do homem está na súplica, no viver de joelhos e no começar cada semana de joelhos diante do Santíssimo Sacramento às 5h30 da manhã dizendo: “Vinde, ó Deus, em meu auxílio! Socorrei-me sem demora”. Um grito que é seguido pelo Salmo 62 que, nas suas primeiras estrofes, afirma: “Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro. Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a terra árida e sequiosa, sem água. Quero vos contemplar no santuário, para ver vosso poder e vossa glória. Porque vossa graça me é mais preciosa do que a vida, meus lábios entoarão vossos louvores. Assim vos bendirei em toda a minha vida, com minhas mãos erguidas vosso nome adorarei. Minha alma saciada como de fino manjar, com exultante alegria meus lábios vos louvarão”.
Santo Afonso Maria de Ligório afirmava: “quem reza se salva, quem não reza se condena”. Toda a grandeza do homem está aqui. A oração porém não são fórmulas ou gritaria de alguns grupos “carismáticos” que estão convencidos de que Deus é surdo e não sabe daquilo de que temos necessidade e, por isso, fazemos com que Ele perca seu tempo com a nossa lista de exigências. “Nem todo o que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas aqueles que fazem a vontade do meu Pai que está nos Céus”, nos diz Jesus.
Padre Aldo.

P.S.: Karai é um palavra em guarani que significa “um verdadeiro senhor”.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cartas do P.e Aldo 23

Publico a carta que o P.e Aldo enviou no dia 30 de janeiro de 2009, alguns dias depois de enviar um vídeo que mostrava os instantes finais de Antônio, paciente de AIDS de sua clínica.
Asunción, 30 de janeiro de 2009.

