Asunción, 06 de março de 2009.
Caríssimos amigos,
Olhem que bela é Alice, uma das minhas filhas mais caras, doente de AIDS, e que, finalmente, voltou para casa. Sim, porque muitas vezes, sempre que se recuperava voltava para a rua para levar a vida de sempre, contagiando centenas de pobres seres humanos. Tem três crianças, uma das quais vive comigo, junto com os meus filhinhos. Tem 21 anos. É bela esta minha filha. Está muito mal: a AIDS a está devorando.
Eu a abracei como só um homem pode abraçar uma mulher, como só a virgindade permite, porque somente a virgindade faz reflorescer uma árvore seca. Ela pediu: “papai, quero me confessar”. “Filha, me basta este pedido para que eu lhe dê a absolvição”. Um minuto e, depois, a festa. Mas, vocês entendem o que Jesus quis dizer como “as prostitutas vos precederam no Reino dos Céus”?
Eu a olho: está muito mal. Aproximo-me dela; ela quer se sentir abraçada, quer que lhe façam um carinho. Um objeto que sempre foi usada para divertir àqueles que tinham sede de sexo; agora, é ela mesma, uma mulher: que bonito!
Uma mulher. Olho-a, enquanto ela me aperta as mãos... e penso em Jesus, naquela vez com a mulher adúltera: “mulher!...”. Chama-a “mulher”. Que belo! A palavra “mulher”, para mim, como é usada por Jesus descreve toda a sua grandeza.
Pois bem, agora, ela está aqui com um único desejo: viver a dignidade encontrada. Para ela, floresceu a esperança que, como nos recorda a Escola de Comunidade, é a Glória de Deus, e a certeza de que Cristo já venceu.
Por isso, Alice é segura e não teme o futuro, porque sabe que este abraço que nunca a deixou é definitivo.
Com afeto
P.e Aldo
P.S.: Uma de suas filhas vive comigo na Casinha de Bélem.
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