segunda-feira, 9 de maio de 2011
Homens, não super-heróis
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Chesterton desmente os relativistas: são os “dogmáticos” mais obtusos
segunda-feira, 28 de junho de 2010
A barca de Pedro
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Pascal e o “divertissement”
por Pigi Colognesi
Deixo a palavra, neste início do período de férias (na Itália, as férias estão começando; ndt), a Blaise Pascal: “Toda a infelicidade dos homens tem apenas uma origem: não saber ficar tranquilos em uma sala. Um homem que tenha meios suficientes para viver, se soubesse ficar com prazer em sua própria casa, não sairia dali para ir ao mar. E só não se buscam as conversas e o divertimento porque não se consegue ficar em casa com prazer”. Mas, o grande filósofo e matemático não para aqui: “Considerando a coisa mais de perto e querendo, depois de encontrada a causa de todos os nossos infortúnios, descobrir também as suas razões, descobri que há uma muito real que consiste na infelicidade natural da nossa condição débil e mortal e tão miserável que nada nos pode consolar no momento em que a consideramos de perto”.
Pouco antes, ele havia escrito: “Os homens, não tendo conseguido sanar a morte, a miséria, a ignorância, para se tornarem felizes inventaram de não pensar sobre isso”. É a grande intuição pascalina do divertissement. Que não é o divertimento saudável e regenerador, mas aquele tirar a atenção da direção justa (di-vertere) que se poderia traduzir adequadamente como distração. Para se explicar, Pascal imagina um rei, isto é o máximo de sucesso e de condições favoráveis que, então, se poderia desejar. Ele, porém, é assolado por preocupações “pelas quais, sem o que se chama distração, ei-lo infeliz, e mais infeliz que o último de seus súditos”. Por isso, é “circundado por pessoas que não pensam em outra coisa que em distrai-lo e impedi-lo de pensar em si mesmo”; como no grande esforço do divertimento organizado.
“Os homens amam tanto o barulho e a bagunça” e “o prazer da solidão é uma coisa incompreensível”. Distrair-se: “isto é tudo o que souberam inventar para se tornarem felizes”. É uma dinâmica que envolve toda a existência: “Os homens supõem que, obtida aquela carga, gozarão depois de uma paz prazerosa; e não percebem a natureza insaciável de sua avidez. Creem que estão buscando sinceramente a paz, mas, na realidade, estão buscando apenas a agitação. Um secreto instinto, reflexo da percepção de sua contínua miséria, o empurra a buscar o passatempo e a ocupação fora de si; enquanto que um outro instinto secreto, resíduo da grandeza de nossa natureza primitiva, faz com que eles conheçam que a felicidade verdadeira só se encontra na paz e não na bagunça. Destes dois instintos opostos se forma neles um projeto confuso, escondido à sua vista, no fundo da alma, que os impulsiona a buscar a paz mediante a agitação e a imaginar sempre que a satisfação que lhes falta chegará se, superando algumas dificuldades que preveem, puderem abrir para si, por esta via, a porta da paz. Assim, transcorre toda a vida”.
Algumas páginas à frente: “O que, portanto, nos gritam esta avidez e esta impotência, se não que, um dia, existiu no homem uma verdadeira felicidade, da qual, agora, lhe restam apenas o sinal e as pegadas vazias, que ele tenta em vão encher com tudo o que o circunda, pedindo às coisas ausentes aquilo que não obtem das presentes? Ajuda da qual são totalmente incapazes, porque este abismo infinito só pode ser preenchido por um objeto infinito”.
* Extraído do site Il Sussidiario, do dia 30 de julho de 2009. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.