domingo, 5 de setembro de 2010

Cartas do P.e Aldo 160




Asunción, 5 de setembro de 2010.

Caros amigos,
Eis-me de volta a casa. Os meus filhos muito felizes. Vejam o que uma menina me escreveu: “Quero dizer que estou feliz com o seu retorno. Que graça saber que você voltou. Senti muito a sua falta. Agora, não quero mais chamar você de Padre Aldo, mas de papai Aldo. Papai Aldo, você é o melhor papai e eu o amo muito, e fico feliz por saber que você quer o meu bem, porque nem minha própria família me trata tão bem como me tratam na Casinha de Belém, que é a minha verdadeira família. Elizabeth”.
Deixo a vocês imaginarem o que significa para mim ver que tão logo pisei o solo dessa terra todos vieram ao meu encontro, dizendo: “Finalmente”. A minha alegria chegou às estrelas, mesmo porque o mais violento deles (há um tempo atrás), mostrando-me o boletim do segundo trimestre, tinha tirado 5 em todas as matérias, que é a nota máxima no Paraguai. Milagre do amor – “eu sou Tu que me fazes” – que penetra as fibras mais íntimas das minhas crianças e as muda.
Ao mesmo tempo, não vi mais o pequeno Alberto (vejam a foto), de dois anos, que morreu durante a minha ausência, deixando-nos todos cheios de dor.
Assim também, não encontrei mais o jovem Abraão, que tinha se casado antes de eu partir, doente de AIDS e com um câncer. Eu o havia deixado feliz, em lua de mel, na clinica, obviamente junto com Susana, a garota com a qual convivia e que tinha contagiado com AIDS e com a qual se tinha casado antes que eu partisse (vejam as fotos).
Ela me esperava com sua carga de amor e dor. Deu-me este bilhete comovente que é um soco no estômago, bilhete comovente, particularmente, para quem tem problemas (frequentemente infantis) de relacionamento no matrimônio: “Abraão se realizou como cristão e eu estou em paz, porque graças à AIDS pude conhecer a Deus, toda a Sua bondade, todo o Seu amor. Agora, fiquei sozinha, mas com um grande desejo de continuar vivendo, lutando por um novo amanhecer. Aqui, na Clínica Divina Providência, conheci pessoas capazes de tanto amor que espero que existam outros lugares como este para todos os doentes como eu, para que possam conhecer a Jesus. Tenho AIDS e não tenho medo dela. Não tenho medo de contar a minha história, porque encontrei a Jesus. Os meus pais, desde quando souberam disso, estão sofrendo muito, mas eu lhes digo, como a todos, que a morte é uma realidade que todos devemos enfrentar e, por isso, somos chamados a nos preparar bem, na certeza de que Deus nosso Pai está se preocupando por nós”.
Amigos, isto é o cristianismo, esta é a fé. Se os nossos olhos estivessem fixos nestes fatos, como seríamos livres e capazes de gratuidade!
Carrón, introduzindo o encontro de responsáveis em La Thuile nos chamava a atenção, na primeira noite, para a conversão e lembrava as palavras do profeta: “Amei-te com um amor eterno, atraindo-te para mim, tendo piedade do teu nada”.
Tudo o que acontece aqui é esta consciência, que, porém (isto é essencial e devemos pedir a Nossa Senhora para entender isso) pode acontecer, como vi em tantas pessoas humildes e que seguem a Carrón como filhos, olhando como ele vive esta certeza, mesmo na Itália. Ao invés, quem, estando na Itália não a vive, não a viverá em lugar algum.
Rezem por mim e por nós. É o gesto mais belo de amizade e somente disso temos necessidade porque, com isso, Jesus nos dá o resto.
Com afeto.
Padre Aldo

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