sábado, 14 de novembro de 2009

Uma Presença irredutível

A propósito da sentença da Corte Europeia sobre os crucifixos

A sentença da Corte Europeia dos direitos do homem contra os crucifixos nas salas de aula das escolas suscitou vastos protestos: justamente, quase todos os italianos – 84%, segundo uma pesquisa realizada pelo Corriere della Sera – ficaram escandalizados com a decisão.
“E vós, quem dizeis que eu sou?” Esta pergunta de Jesus aos discípulos nos alcança e nos desafia agora.
Aquele Cristo no crucifixo não é apenas um troféu da piedade popular por quem só se pode nutrir, quando muito, uma devota recordação.
Não é nem mesmo um genérico símbolo da nossa tradição social e cultural.
Cristo é um homem vivo, que trouxe ao mundo um juízo, uma experiência nova, que diz respeito a tudo: ao estudo e ao trabalho, aos afetos e aos desejos, à vida e à morte. Uma experiência de humanidade realizada.
Os crucifixos podem ser tirados, mas não se pode tirar da realidade um homem vivo. Ainda que o tenham matado, como aconteceu... mas, agora, é mais vivo do que antes!
Iludem-se aqueles que querem arrancar os crucifixos, se pensam que estão, assim, contribuindo para cancelar do “espaço público” o Cristianismo como experiência e juízo: se está no poder deles – mas se trata de algo para se verificar ainda, e nós confiamos que serão desmentidos – abolir os crucifixos, não está nas mãos deles arrancar os cristãos vivos da realidade.
Mas, há um inconveniente: que nós, cristãos, podemos não ser nós mesmos, esquecendo-nos do significado do Cristianismo; então, defender o crucifixo seria uma batalha perdida, porque aquele homem não diria mais nada à nossa vida.
A sentença europeia é um desafio para a nossa fé. Por isso, não podemos ficar tranquilos nas coisas de sempre, depois de termos protestado cheios de escândalo, evitando questões fundamentais: crucifixo sim, crucifico não, onde está o acontecimento de Cristo, hoje? Ou, dito com as palavras de Dostoievski: “Um homem culto, um europeu dos nossos dias pode crer, crer de verdade, na divindade do filho de Deus, Jesus Cristo?”.

Novembro de 2009
Comunhão e Libertação

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