Caros amigos,
Algumas pessoas me fizeram, justamente, observar se era mesmo o caso de mostrar aquele breve “vídeo” sobre a agonia do meu filho Antônio, que morreu jovem, vítima da AIDS, dizendo até o último respiro: “Jesus, José, Maria”.
Antes de mais nada, a coisa interessante é que quem fez o vídeo foi um outro filho meu – Giorgio – e companheiro de doença de Antônio. Giorgio, um engenheiro de informática, doente há anos, foi encontrado na rua, antes de estar aqui conosco.
Então, por que tudo isso?
1. A realidade é a realidade e se impõe por isso... nas diversas circunstâncias da vida: o nascer, o crescer, o estudar, o comer, o tomar banho, o se limpar, o colocar o armário em ordem, o se casar, o ter filhos, o ser padre ou consagrado, sofrer e, enfim, morrer.
A realidade é uma unidade que se exprime de modo maravilhoso a 360°. Então, ou a pessoa a vive ou não a vive. Mas, vivê-la significa ver nela a poderosa voz do Eterno: “ex uno omnia, et omnia locuntur unum”.
Vocês imaginam o que a vida seria, para mim, sem esta perspectiva? Uma paralisia. Eu seria como uma criança diante de uma vitrine cheia de brinquedos, sem saber qual pegar... ou, para dizer com Giussani, seria como uma criança diante do Meccano (jogo de montar, no estilo Lego, com peças metálicas; ndt). Para mim, dentro de toda a confusão de que é feita a realidade, está claro aquele Uno... de tal forma que não existe condição da realidade que não seja positiva, que não gere admiração, comoção. Algo muito diferente do “espetáculo” ou coisas do gênero.
2. Façamos alguns exemplos.
Ontem pela manhã, o Vice-Presidente – hoje, Presidente em exercício, já que Lugo está no Brasil, participando do Fórum Social Mundial – veio nos visitar para convitar a padre Paolino e a mim para a inauguração do Museu do Futebol, com a sua presença, a de Platter – presidente da FIFA –, de Havelange – ex-presidente da FIFA –, de Leoz (da confederação Sulamericana) e outros “divos” do futebol, como Cafu, Higuita etc. Foi uma noite esplêndia, com a “máfia” mundial do futebol. Uma hora antes de sair, na clínica, duas pessoas morreram. Assisti-os, fiquei com eles, dei um beijo em seus corpos frios e, em seguida, com Paolino, fui para a festa do futebol. Voltamos tarde da noite, depois de termos passado em um bom restaurante para comer... então, fui até a clínica para uma última olhada. Finalmente, hora de dormir... mas apenas por três horas.
Às 7h desta manhã, vieram para o café da manhã o Vice-Presidente e dois industriais vicentinos – Rino di Arzignano (o Rei do couro) e um outro empresário paraguaio. Um bom café da manhã. Falamos sobre tudo... falamos, inclusive, com o chefe da secretaria de Galan, com Bepi Saretta, ex-deputado da D.C. (Democrazia Cristiana; ndt) e com um Vice-Ministro do governo Berlusconi. Veem-se possibilidades de ajuda... de financiamento entre os dois governos. Paolino e eu – quase dois cretinos – somos o coração de tudo. Terminado o café da manhã, o Vice-Presidente vai embora e os dois empresários ficam um pouco mais para contemplar tudo. Deixo a vocês imaginar a cara deles. Vão embora também... mas, na hora do almoço, estão de volta e também o Vice-Presidente.
Vou para a clínica, fico com os dois mortos, celebro a Missa, dou neles o beijo final... e vamos para o cemitério. Os doentes que podem se mover, assistem a tudo. Lembro a eles que o fim é para todos e está próximo. Cada rosto que contemplo está cheio de letícia. Os dois caixões passam entre as crianças que estão brincando no pátio... elas param, rezam e, depois, voltam a brincar. A mesma coisa acontece com os adultos que estão no Café Literário, ou com os operários.
Mais tarde, reunimos o Conselho Administrativo, ao mesmo tempo que nos comunicam a chegada de um paciente terminal, com um câncer no rosto grande como uma abóbora e que não para de sangrar. Os médicos e os enfermeiros correm. A vida é a vida. A realidade é a realidade. Ninguém se assusta, nada de trauma ou de espetáculo. Aqui é uma festa porque a vida é assim... e é assim mesmo quando, daqui a pouco, começam as aulas na escola e as nossas crianças de 3 a 12 anos irão à clínica para visitar Victor, Cristina, Celeste, e rezar por quem morreu, tocar seu corpo e fazer o sinal da cruz.
Mas, não é só isso... todos os dias, no almoço, a nossa comunidade religiosa – P.e Paolino, Ferdinando e eu – se vê composta por uma diversidade impressionante de pessoas (normais, deprimidos, com problemas...). Tem os que falam, tem o que não falam, quem fala demais, quem nunca fala. É um circo! Mas, que belo!... Nada de burguesismo ou de pieguismo. Muito pelo contrário: imaginem quanta não deve ser a tensão ideal, a familiaridade com Cristo! Digo a eles: “mas eu fui abraçado assim por Giussani, por Carrón, pela São Carlos (refere-se à Fraternidade Missionária São Carlos Borromeu, ordem religiosa a que pertence; ndt): é a vida”. A comunidade presta contas com a realidade... certamente que tudo poderia ser mais cômodo... mas, a realidade se impõe.
O que quer dizer levar a sério o que Carrón nos tem dito, quando nos fala da realidade, da familiaridade com Cristo? Para mim, é isto.
3. Amigos, vocês entendem onde está o problema? É se somos ainda capazes de olhar para a realidade como sinal da Presença; é se a realidade nos é familiar; se as circunstâncias, quaisquer que sejam – como a crise econômica que assusta a todos –, são, para vocês, como para mim, a modalidade com a qual o Mistério se relaciona com vocês, comigo. Ou são só os aspectos feios da realidade? Por caridade! Para mim, são os aspectos belos, mesmo que dramáticos. Porque não conseguir dormir não é fácil para mim, porém mesmo esta fadiga é bela, porque me faz pedir mais. Quando não durmo bem, tudo me é terrivelmente mais difícil – suo duas vezes mais e, suado, fico muito mais nervoso. Porém, que graça! pois posso pedir o dom da paciência! Além do mais, tenho que enfrentar os “últimos” chegados que quereriam comer-me se pudessem! Em cada instante, aparece alguém que tem uma necessidade, que pede alguma coisa. Os meus nervos não são muito facilmente controláveis. Mas podem, simplesmente, se transformar em oração. E é assim que acontece.
Para terminar, amigos, a vida é a vida e se, por um equívoco, ela se mostrou para vocês em um de seus aspectos mais dramáticos e fascinantes, saibam que, para nós, para mim, é uma outra coisa: é a realidade, é a vida no seu belíssimo aspecto final, quando, finalmente, tudo se cumpre na plenitude da vida... quando a realidade aparece em todo o seu esplendor, como diz São Paulo: “a realidade é o corpo de Cristo”.
Desejo a vocês uma só coisa: que sejam realistas. E, então, mesmo a crise econômica se transformará em criatividade, em possibilidade nova de descobrir o que vocês são, o que nós somos, descobrindo o destino para o qual fomos feitos. Bendita crise, para quem ama a realidade! Uma ocasião única para nos convertermos e acreditarmos na Providência de modo mais concreto.
No fundo, não podemos deixar de seguir a Carrón que nos indica continuamente: “olhem para a realidade”, “familiaridade com Cristo”. Assim, tudo se torna missão, isto é, movimento... como, no almoço de hoje, com um grupo de empresários decididos a caminhar conosco. O movimento é todo este caminhar do eu, do início à eternidade, passando pela morte.
Com afeto
P.e Aldo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Cartas do P.e Aldo 05

