"'Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna' (Jo 3, 16). Portanto, o significado deste Filho, deste Verbo feito carne, identificado com um homem nascido de uma mulher, é revelar totalmente o amor do Mistério, o amor que o Mistério tem pela sua criatura: revelar completamente o amor de Deus Pai.
Cristo, este homem nascido em Belém, que viveu em Nazaré, naquele momento preciso e fugaz da história, é o nosso Destino feito presença e companhia, é o mistério de Deus feito presença e companhia perene, por todo o tempo da sua criatura. 'Estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo' (Mt 28, 20); afirmação suprema do Criador como amor.
Em Jesus se revela o relacionamento de Deus com a sua criatura como amor e, portanto, como misericórdia.
O que acrescenta à palavra amor a palavra misericórdia, o perdão, é difícil entender, porque à palavra amor nada se pode acrescentar; mas à nossa percepção do significado desta palavra, a palavra misericórdia acrescenta o fator do Mistério, pelo qual todas as nossas medidas e as nossas imaginações saltam. A misericórdia é a posição do Mistério, indica a posição do Mistério em relação a qualquer fraqueza, erro e esquecimento humano: Deus, diante de qualquer delito do homem, o ama.
A aceitação desta misericórdia, o reconhecimento desta misericórdia é a suma moralidade, o vértice da moralidade; tal aceitação é o profundo da autenticidade do reconhecimento que o homem, a liberdade do homem, realiza do Mistério, do Mistério como fonte de tudo, do 'Deus tudo em tudo'.
Não é possível mendigar a Deus Pai sem o abandono a uma misericórdia."
(GIUSSANI, Luigi. L'uomo e il suo destino: in cammino, 1999, pp. 35-36)
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