quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cartas do P.e Aldo 150



Asunción, 20 de junho de 2010.

Caros amigos,
Hoje, completam-se 39 anos em que sou sacerdote e feliz. Feliz não por ser sacerdote, mas por ser totalmente de Cristo, por poder dizer todos os dias “Tu, meu Cristo”.
Nunca poderia ter imaginado o que Deus fez desse pouco de lama, no qual infundiu o sopro divino e, depois, fez reconhecer no batismo. Um nada que Deus usa para mostrar a Sua misericórdia a todos e, em particular, aos diversos “nadas” que estão pelo mundo, excluídos de tudo e perto da morte ou vítimas das piores violências.
Hoje, dois dos meus filhos (que são tantos) me fizeram festa... os meus filhinhos me comoveram com a sua ternura (hoje, aqui no Paraguai, celebra-se a festa de uma figura que não existe. Nós, porém, celebramos a festa da família)... particularmente Maria, a menina de 14 anos que, há três meses atrás, vivia e dormia na rua. Sozinha e abusada, chegou na parte da manhã, depois de ter sido surrada por jovens como ela. Suja, com uma mochilinha nas costas... Agora, é feliz. 
O pequeno Alberto, por sua vez, (vejam a foto), tem um ano e meio, pesa 7 kg, e é doente terminal, porque nasceu com dos rins sem funcionar, foi abandonado pela mãe... e, no entanto, vejam como é contente, como brinca. Somente um transplante poderia salvá-lo... Mas, como fazer isso aqui, onde a pobreza é grande...
Depois, veio Celeste... e depois, aquela mulher que toca violão e que tem um câncer que lhe comeu a parte direita da boca... e, no entanto, como cantava, hoje, para mim!
Amigos, esta é a virgindade: uma plenitude de paternidade, uma plenitude que se realiza enchendo de alegria os meus pacientes terminais e as minhas crianças.
Feliciano – que perdeu uma perna e tem uma ferida na outra que fede terrivelmente –, à minha pergunta, “Como está, Feliciano?”, respondeu: “Padre, o meu nome já diz tudo: estou felicíssimo”. “E a perna que lhe falta?” “Foi para junto do Senhor, e eu disse a ela: feliz viagem!” “E como está hoje, Feliciano?” “Padre, tranquilíssimo”. E, no entanto, tem os dias contados.
Amigos, “pode um homem velho renascer?”. Tudo aquilo que o Carrón nos diz eu vejo, instante depois de instante, em mim e em todos aqueles que sofrem e vivem comigo.
Confio-me às orações de vocês, para que eu seja capaz de levar a bom termo a minha missão. 39 anos de sacerdócio é muito e é uma graça única.
Padre Aldo
P.S.: nas fotos, o pequeno Alberto com uma enfermeira da clínica e a festa que fizeram para mim.

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