sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Cartas do P.e Aldo 110

Asunción, 02 de outubro de 2009.

Caros amigos,
A cada semana, com a mãe e os membros da nossa família da Casinha de Belém, nos encontramos para verificar o caminho de conhecimento, de verificação da fé na concretude da responsabilidade educativa de nossos filhos, todos, um dia, vítimas da violência mais desumana que possa existir e, hoje, sorridentes, felizes, porque filhos do “Tu que me fazes”.
Mas, como os nossos filhos tomam consciência deste abraço divino, o único que permite à criança sair vitoriosa das violências sexuais e de outras sofridas desde quando foram concebidos?
Jazmin, a diretora administrativa das Casinhas de Belém, conta: “Verônica, cuja mãe morreu de AIDS na clínica, me presenteou, há uns 5 meses, um dado, uma coisinha com a qual brincava, me dizendo: ‘dou para você para que você tenha algo para se lembrar de mim’. Depois de uma semana, Verônica se aproxima de mim e me pergunta ‘onde está o dado que eu dei de presente para você?’. E ela, em momentos diferentes, volta sempre a me por a mesma pergunta. E eu, a cada vez que ela pergunta, lhe mostro o dado. E Verônica, a cada vez, repete: ‘então, você me quer bem de verdade, porque carrega com você sempre o dado que eu dei de presente’”.
Amigos, que bonito! Verônica, com esta pergunta contínua a Jazmin, nos faz entender que cada um de nós descobre a si mesmo quando é amado, abraçado. Um simples dado que Jazmin carrega consigo é, para Verônica, o sinal do abraço do “Tu que a faz e nos faz” e cada instante.
Os meus filhos, olhando para a forma como vivemos, vivendo conosco na mira que é o Tu do Mistério, como que por osmose respiram com esta consciência que nos define, e o passado não apenas desaparece como objeção, mas se torna um trampolim que os lança entre os braços do Tu de Deus... e, de repente, florescem, e a alegria deles é o sinal mais belo. Amigos, não existem crianças boas ou más, mas apenas crianças que vivem com a certeza de serem filhas ou com o desespero de serem órfãs.
Uma vez mais vejo o abraço de Gius fazendo milagres... e que milagres! Neste abraço está todo o “Educar é um risco”. Mais do que psicologia ou do que confiar a própria vida e a dos próprios filhos a experts (obviamente, me refiro àqueles que não têm a percepção de Giussani nesta matéria... e são, tristemente, a maioria absoluta... talvez até mesmo na Igreja). Se Giussani me tivesse confiado a experts, ao invés de me mandar para o Paraguai, me teriam mandado para o manicômio de Feltre, minha cidade natal.
Amigos, apenas um abraço muda a vida.
Padre Aldo

Um comentário:

Márcia Cristina Epifânio filipe disse...

Pe. Aldo está certo quando afirma que "Um abraço pode transformar vidas" vivenciei isto a semana passada. Quanto o carinho eo o abraço de uma pessoa querida a nós faz muita falta. Ficar em um CTI de um hospital, mostou-me quanto a nossa liberdade é importante. Dei mais valor ao Pe. Aldo que está acostumado a viver isto dia a dia. Percebi quanto é importante o trabalho que ele faz e quanto a dor delas é amenizada com suas palavras de conforto, carinho e amor ou simplismente um abraço sem compromisso só de paz e conforto.Abraços a todos e fiquem com Deus.