História de um anti-herói pobre, mas que sabe em quem acreditar: Cristo. Isto é Gran Torino. E o povo lota as salas de cinema para assistir ao filme
Por Luca Doninelli
Decerto muitos de vocês já assistiram a Gran Torino, a obra-prima de Clint Eastwood. Comentamos muito a respeito entre amigos e estou certo de que muito se falará ainda. Não lhes conto a história, em respeito aos que ainda não viram, mas pretendem fazê-lo. Não me deterei no valor cinematográfico nem nos numerosos assuntos tratados no filme. Quero dizer apenas que é um filme cristão, não apenas no sentido de que o cristianismo é afirmado como sentido exaustivo de toda a história, mas no sentido de que nos apresenta um tipo de homem que cresceu com uma atenção à realidade.
No princípio, o protagonista parece detestar o catolicismo, mas logo se percebe que, sob sua postura dura, existe uma idéia a respeito da santidade da vida, a de Cormar McCarthy, fique claro, e que, de acordo com o diretor do filme e do escritor, geraram os Estados Unidos, a sua força, o seu fascínio.
É sobre este ponto que quero me deter. Ou melhor, sobre o fato de que este filme, que não recebeu a mesma propaganda que outros (pois, compreende-se, não tinha cowboy gay nem moças maltratadas pelas freiras), obteve um sucesso sempre crescente, ao ponto de ser recorde de bilheteria em muitos países.
É estranho. O sentido deste filme coincide com algo que todos gostariam (assim parece) de eliminar da face da Terra. O cristianismo como significado total da existência humana. Mas, o mundo não havia mudado? Não havia já sido decidido que era hora de nos desembaraçarmos destas coisas? Porém, ao contrário, eis a surpresa: um filme repleto de memória cristã – e sem um fio de nostalgia dos bons tempos passados – se torna o filme do ano. E, não para nossos avós. Não! Mas, para as nossas gerações que se assemelham mais aos filhos do protagonista (vazios, sem outro objetivo que o dinheiro) do que a este velho octogenário e doente.
Quer dizer que o coração do homem não mudou. Não mudou ainda. A humanidade que fascina é aquela, não a que vem nas propagandas da TV ou das revistas. Uma humanidade pobre mas convicta daquilo em que crê. O protagonista descobre que aquilo em que crê não é nos Estados Unidos, mas sim, em Jesus Cristo.
É certo que é preciso mais para edificar a Catedral, a fim de que, como diz Elliot, o sangue dos mártires volte a escorrer no sagrado. Mas também, para destruir o coração do homem é preciso mais. O sucesso deste filme nos recorda que, embora os operários sejam poucos, a messe continua a ser imensa.
Como é estranho o nosso coração! Ocupado com tantas ninharias, porém sempre pronto, diante de Cristo – “mendicante do coração do homem” – a dizer “sou teu”.
Por Luca Doninelli
Decerto muitos de vocês já assistiram a Gran Torino, a obra-prima de Clint Eastwood. Comentamos muito a respeito entre amigos e estou certo de que muito se falará ainda. Não lhes conto a história, em respeito aos que ainda não viram, mas pretendem fazê-lo. Não me deterei no valor cinematográfico nem nos numerosos assuntos tratados no filme. Quero dizer apenas que é um filme cristão, não apenas no sentido de que o cristianismo é afirmado como sentido exaustivo de toda a história, mas no sentido de que nos apresenta um tipo de homem que cresceu com uma atenção à realidade.
No princípio, o protagonista parece detestar o catolicismo, mas logo se percebe que, sob sua postura dura, existe uma idéia a respeito da santidade da vida, a de Cormar McCarthy, fique claro, e que, de acordo com o diretor do filme e do escritor, geraram os Estados Unidos, a sua força, o seu fascínio.
É sobre este ponto que quero me deter. Ou melhor, sobre o fato de que este filme, que não recebeu a mesma propaganda que outros (pois, compreende-se, não tinha cowboy gay nem moças maltratadas pelas freiras), obteve um sucesso sempre crescente, ao ponto de ser recorde de bilheteria em muitos países.
É estranho. O sentido deste filme coincide com algo que todos gostariam (assim parece) de eliminar da face da Terra. O cristianismo como significado total da existência humana. Mas, o mundo não havia mudado? Não havia já sido decidido que era hora de nos desembaraçarmos destas coisas? Porém, ao contrário, eis a surpresa: um filme repleto de memória cristã – e sem um fio de nostalgia dos bons tempos passados – se torna o filme do ano. E, não para nossos avós. Não! Mas, para as nossas gerações que se assemelham mais aos filhos do protagonista (vazios, sem outro objetivo que o dinheiro) do que a este velho octogenário e doente.
Quer dizer que o coração do homem não mudou. Não mudou ainda. A humanidade que fascina é aquela, não a que vem nas propagandas da TV ou das revistas. Uma humanidade pobre mas convicta daquilo em que crê. O protagonista descobre que aquilo em que crê não é nos Estados Unidos, mas sim, em Jesus Cristo.
É certo que é preciso mais para edificar a Catedral, a fim de que, como diz Elliot, o sangue dos mártires volte a escorrer no sagrado. Mas também, para destruir o coração do homem é preciso mais. O sucesso deste filme nos recorda que, embora os operários sejam poucos, a messe continua a ser imensa.
Como é estranho o nosso coração! Ocupado com tantas ninharias, porém sempre pronto, diante de Cristo – “mendicante do coração do homem” – a dizer “sou teu”.
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