Asunción, 22 de fevereiro de 2009.
Caros amigos,
Giussani nos repetia continuamente, e Carrón nos mostra a mesma coisa na sua “carne”, que existe um critério objetivo e infalível para julgar tudo: é o coração.
E o juízo é Cristo, é a certeza de que “eu sou Tu que me fazes”. Um juízo que arrasta tudo consigo – sentimentos, estados de ânimo, depressão, doenças, mal humor, infidelidades, problemas entre marido e mulher, traições etc. Arrastar, para mim, quer dizer que todas as coisas são como uma ferida, se reconhecidas, feridas que abrem a razão e permitem que ela grite. Dentro de todas as confusões, tentem dizer “eu sou Tu que me fazes”, mas, pelo menos, com um mínimo de certeza de que seja verdadeiro, e lhes garanto que tudo, como dizia o Evangelho de hoje (sábado), se transfigura, se torna objetivo, real. Tudo se manifesta no esplendor do ser. Digo essas coisas porque muitos dos emails desta semana me gritavam a mesma coisa que gritam aqueles que não conheceram a Cristo. As coisas enumeradas acima não são coisas dos pagãos... são coisas que vocês, caros amigos, me escrevem, porque é entre nós que acontecem, porque somos como todos... porém, a nós aconteceu, acontece hoje, algo e Carrón nos indica este algo: “existe um critério objetivo e infalível para julgar tudo, o coração”.
E é partindo disso que, por exemplo, o problema afetivo ou da fidelidade matrimonial reencontra aquele respiro de infinito que nos ajuda a entender que não tem sentido viver de aventuras, e que todo relacionamento que prescide da realidade e da condição na qual a pessoa vive é aventureiro. Por isso, é belo quando escuto amigos que me dizem, como os Zerbini: “mas nós, Marcos e eu (Cleuza; ndt), estamos juntos apenas por Cristo, porque Marcos é, para mim, o sinal inconfundível de Cristo”. E isto é um juízo que chega até mesmo a modificar um estado de ânimo de fastídio em um beijo cheio de ternura.
Para mim, cada dia é assim. Ontem, quando cheguei na paróquia, depois de voltar do Brasil, tive que prestar conta com duas jovens mães mortas na clínica e, alguns instantes depois, com um outro homem que morria e, em seguida, me chega também a notícia de que me haviam confiado uma criança indígena de três meses, doente e abandonada. Eu estava cansado e estava fazendo um calor insuportável. Eu poderia dizer que todas as condições eram favoráveis para eu escapar, perder a paciência, ficar com raiva de Deus, em particular pela morte das duas jovens mães. O meu estado de ânimo era “negro”. Porém, como um raio, algo inverteu o meu ser: “eu sou Tu que me fazes”, “a realidade é providencial”, “mesmo os cabelos da minha cabeça estão todos contados”. Este juízo literalmente mudou a minha posição: a raiva se tornou adoração, o fastídio se tornou liberdade para abraçar aquelas situações com letícia. E assim é em cada instante do meu cotidiano... mas esta é a verdadeira e bela aventura de arriscar-se na realidade.
E também tem os milagres. Ontem de noite, fui ao bar com Celeste. Olhem-na na foto... e não me digam que a realidade é inimiga, que a realidade é negativa. Ela deveria estar já, há um mês, no cemitério e, naquele momento, estava no bar comigo. Uma prova a mais da grande verdade do Evangelho que conta a história da hemorroísa. Quem sabe se os médicos... entendem?! Os humildes, sim... os outros, absolutamente não.
Depois, mesmo estando cansadíssimo, ontem à noite, às 23h, fui à clínica para verificar toda a cozinha, ângulo por ângulo, e os armários dos enfermeiros, para ver se, de fato, estavam vivendo aquilo que diz São Paulo: “a realidade é o corpo de Cristo”. Aí, hoje de manhã, quando a clínica despertava para a adoração ao Santíssimo, a procissão, a leitura do Evangelho (da Transfiguração), eu chamei a atenção de todos: “o que aquela panela de ferro cheia de leite estava fazendo dentro da geladeira?... não se coloca o leite dentro da geladeira numa panela de ferro, mas num recipiente de plástico... a realidade é o corpo de Cristo”.
É um juízo que modifica até mesmo o modo de colocar as colheres para lavar, como me dizia uma enfermeira... o mesmo com o urinol ou com o prato dos doentes: “Padre, olha como estão brilhando... é verdade que mesmo os instrumentos de trabalho são o corpo de Cristo”, ela me dizia.
