Publico uma carta que o P.e Aldo escreveu pouco depois da morte de Eluana Englaro... dando sequência à publicação das cartas mais antigas.
Asunción, 06 de fevereiro de 2009.
“Se meu pai não vive, então ninguém tem o direito de viver” e, voltando para casa, matou todos os animaizinhos domésticos aos quais era afeiçoado e que cuidava com tanto amor.
Falo de Fabrício, um menino da nossa escola, que tem 8 anos de idade. Quando a mãe me contou a reação de Fabrício, que viu seu pai morrer afogado nas águas do Rio Paraguay, domingo passado, meu pensamento correu para o pai de Eluana. “Se Eluana não vive, então ninguém tem direito à vida”... e se Fabrício, na sua ingenuidade desesperada, voltou para casa e matou todos os animaizinhos domésticos, o que acontecerá àquele “pobre” homem, o pai de Eluana, uma vez que matou sua filha?
À dor por Eluana se une a minha dor pelo pai que, uma vez eliminada a filha, apagadas as luzes da balbúrdia ideológica, se encontrará sozinho como um cão e atormentado pelo remorso. E quais serão as consequências para ele? Não ouso nem mesmo pronunciar a terrível palavra “suicídio”... porém, a realidade não dá descontos a ninguém, quando não é respeitada. Olhado para Fabrício, rezo pelo pai de Eluana, porque ela já está, há um tempo, no Paraíso... mas, este homem onde está? Acredito que no inferno do desespero... desespero censurado, por enquanto, pela ideologia de que é vítima.
Rezemos por ele, para que Deus o ilumine... antes que seja tarde e ele tenha que prestar contas com o gesto que o meu filhinho Fabrício realizou.
Não esqueçamos: a ideologia engana sempre e, se primeiro ela nos coloca no pedestal, depois nos mata e nos empurra a nos matarmos. Que Jesus tenha piedade de nós e daquele pobre homem.
Com afeto
P.e Aldo
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