Asunción, 13 de fevereiro de 2009.

Caros amigos,
gostaria de lhes mandar alguns dos 3500 emails que me chegaram desde o dia 28 de agosto do ano passado até hoje. Quanto dor, quantos dramas de todos os tipos. Eis: este é o homem, este sou eu. Um pedido de ajuda, de um carinho, de alguém que se coloque em adoração diante da grandeza do eu. Cada dia o meu coração sofre e arde de desejo de abraçar, consolar este “eu” cósmico, eu de dor. E é nesta perspectiva que a minha clínica bela. É exatamente bela porque aqui se “adora” ao homem, aqui o homem aparece em toda a sua grandeza. Por isso, ontem de noite, eu dizia aoVice-Presidente da República (Federico Franco Gómez; ndt) e ao Ministro da Educação (Dr. Horacio Galeano Perrone; ndt), que vieram jantar em alegre companhia:
1. esta clínica é obra exclusiva da Providência, que me dá o necessário a cada dia;
2. aqui, ou se vive com esta consciência, ou é melhor que se vá embora, sobretudo quando a pessoa não deseja entender que a “realidade é providencial”;
3. não me interessam os colaboradores. Eu tenho necessidade é de amigos, como o Senhor Vice-Presidente, por exemplo. Não tenho necessidade e não quero saber de nada de organizativo, porque a Providência não precisa ser organizada, mas tão somente tem necessidade de pessoas apaixonadas pela realidade, porque é desta paixão que nasce um relacionamento, uma amizade;
4. esta clínica é propriedade da Providência, que criou e cria, a cada instante, este povo. E este povo é feito de pessoas profissionalmente capazes e particularmente apaixonadas por Cristo. Apaixonadas no sentido de que pulam da cadeira quando são lembradas do fato de que “eu sou Tu que me fazes”. Para estas pessoas, não existe o nominalismo, as palavras comovem como cada coisa que acontece;
5. à pergunta “mas, da Itália, o que vocês recebem? Como são os relacionamentos de vocês?”, eu respondi: “da Itália, quero apenas amigos, quero apenas pessoas que, seguindo a Carrón e àquilo que eu encontrei e que mudou a minha vida, sejam convertidas também. Eu não tenho relacionamentos econômicos e, por isto, não me falta dinheiro. Os relacionamento são apenas relacionamentos humanos. Não existem relacionamentos econômicos, porque o eu é relação com o Mistério". Por isto, obedeço apenas a estes relacionamentos, obedeço à realidade que, juro, nunca me deixou tranquilo, acomodado... pelo contrário, é um tormento, é um espinho cravado na minha carne que me faz gritar, pedir, mendigar. A mesma amizade que tenho com o senhor é a que nos leva, única coisa no mundo, a nos encontrarmos todas as segundas-feiras, às 6h da manhã, para rezar juntos as Laudes e tomar juntos o café da manhã – eu e meus amados e belos companheiros, Paolino e Daf: é a amizade que nasce da consciência do eu como Mistério. Senhor Vice-Presidente, eu me interesso pelo senhor como “eu sou Tu que me fazes”.

