sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cartas do P.e Aldo 64

Asunción, 28 de dezembro de 2008.

Caros amigos,
Chegou hoje! Se pode servir, me permito, mantendo o anonimato, inviar este email às centenas de pessoas que me escrevem e têm o mesmo problema.
Que belo ver como Jesus se serve mesmo dos pobres para dar esperança a quem perdeu o desejo de viver.
Com afeto,
P.e Aldo

Caríssimo P.e Aldo,
escrevo para agradecer ao senhor, porque o seu testemunho marcou uma reviravolta na minha vida.
Não nos conhecemos pessoalmente e, no entanto, sinto uma grande familiaridade com o senhor, porque o vínculo que nos une é mais forte que o vínculo de sangue.
Neste verão, não podendo ir ao Meeting, segui pela internet alguns dos encontros que eram apontados por amigos que haviam ido. Assim, me deparei com o seu testemunho. Fiquei fulgurante, porque o senhor falava de mim: também eu sofro de depressão, devo tomar sempre alguns medicamentos e estava com raiva porque a minha vida era triste e difícil. Não aceitava dever ser sempre assim. Mas as palavras do senhor – “a depressão é uma graça” –, ditas com a consciência e o sofrimento de quem a experimentou verdadeira na própria vida, mexeram comigo. Nunca acreditei nas alegrias fulgurantes, mas a história da vida do senhor, em alguns aspectos muito semelhante a minha, suscitou em mim um esperança inimaginável. Naqueles dias, eu havia escrito para um amigo dizendo que eu nunca seria uma protagonista, mas sempre e apenas ninguém. Sentia-me um nada e de nada valiam as palavras de quem me dizia o contrário. Aí, me parecem Vicky, as palavras do senhor e tudo adquire, devagarzinho, cor e espessura outra vez.
Estou vivendo um momento de graça que não pensava que pudesse acontecer na minha vida. Agora, eu sei que é possível viver assim! Não peço mais ao Senhor que me cure da depressão (se acontecer, será benvindo) porque entendi que não existe obstáculo para a graça. Deus pode fazer correr os rios para cima e eu me sinto assim: contra as leis da natureza, a minha vida está caminhando no máximo. Não faço grandes coisas como o senhor faz, mas nas minhas condições de mulher e de mãe, de professora e de amante da música e do canto, tento fazer frutificar os talentos que Deus me deu como posso. A depressão não é mais um obstáculo. E, por isso, devo agradecer ao senhor.
Quando eu vi o senhor falando, na tela do meu computador, eu chorava porque me identificava com o seu sofrimento, entendia a sua angústia, mas a vitória de Cristo sobre a depressão era ainda mais evidente. Desejei que acontecesse também comigo: se Cristo venceu a morte, como pode parar diante de uma depressão banal?
Hoje, mesmo sendo Natal, me sinto como um daqueles ícones russos nos quais o nascimento era representado com o presságio da morte e da ressurreição: eu estou viva, ou melhor estou renascida, estou ressuscitada! Sei que a doença poderá colocar outra vez na minha boca palavras de morte e de desespero, mas a verdade a estou dizendo agora: Cristo venceu a morte e, portanto, venceu também a minha depressão!
Espero muito poder encontrar o senhor, poder falar com o senhor, um dia, porque, como Giussani nos ensinou, quero buscar, a cada dia, o rosto dos santos para conseguir conforto em suas palavras.
Desejo ao senhor todo o bem e peço-lhe para rezar por mim e por todas as pessoas deprimidas.
Abraço o senhor em Cristo.

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