“Vocês devem renunciar à tirania e à corrupção... os conflitos locais são uma pedra amarrada ao pescoço da África”. “O futuro da África depende dos africanos, mesmo que seja mais fácil colocar a culpa dos próprios problemas em outras pessoas... se é verdade que o Ocidente teve muitas vezes uma postura de senhorio, ele porém não é responsável pela destruição da economia do Zimbabwe, pelas guerras com as crianças-soldados, pela corrupção ou pelo tribalismo”.
Viva! Temos que agradecer com o coração na mão o presidente Obama (Leia o artigo no jornal La Stampa, clicando aqui), por ter dito aquilo que muitos missionários católicos dizem há anos; às vezes na indiferença geral e, muitas vezes, atraindo para si críticas ferozes. Pois é. Nem sempre é concedido a todos o direito de fazer afirmações “politicamente incorretas”.
Tentem imaginar o que teria acontecido se as mesmas palavras tivessem sido pronunciadas pelo predecessor de Obama - o presidente Bush -, ou pelo atual Presidente do Conselho Italiano - Silvio Berlusconi. Já dá para ver! Choveriam, de todos os lados, acusações de “cinismo”, “crueldade”, “racismo”, “violação dos direitos humanos” etc.
Também Bento XVI, na sua recente viagem, expressou conceitos muito semelhantes, chamando a atenção dos regimes corruptos para a responsabilidade pessoal, mas naquele caso tudo foi coberto por polêmicas (criadas com arte) sobre uma frase relativa ao uso de preservativos. Mas, se Obama tivesse dito a mesma coisa, não teria acontecido nada.
Melhor assim. Obrigado, Barack!... Querendo, poderia também lembrar que muitos dos africanos feitos escravos e transportados para a América foram capturados e vendidos aos europeus por outros africanos. Por exemplo, “o reino Ashanti (1570-1900), localizado na África, em uma região do Gana, prosperou graças ao ouro presente na região e, em seguida, graças ao comércio de escravos: capturavam pessoas nos regiões próximas para revendê-los como escravos aos europeus”.
Mas, tudo bem! Talvez, agora, se poderá falar serenamente sobre como calibrar as ajudas aos países em vias de desenvolvimento, de modo que sejam de fato eficazes, e não sirvam apenas para engordar o bolso de algum governo africano corrupto, ou os aparatos das agências da ONU, ou pior ainda sustentando grupos de guerrilheiros sedentos de sangue.
Talvez se começará, finalmente, a entender que – para usar as palavras da economista do Zâmbia, Dambisa Moyo – “o sustento público internacional destrói cada tentativa de reforma, de desenvolvimento, de capacidade de criar riqueza nacional e exportá-la. Alimenta a corrupção e os conflitos internos, e favorece a manutenção de longos regimes de governo”. Também um outro economista africano, o queniano James Shikwati, pensa assim: as ajudas financiam enormes burocracias, contribuem a tornar ainda maior a corrupção, sufocam a livre iniciativa, permitem aos líderes políticos ignorarem as necessidades de seus conterrâneos. Criaram uma mentalidade preguiçosa em todos os canos e habituaram os africanos a serem dependentes e mendicantes. Entre os exemplos mais clamorosos, Shikwati cita a Nigéria e a República Democrática do Congo que, apesar de suas imensas riquezas, não fizeram nada para reduzir a pobreza e fazem de tudo para serem classificadas entre as nações mais necessitadas para receberem ajudas.
Este é exatamente o paradoxo africano: quanto mais aumentam os recursos, mais a pobreza cresce. Na Nigéria, por décadas considerada a primeira produtora de petróleo da África subsaariana, 70% da população vive com menos de um dólar por dia e 92,8% com menos de 2 dólares (cf. Tempi, do dia 21/07/2009, clicando aqui).
Tudo isso não alivia os países industrializados da obrigação de olhar de frente para a realidade e assumirem a responsabilidade de ajudar os africanos, compartilhando um pleno desenvolvimento: único caminho em direção a uma autonomia real.
Viva! Temos que agradecer com o coração na mão o presidente Obama (Leia o artigo no jornal La Stampa, clicando aqui), por ter dito aquilo que muitos missionários católicos dizem há anos; às vezes na indiferença geral e, muitas vezes, atraindo para si críticas ferozes. Pois é. Nem sempre é concedido a todos o direito de fazer afirmações “politicamente incorretas”.
Tentem imaginar o que teria acontecido se as mesmas palavras tivessem sido pronunciadas pelo predecessor de Obama - o presidente Bush -, ou pelo atual Presidente do Conselho Italiano - Silvio Berlusconi. Já dá para ver! Choveriam, de todos os lados, acusações de “cinismo”, “crueldade”, “racismo”, “violação dos direitos humanos” etc.
Também Bento XVI, na sua recente viagem, expressou conceitos muito semelhantes, chamando a atenção dos regimes corruptos para a responsabilidade pessoal, mas naquele caso tudo foi coberto por polêmicas (criadas com arte) sobre uma frase relativa ao uso de preservativos. Mas, se Obama tivesse dito a mesma coisa, não teria acontecido nada.
Melhor assim. Obrigado, Barack!... Querendo, poderia também lembrar que muitos dos africanos feitos escravos e transportados para a América foram capturados e vendidos aos europeus por outros africanos. Por exemplo, “o reino Ashanti (1570-1900), localizado na África, em uma região do Gana, prosperou graças ao ouro presente na região e, em seguida, graças ao comércio de escravos: capturavam pessoas nos regiões próximas para revendê-los como escravos aos europeus”.
Mas, tudo bem! Talvez, agora, se poderá falar serenamente sobre como calibrar as ajudas aos países em vias de desenvolvimento, de modo que sejam de fato eficazes, e não sirvam apenas para engordar o bolso de algum governo africano corrupto, ou os aparatos das agências da ONU, ou pior ainda sustentando grupos de guerrilheiros sedentos de sangue.
Talvez se começará, finalmente, a entender que – para usar as palavras da economista do Zâmbia, Dambisa Moyo – “o sustento público internacional destrói cada tentativa de reforma, de desenvolvimento, de capacidade de criar riqueza nacional e exportá-la. Alimenta a corrupção e os conflitos internos, e favorece a manutenção de longos regimes de governo”. Também um outro economista africano, o queniano James Shikwati, pensa assim: as ajudas financiam enormes burocracias, contribuem a tornar ainda maior a corrupção, sufocam a livre iniciativa, permitem aos líderes políticos ignorarem as necessidades de seus conterrâneos. Criaram uma mentalidade preguiçosa em todos os canos e habituaram os africanos a serem dependentes e mendicantes. Entre os exemplos mais clamorosos, Shikwati cita a Nigéria e a República Democrática do Congo que, apesar de suas imensas riquezas, não fizeram nada para reduzir a pobreza e fazem de tudo para serem classificadas entre as nações mais necessitadas para receberem ajudas.
Este é exatamente o paradoxo africano: quanto mais aumentam os recursos, mais a pobreza cresce. Na Nigéria, por décadas considerada a primeira produtora de petróleo da África subsaariana, 70% da população vive com menos de um dólar por dia e 92,8% com menos de 2 dólares (cf. Tempi, do dia 21/07/2009, clicando aqui).
Tudo isso não alivia os países industrializados da obrigação de olhar de frente para a realidade e assumirem a responsabilidade de ajudar os africanos, compartilhando um pleno desenvolvimento: único caminho em direção a uma autonomia real.
* Editorial de SamizdatOnLine, do dia 28 de julho de 2009, escrito por Gino. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
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