Bento XVI
Regina Coeli
Praça São Pedro
Domingo, 6 de junho de 2011.
Caros irmãos e irmãs,
A solenidade de Pentecostes, que celebramos hoje, conclui o tempo litúrgico da Páscoa. Com efeito, o Mistério Pascal – a paixão, morte e ressurreição de Cristo e a sua ascensão ao Céu – encontra a sua realização na poderosa efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos junto com Maria, a Mãe do Senhor, e os outros discípulos. Foi o “batismo” da Igreja, batismo no Espírito Santo (cf. At 1, 5). Como narram os Atos dos Apóstolos, na manhã da festa de Pentecostes, um ruído como de vento investiu o Cenáculo e sobre cada um dos discípulos desceram línguas como de fogo (cf. At 2, 2-3). São Gregório Magno comenta: “Hoje, o Espírito Santo desceu com ruído imprevisto sobre os discípulos e mudou as mentes dos seres carnais dentro do seu amor, e enquanto, por fora, apareceram línguas de fogo, por dentro os corações se tornaram flamejantes, visto que, acolhendo Deus na visão do fogo, suavemente arderam de amor” (Hom. in Evang. XXX, 1: CCL 141, 256). A voz de Deus diviniza a linguagem humana dos Apóstolos, os quais se tornam capazes de proclamar de modo “polifônico” o único Verbo divino. O sopro do Espírito Santo enche o universo, gera a fé, arrasta a verdade, predispõe à unidade entre os povos. “Ao ruído, a multidão se reuniu e ficou perturbada, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” acerca “das grandes obras de Deus” (At 2, 6.11).
O Beato Antonio Rosmini explica que “no dia de Pentecostes dos cristãos, Deus promulgou... a sua lei de caridade, escrevendo-a por meio do Espírito Santo não sobre tábuas de pedra, mas no coração dos Apóstolos, e por meio dos Apóstolos comunicando-a, em seguida, a toda a Igreja” (Catechismo disposto secondo l’ordine delle idee... n. 737, Torino 1863). O Espírito Santo, “que é Senhor e dá a vida” – como recitamos no Credo –, está junto do Pai por meio do Filho, e completa a revelação da Santíssima Trindade. Provém de Deus como sopro da sua boca e tem o poder de santificar, abolir as divisões, dissolver a confusão devida ao pecado. Ele, incorpóreo e imaterial, confere os bens divinos, sustenta os seres vivos, para que ajam em conformidade com o bem. Como Luz inteligível dá significado à oração, dá vigor à missão evangelizadora, faz os corações de quem escuta a feliz mensagem arderem, inspira a arte cristã e a melodia litúrgica.
Caros amigos, o Espírito Santo, que cria em nós a fé no momento do nosso Batismo, nos permite viver como filhos de Deus, conscientes e concordes, segundo a imagem do Filho Unigênito. Mesmo o poder de remir os pecados é dom do Espírito Santo; de fato, aparecendo aos Apóstolos na noite de Páscoa, Jesus soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados” (Jo 20, 23). À Virgem Maria, templo do Espírito Santo, confiemos a Igreja, para que sempre viva através de Jesus Cristo, da sua Palavra, dos seus mandamentos, e sob a ação perene do Espírito Paráclito, anuncie a todos que “Jesus é o Senhor!” (1Cor 12, 3).
* Extraído do site do Vaticano, do dia 12 de junho de 2011. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
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