A obra do Santo Padre
para a custódia do Depósito da Fé
e a preservação da Disciplina Eclesiástica
1993
- Em 22 de abril, a sala de imprensa vaticana publica a declaração final de um encontro organizado em março pelo Pontifício Conselho para a Família. O texto – assinado, entre outros, pelo cardeal Alfonso López Trujillo, presidente do Conselho, e por D. Dionigi Tettamanzi – reafirma que a contracepção “corrompe a intimidade conjugal” e que a comunidade cristã deve se opor à legalização do divórcio.
- Numa carta pastoral comum (10 de julho), três bispos alemães (entre eles D. Karl Lehmann, bispo de Magonza) se pergunta se um divorciado(a) que contraiu segundas núpcias, convencido(a) de que o matrimônio anterior tenha naufragado irremediavelmente, pode se aproximar da comunhão eucarística. A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) esclarece numa carta aos bispos que isso não é lícito.
- No dia 22 de outubro, o Papa reafirma energicamente a lei do celibato sacerdotal para a Igreja latina e acrescenta, diante das contestações e das críticas, que “é preciso ousar (conservando o celibato), nunca se dobrar”.
- Em 28 de outubro, o núncio apostólico no Méximo, D. Girolamo Prigione, anuncia a possível remoção da diocese mexicana de San Cristóbal de las Casas de D. Samuel Ruiz.
1994
- Em janeiro de 1994, o jornal italiano “Avvenire” recebe um novo diretor, Dino Boffo. Órgãos de imprensa atribuem a designação diretamente ao cardeal Ruini, primaz da Itália.
- A CDF publica, no dia 20 de dezembro, a carta circular “Há dois anos”, destinadas aos presidentes das conferências episcopais, que tratava das “obras de síntese” do Catecismo da Igreja Católica. A razão dessa carta se deve a algumas traduções em inglês, caracterizadas por uma linguagem muito secularizada sobre a mulher.
- Com a carta apostólica Ordinatio sacerdotalis (22 de maio), o Santo Padre, “em virtude do [seu] ministério de confirmar os irmãos”, declara que “a Igreja não tem, de modo algum, a faculdade de conferir às mulheres a ordenação sacerdotal, e que esta sentaça deve ser mantida de modo definitivo por todos os fiéis”.
- A CDF, na “Carta aos bispos da Igreja Católica acerca do recebimento da comunhão eucarística por fiéis divorciados em segundas núpcias” (14 de setembro), reafirma a impossibilidade de dar comunhão aos católicos divorciados que se casaram outra vez.
- A CDF intervém acerca da nomeação da teóloga feminista Teresa Berger para a cátedra de Liturgia da Faculdade Teológica da Universidade de Bochum, na Alemanha.
1995
- Segundo o semanário inglês “The Tablet”, o prefeito da Congregação para a Educação Católica, cardeal Pio Laghi, sugeriu que fosse cancelada uma conferência que o teólogo da libertação Gustavo Gutiérrez deveria proferir em Roma, em novembro de 1994. Gutiérrez, em 1990, havia publicado uma edição revista do seu livro “Teologia da Libertação”, tendo eliminado algumas das dúvidas sobre a ortodoxia.
- A Congregação para os Bispos demite D. Jacques Gaillot, bispo de Evreux (França), que com o seu ministério fortemente secularizado e a sua ação politicizada provoca graves desorientações entre os fiéis.
- Sob indicação do substituto da Secretaria de Estado vaticana, D. Giovanni Battita Re, e do prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Jozef Tomko, o missionário comboniano P.e Renato Kizito Sesana é removido de seu encargo de diretor da revista queniana “New People”, que havia se tornado privada de toda finalidade missionária.
- Na encíclica Evangelium vitae (25 de março), o Santo Padre define como “democracias totalitárias” os parlamentos que aprovam leis que consentem na interrupção voluntária da gravidez.
- A CDF sugere e obtém da Superior da Congregação das “Irmãs de Nossa Senhora” que se mande a irmã brasileira Ivone Gebara, que se enredara em teorias feministas, estudar boa teologia, por dois anos, na Europa.
- D. Samuel Ruiz, então bispo de Chiapas, teórico de uma igreja indígena diferente da de Jesus Cristo, permanece no seu posto, mas passa a ser acompanhado por um bispo coadjutor com direito de sucessão, D. Raúl Vera Lopez.
