a verdade disso tudo
como quem faz um estudo,
sem que ao cabo do lazer,
do prazer de havê-lo feito,
tenha-se enfim feito nada
daquilo tudo: a estocada
já estava mesmo no peito.
Imagino algum poeta
nalguma língua estrangeira
este mesmo instante à beira
de escrever isso... Há uma reta
que, pelo meio da gente
como uma régua da vida,
é uma frase repetida,
a mesma, insistentemente:
"... porque é possível fazer
toda a realidade disso
sem o enfadonho exercício
de fazê-lo, de o viver..."
TOLENTINO, Bruno. As horas de Katharina com a peça inédita A andorinha, ou: A cilada de Deus. Rio de Janeiro: Record, 2010, p. 76.
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