Proponho o texto que o Movimento Comunhão e Libertação está divulgando, na Itália, por ocasião do terremoto na região do Abruzzo. Nesses dias, se propõe, que as intenções de nossos gestos públicos sejam voltadas para as vítimas.
Mais uma vez fomos feridos no íntimo do nosso ser com mais um evento chocante. Tão chocante que é difícil evitar a pergunta sobre o seu significado, tanto ultrapassa a nossa capacidade de compreensão.
A questão é tão radical quanto incômoda. Não podemos tentar por um ponto final o mais rápido possível, ansiosos por virar a página o quanto antes para poder esquecer. Não é razoável manter-nos presos a uma emotividade que nos sufoca, e muito menos mudar o foco à busca de eventuais responsáveis.
A enorme caridade, que se documentou nestes dias como movimento espontâneo, e que será necessária principalmente nos próximos meses quando será preciso de mais ajuda, sugere que o esquecimento não é o único caminho. Nem mesmo esse movimento é capaz de eliminar a urgência do pedido, provocada pela experiência de nossa impotência diante do terremoto.
Acontecimentos deste tipo nos colocam diante do mistério da existência, provocando a nossa razão e a nossa liberdade de homens. Desperdiçar a oportunidade de olhar cara a cara para este acontecimento nos deixaria ainda mais perdidos e céticos. Porém, para estar diante do Mistério da existência, nós precisamos de algo mais do que a nossa solidariedade, por mais justa que ela seja. Sozinhos nós não somos capazes.
A companhia de Cristo – que está na origem do amor ao homem, próprio do nosso povo – revela-se mais uma vez decisiva na nossa história: uma companhia que dá sentido à vida e à morte, às vítimas, aos sobreviventes e a nós mesmos, e sustenta a esperança.
A iminência da Páscoa adquire, então, uma nova luz. “Quem não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com ele?” (Rm 8, 32).Comunhão e Libertação
Abril de 2009
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