Com afeto
P.e Aldo
Giussani nos repetia continuamente, e Carrón nos mostra a mesma coisa na sua “carne”, que existe um critério objetivo e infalível para julgar tudo: é o coração.
E o juízo é Cristo, é a certeza de que “eu sou Tu que me fazes”. Um juízo que arrasta tudo consigo – sentimentos, estados de ânimo, depressão, doenças, mal humor, infidelidades, problemas entre marido e mulher, traições etc. Arrastar, para mim, quer dizer que todas as coisas são como uma ferida, se reconhecidas, feridas que abrem a razão e permitem que ela grite. Dentro de todas as confusões, tentem dizer “eu sou Tu que me fazes”, mas, pelo menos, com um mínimo de certeza de que seja verdadeiro, e lhes garanto que tudo, como dizia o Evangelho de hoje (sábado), se transfigura, se torna objetivo, real. Tudo se manifesta no esplendor do ser. Digo essas coisas porque muitos dos emails desta semana me gritavam a mesma coisa que gritam aqueles que não conheceram a Cristo. As coisas enumeradas acima não são coisas dos pagãos... são coisas que vocês, caros amigos, me escrevem, porque é entre nós que acontecem, porque somos como todos... porém, a nós aconteceu, acontece hoje, algo e Carrón nos indica este algo: “existe um critério objetivo e infalível para julgar tudo, o coração”.
E é partindo disso que, por exemplo, o problema afetivo ou da fidelidade matrimonial reencontra aquele respiro de infinito que nos ajuda a entender que não tem sentido viver de aventuras, e que todo relacionamento que prescide da realidade e da condição na qual a pessoa vive é aventureiro. Por isso, é belo quando escuto amigos que me dizem, como os Zerbini: “mas nós, Marcos e eu (Cleuza; ndt), estamos juntos apenas por Cristo, porque Marcos é, para mim, o sinal inconfundível de Cristo”. E isto é um juízo que chega até mesmo a modificar um estado de ânimo de fastídio em um beijo cheio de ternura.
Para mim, cada dia é assim. Ontem, quando cheguei na paróquia, depois de voltar do Brasil, tive que prestar conta com duas jovens mães mortas na clínica e, alguns instantes depois, com um outro homem que morria e, em seguida, me chega também a notícia de que me haviam confiado uma criança indígena de três meses, doente e abandonada. Eu estava cansado e estava fazendo um calor insuportável. Eu poderia dizer que todas as condições eram favoráveis para eu escapar, perder a paciência, ficar com raiva de Deus, em particular pela morte das duas jovens mães. O meu estado de ânimo era “negro”. Porém, como um raio, algo inverteu o meu ser: “eu sou Tu que me fazes”, “a realidade é providencial”, “mesmo os cabelos da minha cabeça estão todos contados”. Este juízo literalmente mudou a minha posição: a raiva se tornou adoração, o fastídio se tornou liberdade para abraçar aquelas situações com letícia. E assim é em cada instante do meu cotidiano... mas esta é a verdadeira e bela aventura de arriscar-se na realidade.
E também tem os milagres. Ontem de noite, fui ao bar com Celeste. Olhem-na na foto... e não me digam que a realidade é inimiga, que a realidade é negativa. Ela deveria estar já, há um mês, no cemitério e, naquele momento, estava no bar comigo. Uma prova a mais da grande verdade do Evangelho que conta a história da hemorroísa. Quem sabe se os médicos... entendem?! Os humildes, sim... os outros, absolutamente não.
Depois, mesmo estando cansadíssimo, ontem à noite, às 23h, fui à clínica para verificar toda a cozinha, ângulo por ângulo, e os armários dos enfermeiros, para ver se, de fato, estavam vivendo aquilo que diz São Paulo: “a realidade é o corpo de Cristo”. Aí, hoje de manhã, quando a clínica despertava para a adoração ao Santíssimo, a procissão, a leitura do Evangelho (da Transfiguração), eu chamei a atenção de todos: “o que aquela panela de ferro cheia de leite estava fazendo dentro da geladeira?... não se coloca o leite dentro da geladeira numa panela de ferro, mas num recipiente de plástico... a realidade é o corpo de Cristo”.
É um juízo que modifica até mesmo o modo de colocar as colheres para lavar, como me dizia uma enfermeira... o mesmo com o urinol ou com o prato dos doentes: “Padre, olha como estão brilhando... é verdade que mesmo os instrumentos de trabalho são o corpo de Cristo”, ela me dizia.
Com afeto
P.e Aldo
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