segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Realismo razoável e revolucionário


A audiência geral de quarta-feira, 05 de agosto de 2009, foi uma audiência à la Ratzinger: sóbria, concisa, mas sobretudo cheia de significado. Renato Farina, no jornal Libero, definiu esta audiência de forma sublime: Bento XVI, com o seu sorriso encantador e a sua voz de serafim, morde. Repetiu o nome do diabo, declarando-lhe guerra. Chama-se “Ditadura do Relativismo” (SamizdatOnLine).

O Papa, a Igreja e a República
150 anos depois da morte de São Cura d’Ars, Bento XVI quis recordá-lo, colhendo a força profética que marcou a sua personalidade humana e sacerdotal, evidenciando o aspecto de altíssima atualidade desta figura. Considerando-se que, na França pós-revolucionária, existia a “ditadura do racionalismo”, na época atual – explicou o Santo Padre – registra-se, em muitos ambientes, um tipo de “ditadura do relativismo”. Ambos são respostas inadequadas à justa urgência do homem no uso pleno da própria razão como elemento distintivo e constitutivo da própria identidade. O racionalismo foi inadequado porque não levou em consideração os limites humanos e pretendeu elevar a razão à única medida de todas as coisas, transformando-a em uma deusa; o relativismo contemporâneo mortifica a razão, porque, de fato, chega a afirmar que o ser humano não pode conhecer nada com certeza para além do campo científico positivo. Hoje, porém, como então, o homem “mendicante de significado e de realização” busca respostas exaustivas para as perguntas de fundo que não cessa de se colocar.
E as perguntas sobre si, que o homem de todos os tempos, se coloca são exatamente aquelas que o poder, em todas as suas variantes, tenta suprimir com todos os meios; são perguntas que fazem com que a Igreja se torne um inimigo a ser combatido e abatido porque somente nela conseguem encontrar uma resposta adequada e realização. Para entender como as palavras de Ratzinger não são falatório vazio de um velhinho senil basta ler o jornal La Repubblica que, cada vez mais, se está configurando no dispensador da moral, mais do que em jornal cotidiano. Num artigo de Stefano Rodotà, a Igreja não só é acusada de querer colocar “as mãos na vida” (sic!), como também de mostrar uma pretensão autoritária e ilegal de fazer da Itália um lugar onde às mulheres é impedida a possibilidade de fazer as mesmas escolhas que é possível fazer em quase todos os outros países europeus, portanto, é acusada de limitar a liberdade de escolha das mulheres. Enfim, para o La Repubblica, a Igreja estaria agindo somente em função de pretensões fundamentalistas, de falsificações de dados científicos e de irados protestos.
Certamente nem o La Repubblica, nem o exímio Rodotà – para quem a única coisa que conta é, no caso, dar às mulheres a possibilidade de escolher entre uma intervenção cirúrgica, definida como dolorosa, e uma “milagrosa” pílula – usarão a RU486. Se o La Repubblica e Rodotà fossem honestos até o fim não se subtrairiam, porém, da necessidade de esclarecer um importante aspecto: quem recorre ao aborto cirúrgico o faz em um hospital, pagando o preço de uma diária hospitalar; no aborto farmacológico, porém, a mulher não apenas se encontra sozinha em casa, mas também, para que o aborto seja completo, deverá esperar 15 dias que serão tudo menos indolores.
Portanto, a Igreja pode até ter “pretensões fundamentalistas”, mas La Repubblica e Rodotà propagam deformações ideológicas a mancheias.

LEIA MAIS:
- Por que acusam o Papa de ignorância e dogmatismo, quando ele nos convida à pesquisa do infinito?
Constantino Esposito, no IlSussidiario.net

* Editorial de SamizdatOnLine, do dia 12 de agosto de 2009 (escrito por Censurarossa). Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

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