sexta-feira, 24 de julho de 2009

Educar: fazer crescer homens capazes de construir o futuro

“Quem não vê que existe um nexo persuasivo entre as hipóteses educativas circulantes e o edifício social que, de fato, se está construindo?”, perguntou-se, nos últimos dias, o cardeal Angelo Bagnasco, presidente dos bispos italianos. Que grande verdade e que formidável juizo sobre as próximas eleições nos ofereceu o cardeal (SamizdatOnLine)

Não por acaso este aspecto do seu discurso não foi muito valorizado, enquanto que se deu muita ênfase ao seu chamado de atenção sobre a questão dos salários mais adequados às necessidades das famílias.
A pergunta retórica de Dom Bagnasco poderia ser traduzida assim: diz-me como educas e te direi que sociedade estás construindo. Dirigida aos políticos, a pergunta apresenta esta primeira declinação: diz-me se para ti a questão da educação é central e te direi se teu programa se apoia sobre fundamentos sólidos.
Educar significa fazer crescer homens capazes de construir o futuro. A quem, pensando no estado da nossa escola, vem à cabeça que, entre aquelas salas de aula, se está construindo um futuro positivo para a nossa sociedade?
A política louva os jovens, os coloca na lista como cabos eleitorais, mas é incapaz de pronunciar palavras sérias e não instrumentais sobre sua necessidade primária que é a educativa.
Um sacerdote toscano do século XIX, Giovanni Battista Quilici, viveum no meio de grandes emergências sociais que soube enfrentar com o método da caridade cristã. Na sua Livorno houve até uma epidemia de cólera que provocou muitas mortes. Ele escreveu às autoridades dizendo que a emergência educativa, a carência de educação para os garotos e garotas de seu tempo, era um problema social devastante, mais do que a peste mortal. Era precisa alguém que se empenhasse em “ajustar a mente e reformar o coração” dos jovens. Uma extraordinária definição de educação.
O objetivo da política é permitir, a quem é capaz de educar, que possa fazê-lo. Quem é capaz de falar aos jovens, de provocar a sua razão, de alimentar a sua inteligência, di solicitar a comparação com as exigências insuprimíveis de seu coração, deve ser livre para fazê-lo. Em nosso país está aberta uma grande questão política: a liberdade de educação. Eis a segunda declinação da pergunta dirigida aos políticos: o teu programa prevê a liberdade de educação?
É um sinal dramático da crise cultural dos nossos tempos que um jornalista famoso permita-se, sem suscitar reações indignadas, reduzir a uma caricatura o tema da liberdade de educação. Por sorte um outro jornalista, também famoso, anunciou que este será o principal ponto da sua campanha eleitoral.
Liberdade de educação quer dizer deixar as famílias livres para escolher a escola que julgam mais adequada para a necessidade de verdade e de beleza de seus filhos. A liberdade deve ser completa, mesmo no plano econômico. Há mil razões – que, aqui, é impossível resumir – para sustentar que a liberdade de educação faz bem a toda a escola, mesmo a pública. É preciso liberar energias, romper um monopólio que se mostrou falho. O objetivo do Estado é – uma vez garantida a liberdade – vigiar para que se evitem abusos.
Restituamos a plena liberdade de educar a quem é seu legítimo titular – famílias, comunidades locais, confissões religiosas – e teremos, amanhã, mais homens capazes de construir o futuro. A sociedade renasce apenas a partir da educação e a educação vive apenas na liberdade.

* Texto extraído de SamizdatOnLine, do dia 07 de maio de 2009, escrito por Valerio Lessi. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

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