1996
- Com um editorial no L’Osservatore Romano do dia 2 de fevereiro e assinado “***” (que, na prática, indica a autoridade máxima do autor), a Sé Apostólica condena as opiniões de 16 teólogos moralistas alemães que, num livro, contestaram a encíclica Veritatis splendor “sobre questões fundamentais da doutrina moral” (6 de agosto de 1993) e afirmaram que ela era uma tentativa de impor uma posição teológica. O editorial reafirma o papel do magistério papal e a obediêncai que se deve a ele.
1997
- A CDF excomunga, com uma “Notificação” datada de 2 de janeiro, o teólogo Tissa Balasuriya, visto que, com as suas teorias, “minava alguns pontos essenciais da fé cristã”. Será reabilitado, depois de um “mea culpa”, em 1998. Observações sobre um livro do P.e Balasuriya já haviam se difundido em 1994.
- Em 11 de fevereiro de 1997, S. Eminência o cardeal Ruini obtém do Papa um decreto no sentido de uma maior vigilância sobre a Sociedade São Paulo, a casa das Edições Paulinas: João Paulo II nomeia D. Antonio Buoncristiani delegado junto à Sociedade São Paulo, com a tarefa de “exercer todas as funções que dizem respeito tanto ao Superior Geral quanto ao Superior Provincial”. No decreto especifica-se, “para mais informação”, que a sua autoridade se estende sobre os Periódicos “Família Cristã”, “Jesus”, “Vita Pastorale” etc., e sobre as Edições São Paulo. Alguns religiosos paulinos tinha recusado a restituir à direção o P.e Stefano Andreatta, que havia sido submetido por indicação do Vigário de Cristo, mas havia sido injustamente destituído por eles. Depois de uma dolorosíssima troca de declarações e desmentidos por parte de alguns paulinos, em abril de 1998, P.e Leonardo Zega é removido da direção de “Família Cristã” e é definitivamente afastado do jornal em 12 de outubro de 1998.
- A Santa Sé, depois da visita apostólica feita, em 1995, por D. Xavier Lozano Barragân aos seminários dos jesuítas no México, e depois do interesse do prefeito da Congregação para a Educação Católica, cardeal Pio Laghi, ordena o fechamento do Instituto Interreligioso e do Centro de Estudos Católicos da Cidade do México, dependentes da Conferência dos Institutos Religiosos Mexicanos (CIRM), além do fechamento também do Instituto Teológico do Colégio Máximo de Cristo Rei com o anexo Centro de Reflexão Teológica dirigido pela Companhia de Jesus. S. Eminência o cardeal Laghi indica na opção a favor da Teologia da Libertação a causa principal da “confusão e controvérsia” defundida pelos institutos.
- A Conferência dos Religiosos Colombianos é responsabilizada, com um carta enviada por D. Tarcisio Bertone, segretário da CDF, pelos desvios encontrados no relatório do primeiro encontro nacional de teologia da vida religiosa, ocorrido em Bogotá, em abril de 1996, e publicado na revista “Vinculum” da Conferência dos Religiosos Colombianos. O relatório contém um estilo “reivindicativo, agressivo e crítico contra a mesma hierarquia eclesiástica” e pretende elaborar uma teologia da vida religiosa “prescindindo de um estudo sério das Escrituras, da Tradição e do Magistério”.
- Com uma Instrução Interdicasterial (assinada, no dia 15 de agosto, por responsáveis por oito dicastérios e ofícios da Cúria Romana), a Sé Apostólica restabelece os justos limites da colaboração dos leigos no ministério dos sacerdotes.
- Em 20 de setembro, D. Jorge Medina Estévez, proprefeito da Congregação para o Culto Divino, escreve a D. Anthony Pilla, presidente da Conferência Episcopal Norte-Americana, para comunicar-lhe que a tradução inglesa dos livros litúrgicos, realizada por bispos dos EUA, “não exprime acuradamente” os sentido do texto latino e “não é isenta de problemas doutrinais”. Sobre a questão, os oito cardeais norte-americanos já haviam se encontrado em Roma com os cardeais Medina Estévez e Ratzinger.
- Após uma carta enviada pelo prefeito da Congregação pela Evangelização dos Povos, cardeal Josef Tomko, a Conferência Episcopal da Coreia do Sul sanciona o veto de publicação para três sacerdotes – P.e John Sye Kong-seok, P.e Paul Cheong Yang-mo (ambos professores da Universidade Sogang de Seul, mantida por jesuítas) e P.e Edouard Ri Je-min (professor da Universidade Católica de Kwangiu e diretor da revista “Skinhak Chonmang”). Os três apoiavam ideias, “por nada conformes à doutrina católica”, particularmente sobre temas como o sacerdócio feminino, o celibato dos padres, a evangelização e a inculturação.
* Extraído de Totus tuus network. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
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