sábado, 30 de maio de 2009

Cartas do P.e Aldo 69



Asunción, 03 de março de 2009.

Escola de Comunidade com as cozinheiras, lavadeiras e faxineiras da clínica

A cada semana, mesmo o gato, se o tívessemos, sentiria a exigência de participar da catequese. O ponto de partida é sempre a realidade. E, para os funcionários da clínica, a realidade é, de fato, o corpo de Cristo, como escreve São Paulo aos Colossenses. Escutem o que alguns dos que participam disseram na última Escola de Comunidade:
1. Modesta: disse à brasileira que veio ajudar na clínica durante as férias de Carnaval, em companhia de outros amigos de CL e do Grupo Adulto, depois de ser perguntada sobre como fazia para preparar bem e pontualmente o almoço para todos os doentes: “eu sei que preparo o almoço para Jesus”.
2. Ainda Modesta: “Padre, outro dia, fui dar comida a Angel – aquele que tem um enorme câncer (cerca de 1kg) no rosto e que já tomou, inclusive, a sua boca, de forma que é preciso ir devagar com ele. A um certo ponto, saiu da sua boca um fio de sangue que começou a aumentar. Fiquei com medo e corri... mas, quando já estava no corredor que tem o Santíssimo no fundo, levantei o olhar e meus olhos cruzaram com a Hóstia Branca e... então, voltei para trás, para Angel, e vi que a enfermeira já estava com ele. Jesus me indicou a realidade que me chamava”.
3. Perla (uma das faxineiras): “Padre, eu estava limpando o quarto onde está Reinaldo – um homem joven ainda, com um grande câncer no rosto. Deve pesar um quilo este câncer. A enfermeira estava tirando dele dezenas de vermes, muitos dos quais tinham caído no chão e estavam caminando para o quarto ao lado. Fiquei assustada com o nojo daquilo e corri dali. Cruzei, então, com Modesta que me viu assustada e me perguntou por quê. Contei-lhe o que tinha acontecido e ela, com um rosto angelical, me disse: ‘vem aqui, pega a pá de lixo, a vassoura, peça ajuda a Jesus e vai limpar’. Obedeci e, ao invés de sentir vontade de vomitar, experimentei muita alegria” .
4. Reinaldo (o paciente com o horrível câncer). Durante o dia, continuamente, as enfermeiras devem limpá-lo, desinfetar aquela massa de carne podre. Aproximaram-se dele, um dia, e, antes que começassem a trabalhar, ele disse: “tenham paciência comigo”. Enquanto estam cuidando dele ou dando remédio para a dor, ele aperta os punhos e, ao invés de se lamentar com a enfermeira que sempre lhe pergunta se ele está mal ou sentindo dor, ele responde: “Não! Continue!”... Obviamente, ele o diz com um fiozinho de voz apenas. Força de vontade? Não. O Santíssimo Sacramento é, para nós, o coração da questão. Todos entendem isso: médicos, enfermeiras, os chefes do hospital... A saúde seria resolvida completamente, porque a ciência é só um complemento. Mas o fator, o coração da questão, é o eu nas suas relações com o Mistério. Também os médicos e amigos brasileiros – entre os quais enfermeiras e médicos – tocaram isso com as mãos e voltaram para a casa com o coração transbordante de gratidão.
Uma nota final: como seria belo que, em cada ambiente, se fizesse a Escola de Comunidade com quem vive o ambiente. Porém, é necessário acreditar no seu valor sacramental.
Com afeto
P.e Aldo
P.S.: as fotos mostram Patrícia no dia do seu Batismo, Crisma e Primeira Comunhão. Foi no domingo passado.

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