Asunción, 01 de dezembro de 2009.
Caros amigos,
“EX UNO OMNIA ET OMNIA LOQUUNTUR UNUM” (de uma coisa apenas e todas as coisas falam daquela única coisa). Se aqueles que me escrevem, recebendo os meus emails de amigos, levassem a sério esta provocação da Imitação de Cristo, não se agitariam tão facilmente, preocupando-se em fazer mil precisões sobre cada frase que digo e que nasce da minha experiência.
Refiro-me, particularmente, aos psicólogos, psicoterapeutas, psicanalistas que se preocupam com o que escrevo e se angustiam em tentar me explicar a necessidade ou a importância da sua profissão. E quem colocou, alguma vez, isso em discussão? O problema, amigos, é outro: o que quer dizer, para vocês, a provocação da Imitação de Cristo? O que quer dizer, para vocês, que o homem não é e nunca será o êxito do passado, que o homem não pode ser reduzido aos seus antecedentes biológicos, hereditários, psicológicos? MAS, O HOMEM É RELAÇÃO COM O INFINITO: o que quer dizer “EU SOU TU QUE ME FAZES”?
Amigos, sobre este ponto se joga tudo e não estou disposto a voltar atrás em nem mesmo uma vírgula, porque seria negar o meu EU e tudo aquilo que, aqui, a Providência me mostra. E exatamente porque, para mim, o homem é apenas relação com o Mistério, que eu vivo comovido com o capítulo X d’O Senso Religioso. Então, uma pessoa que vive assim ama a matemática, a física, a química, a astronomia, a psicologia, a psicanálise... assim como também ama a boa cozinha, o bom vinho, e se comove diante da beleza de uma montanha ou de uma mulher. Então, também, com os doentes, se preocupa que tenham os melhores médicos, os melhores psicólogos, os melhores psiquiatras etc. Então, como é o meu caso, usa, se for necessário, também os psicofármacos etc.
Vocês entendem, agora, porque no meu hospital, vivendo de joelhos diante de cada doente, porque é Cristo, se uma pessoa tem necessidade de um especialista, não ficamos preocupados com o custo, nós lhe damos uma especialista... e vivemos de caridade? Vocês entendem porque um doente terminal, que pode morrer no dia seguinte, se precisa, recebe, ao seu lado, o fisioterapeuta para que consiga mover o dedo ou para que consiga um mínimo de bem-estar no leito? “Padre, olha... consigo mover o dedo, graças ao fiseioterapeuta. Estou contente... está melhor”. E, no dia seguinte, o paciente morre. Vocês entendem o que acontece – e acontece apenas quando o “eu sou Tu que me fazes” se torna carne cotidiana, respiro cotidiano?
Amigos, as sutilezas de vocês, as preocupações que vocês têm de especificar, esclarecer – desculpem-me – me parecem falação de quem ão leva a sério quem é e quem é o homem. Para mim, graças a tanto sofrimento, isto é mais evidente do que o sol: o homem, eu, é. “Eu sou Tu que me fazes”.
Quando alguém faz uma experiência disso, então a frase da Imitação de Cristo enche a vida, porque a pessoa só vive por aquele “UNUM”, e o contragolpe é que começa a abraçar a todos: razão e fé são irmãs.
Permitam-me dizer que, nos anos mais “desesperados”, eu também fui a um psiquiatra... mas apenas para pedir-lhe pílulas (anti-depressivos etc.), que ainda uso. Mas apenas por isso, porque no meu DNA está gravado profundamente “EU SOU TU QUE ME FAZES”. Certamente que eu vi estrelas durante o dia e não apenas durante a noite, mas Cristo venceu e continua vencendo qualquer noite que me surpreender pelo caminho.
“Tudo, tudo [entendem?] posso nAquele e somente nEle que me dá a força”.
De Giussani eu herdei esta certeza de pedra, e peço a Nossa Senhora que me ajude a levar esta certeza até o túmulo, porque, por menos do que isso, não vale a pena respirar.
Bom Natal.
P.S.: Por favor, para entenderem ainda mais, leiam na Bíblia Eclo 38, 1-14. Boa meditação, senhores experts da mente.
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