O conteúdo deste post foi extraído do site de Comunhão e Libertação.
No dia 15 de fevereiro, o Movimento Comunhão e Libertação promoveu um encontro público com seu responsável mundial, padre Julián Carrón. O encontro aconteceu no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, e estavam presentes cerca de 10 mil pessoas, pelas estimativas da Polícia Militar.
O evento fez parte do encerramento da Assembléia de Responsáveis da América Latina (ARAL), que reuniu trezentos participantes do Brasil e quatorze países vizinhos, além de representantes da Espanha e da Itália. Do Brasil estavam presentes membros do Movimento provenientes das seguintes cidades: Araraquara, Belo Horizonte, Brasília, Brumadinho, Brusque, Campina Grande, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Itupeva, Jundiaí, Londrina, Macapá, Manaus, Parnaíba, Petrópolis, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Salvador, Santa Bárbara do Oeste, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, São Paulo, Sorocaba e Teresópolis. Cleuza e Marcos Zerbini, líderes da Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo, também convocaram os amigos que desejavam conhecer melhor esta experiência.
A programação teve início com a introdução de Marco Montrasi, responsável nacional de CL, contando o percurso deste ano, desde o encontro com padre Carrón, em 2008, na Praça da Sé. Em seguida, músicas ligadas à história do Movimento e a palavra de Dom Simão, Bispo Auxiliar de São Paulo, enviado como representante do Cardeal Dom Odilo Scherer. Na seqüência foram convidadas algumas pessoas que deram testemunho da própria experiência pessoal dos últimos anos e, por fim, a saudação de padre Carrón.
Eu não teria quase mais nada a dizer, posto o que vimos diante de nós nesses amigos que nos falaram antes, pois, para nós, o cristianismo é isso que vocês viram diante dos seus olhos: pessoas mudadas, com uma intensidade de vida, que nenhum deles poderia ter imaginado antes. Isto é o cristianismo, não é algo para pessoas “piedosas”, para pessoas que não têm mais nada o que fazer na vida; mas justamente é algo para pessoas que querem viver mais intensamente. Porém, para que o cristianismo possa plantar esse desafio na vida é necessário que existam pessoas, pessoas que o vivam dessa forma: testemunhas! Testemunhas da intensidade de vida que Cristo introduziu na história. E quando uma pessoa vê isso ela só consegue desejar fazer parte também.
Quando eu ensinava em Madri, eu dizia aos meus estudantes que o cristianismo se comunica pela “inveja”. Uma pessoa vê a outra pessoa viver com uma intensidade, com uma alegria, com um gosto que ela também gostaria de ter. Por isso, nós estamos aqui: porque nós encontramos isso, eu encontrei um homem que vivia assim. Chamava-se Dom Luigi Giussani, e ele introduzia na vida uma febre, uma paixão, que fazia nascer em todas as coisas cotidianas uma intensidade desconhecida. Transformava as coisas cotidianas, as coisas entediantes, em uma apaixonada história. E é por isso que eu fiquei fascinado quando o encontrei. Eu fiquei impressionado por uma intensidade de vida que o cristianismo proporcionava e que eu não conhecia antes. Desde então, Dom Giussani começou a despertar em mim uma simpatia pela minha humanidade, pelos meus desejos, pelas minhas paixões. Ele dizia que o Movimento provocava a simpatia nas pessoas exatamente por causa desta valorização dos desejos mais profundos que nos constituem. Porque ninguém leva a sério nossos desejos mais profundos. Desde que eu o encontrei, comecei a amar os meus desejos, a amar a minha humanidade, a amar minha paixão pela vida. Meus desejos se constituíam no critério para julgar tudo, para que ninguém brincasse comigo, para que ninguém me enganasse, porque todos queriam me oferecer uma resposta, porém nenhuma delas estava à altura dos meus desejos. Eu me lancei na vida como numa aventura, para descobrir o que correspondia aos desejos que explodiam no meu coração. Desde então, eu não tive mais medo dos meus desejos, não tive mais medo da minha humanidade, da infinidade dos meus desejos. Minha humanidade, em vez de ser um inimigo para alcançar a felicidade, era a minha aliada, que me lançava sempre a buscar aquilo que me fazia feliz.
Esta humanidade levada a sério dessa forma me fez descobrir quem era Cristo, pois para descobrir a Cristo, para descobrir o valor de Cristo para a própria vida é necessária essa humanidade. As pedras não se maravilham e não se comovem com a beleza das montanhas. Quem é como as pedras, quem não tem humanidade, quem não tem desejos, quem não tem paixão pela vida, este não pode descobrir quem é Cristo. E nem mesmo pode se emocionar diante do seu namorado ou da pessoa que ama, ou diante de um pôr do sol: não gosta de nada. Nada lhe entusiasma, nada lhe apaixona: a vida é um tédio insuportável. Cristo se fez carne, se fez homem para despertar toda a nossa paixão por viver, e só descobre o valor de Cristo quem tem essa humanidade. E o fato de Cristo ser exatamente aquele que faz nascer em nós essa humanidade, nós o vemos hoje em pessoas como Cleuza e Marcos, como os amigos que nos falaram antes.
Muitas vezes, amigos, nós ouvimos falar de Cristo como uma coisa religiosa que achamos que já conhecemos e pela qual não estamos interessados. Cristo começa a ser interessante quando encontramos pessoas que vivem melhor do que nós e que nos despertam o desejo de viver como elas. Pois, quando uma pessoa ama minimamente a si mesma, não pode deixar de desejar ser feliz. Ter essa pessoa diante dos nossos olhos é a confirmação de que Cristo ressuscitou e que vive em nosso meio. Por isso, eu dizia sempre aos meus alunos: “É conveniente para vocês encontrar a Cristo; se você se apaixona, lhe é conveniente encontrar a Cristo; se você deseja viver, lhe é conveniente encontrar a Cristo; se você quer aprender o gosto do viver, lhe é conveniente encontrar a Cristo, porque Cristo entrou na vida para fazê-la cem vezes melhor, cem vezes mais interessante e mais apaixonante, porque nós somos pobres coitados e não somos capazes de viver à altura do nosso desejo”.
Quando temos a simplicidade de deixá-Lo entrar, percebemos que mudança Ele produz em nós, que experiência de liberdade, como vimos na Luana: “Tudo novo, viver muito mais”, ela dizia. “Um gosto por tudo, um gosto pelo estudo”, dizia outra pessoa. “Um gosto e uma paixão pela Associação que havia decaído”. Sem Cristo tudo decai, porém, com Cristo tudo recupera o seu frescor, a sua novidade. É por isso que eu entendo perfeitamente o que dizem a Cleuza e o Marcos: que cresceu neles a paixão por Cristo, como cresceu em mim a paixão por Cristo. A paixão por Cristo cresce proporcionalmente a essa novidade de vida que Ele nos comunica. Por isso, estou contente em poder lhes dizer essas coisas, pois assim vocês podem participar da alegria com que vivemos. Um grande cristão, que foi São Paulo, dizia: “Não queremos ser senhores da vossa fé, mas colaboradores da vossa alegria”. É isso que eu experimento com vocês e vocês comigo: todos colaboramos à alegria recíproca. Isto é ser amigos: ter como objetivo que o outro seja feliz, que o outro viva contente. Por isso, espero que possamos continuar fazendo o caminho juntos para nos acompanharmos nessa alegria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário