São João Maria Vianney
Depois que a multidão comera até saciar-se, Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” Assim que subiram na barca, o vento se acalmou. Os que estavam na barca, prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”. Após a travessia desembarcaram em Genesaré. Os habitantes daquele lugar reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados (Mt 14,22-36).
Comentário feito por Santo Isaac, o Sírio (séc. VII)
Monge perto de Mossul
Àquele cujo coração está fundado na esperança da fé não falta coisa alguma. Embora nada tenha, tudo possui pela fé, como está escrito: "Tudo quanto pedirdes com fé, na oração, recebê-lo-eis" e "O Senhor está perto. Não vos inquieteis por coisa alguma" (Mt 21, 22; Fil 4, 5-6). O intelecto está sempre à procura de meios que lhe permitam reter aquilo que adquiriu; mas a fé diz que, "se não for o Senhor a edificar a casa, em vão trabalham os construtores" (Sl 126, 1). Aquele que reza na fé nunca vive apenas do conhecimento intelectual. Esse saber faz o elogio do temor. O sábio disse: "Feliz aquele que teme no seu coração". Mas o que diz a fé? Que, quando teve medo, Pedro começou a afundar-se. E ainda: "Vós não recebestes um espírito de escravidão, para cair de novo no temor; recebestes, pelo contrário, um espírito de adoção" (Rom 8, 15), que nos dá a liberdade da fé e da esperança em Deus. A dúvida segue-se sempre ao medo [...]; o medo e a dúvida manifestam-se sempre na busca das causas e no exame dos fatos, porque o intelecto nunca alcança a paz. A alma está muitas vezes sujeita aos imprevistos, às dificuldades, às numerosas armadilhas que a fazem perigar, mas nem o intelecto nem as diferentes formas de sabedoria podem ajudá-la. Pelo contrário, a fé nunca se deixa vencer por nenhuma destas dificuldades. [...] Vês a fraqueza do conhecimento e o poder da fé? [...] A fé diz: "Tudo é possível a quem crê" (Mc 9, 23), "pois a Deus tudo é possível" (10, 27). Ó riqueza inefável! Ó mar que nas suas vagas transporta semelhante riqueza, tesouros maravilhosos que dele transbordam pelo poder da fé!
Nenhum comentário:
Postar um comentário