Amigos, vocês entendem por que aqui tudo é sacramental? Vocês leram o testemunho da Anna, a sobrinha da Giovanna? Por isso, me comovo com Quinto que, há anos, vibra comigo por cada coisa que acontece. E é por isso que Quinto se tornou, para todo o hospital, a voz da amizade de P.e Aldo na Itália. E sublinho ainda: é exatamente assim. Como eu gostaria que todos tivessem visto o que aconteceu na última quarta-feira, quando os meus médicos realizaram, por audioconferência, um encontro para entender o que quer dizer amizade, Escola de Comunidade, levar a sério a Carrón, olhar para aquilo que ele indica... E me comove ainda mais ver como Quinto me sustenta, me conforta em tudo, ver como se ocupa da minha pessoa. Este tipo de relacionamento nos interessa. Outro, absolutamente não. A gente deve obedecer é a uma amizade, a um homem que, como Giussani, dizia: “mas, que belo” e, depois, corrigia. Porque a primeira correção é a maravilha, o fascínio por cada coisa que acontece.
Amigos, nesta idade, sobre estas coisas, eu não relaxo... pelo contrário, me convenço sempre mais: estamos juntos por causa da febre do próprio eu. Estamos juntos para dizer “Tu, oh meu Cristo”. O tempo começou a se fazer breve para mim e eu tenho apenas a pressa de que Cristo seja conhecido e amado. O resto é lixo. Anos e anos de dor e os últimos quatro anos e meio, 24 horas por dia como os moribundos, me fizeram enlouquecer por Cristo, pela realidade. E acredito que seja esta atividade que fascina, que atrai. A metade dos meus responsáveis, dinâmicos, precisos, profissionalmente preparados, tomam psicofármacos, como este pobre homem (que escreve; ndt), fiquei sabendo esta manhã, durante o conselho de administração que, para nós, é Escola de Comunidade. Entendem? Metade tem problemas de depressão, porém não é esta doença que nos define, mas a certeza de Cristo ressuscitado. Estas coisas serão contadas por mim, aos meus amigos, na Assembleia de Responsáveis da América Latina (que teve lugar em Atibaia, nos dias 13, 14 e 15 do mês de fevereiro de 2009, reunindo 300 responsáveis de CL, vindos de toda a América Latina; ndt) e, depois, tendo tido a graça única e imerecida de passar alguns dias de repouso com Carrón e outros amigos, poderei verificar tudo, ponto por ponto, porque quero que o meu eu arda por Cristo e que o meu povo seja sempre mais o protagonista, com tantos que ardem com o mesmo desejo, com aquilo que, aqui, a Providência cria, usando as mãos desta povo. Esta amizade que peço, suplico a Nossa Senhora que aconteça (e que aconteça é uma graça pedida... e eu suplico para mim e para vocês) sempre mais entre nós. Juntos, não para fazer; mas para que o eu não morra, para que o eu vibre, cresça, porque só um eu comovido gera, cria e sustenta uma obra.
Ciao e até a próxima.
P.e Aldo

P.S.: Caros amigos, responderei a seus emails, quando voltar para a Asunción, no dia 22 de fevereiro. Estarei no Brasil, acompanhando o Carrón.