Por Laura Cioni
Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lion, no dia 24 de junho de 1900. A vida deste homem sensível e aventureiro é rica de ações: começa com uma juventude solitária; aos 12 anos voa pela primeira vez e, desde então, a sua paixão será o voo. Primeiro, torna-se piloto em uma companhia comercial que fazia o trajeto Toulouse-Dakar; depois, em 1930, vai para Buenos Aires, onde se torna diretor do correio aéreo entre Argentina e França e, ali, encontra a mulher de sua vida. O casamento foi tempestuoso, mas também a companhia na qual Saint-Exupéry trabalhava se encontrava em águas agitadas; muito rapidamente, passou para as mãos da Air France.
O piloto, então, passou a se dedicar ao jornalismo e à escrita; tentou transferir-se para a rota Paris-Saigon, mas a empresa se transformou num desastre no deserto da Líbia. A paixão pelo voo o induziu a se alistar na aeronáutica francesa durante a Segunda Guerra Mundial. A morte o surpreendeu em 1944, enquanto sobrevoava o mar Mediterrâneo, em um acidente que nunca foi esclarecido por completo. “Transporte de cartas, transporte da voz humana, transporte de imagens tremidas – neste século, como em outros, os nossos maiores progressos sempre tiveram o único objetivo de colocar os homens em contato”: assim o piloto descrevia o significado do seu trabalho e não é difícil encontrar nessa paixão pelo vínculo entre os seres humanos a resposta para a sua solidão de criança.
De resto, o seu pequeno príncipe representa a nostalgia da infância, mas também personifica a solidão na qual frequentemente as crianças são deixadas em um mundo que não considera a sua necessidade profunda de relações significativas, que não sejam aquelas dependentes do ter e do fazer ter. Deste ponto de vista, a criatura de Saint-Exupéry não demonstra os seus anos (o livro é publicado em 1943, em inglês) e mantém o frescor e a melancolia, que foram os fatores do seu sucesso em todo o mundo. É a fábula suave de um encontro no deserto entre um aviador e uma misteriosa criança caída do céu.
Os dois falam de coisas aparentemente sem importância, mas depois se tornam amigos; e o pequeno príncipe, de forma cândida, revela ao homem maduro o seu segredo de amor por uma rosa e a beleza dos pores do sol e da cor do trigo. Assim, se separam; mas permanecerá sempre, para o aviador, o encanto daquela pequena figura vinda das estrelas, que tem a doçura das crianças, mas também a severa dignidade dos cavaleiros antigos. Se há algo que ainda pode fascinar neste conto de fadas não é a acusação lançada contra o mundo adulto de não compreender as crianças e nem mesmo a ternura francesa dos diálogos.
É muito mais a vastidão do deserto, o lugar mais parecido com o céu, no qual tudo ocorre e que explica em parte a profundidade do que acontece; é também a advertência sobre a grande solidão do homem no cosmo e sua necessidade de uma companhia adequada a si e à sua exigência de sentido e de amor. Por isso, todos somos um pouco afeiçoados pelo pequeno príncipe e pelo afortunado aviador que o encontrou, por ambos que foram embora da terra de forma misteriosa.
* Extraído do IlSussidiario.net, do dia 29 de junho de 2010. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
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