sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

40 dias com Giussani

"O mistério, isto é Cristo, que entrou na nossa carne e no nosso espírito através do Batismo, da Penitência e da Eucaristia, se torne visível nas expressões da vida do nosso eu, como reza a beleza de uma liturgial quaresmal: 'Ó Deus... faz que manifestemos nas nossas obras a realidade escondida no sacramento'. Todos os nosso pecados, perseguidos pela constância de tal desejo, se encontrarão em uma situação sempre mais frágil, efêmera.
Na pobreza de espírito, segundo o nome da tradição cristã, que é a raiz regeneradora e refrigeradora deste desejo, começamos a nos tornar cristãos, a nos tornar santos, homens verdadeiros, 'libertados do jugo maligno' - como diz o início de um hino monástico das Vésperas quaresmais. Aqui, de fato - não custa repetir - está situado o primeiro sinal fenomênico, a primeira reverberação e o primeiro calor da experiência daquela redenção que é Cristo comunicado à nossa ontologia como semente misteriosa de uma existência nova. A invocação que Ele faz ao Pai assumindo a nossa condição de miseráveis - 'livrai-nos do mal' -, e que a liturgia repete como eco humilde e apaixonado - 'livrai-nos de todo mal...' -, encontra a sua realização inicial no desejo do seu Se manifestar em nós, vitorioso sobre a medida humana.
Que tal desejo se torne capacidade do coração de um homem, conteúdo supremo do seu juízo de valor, objeto agudamente privilegiado do seu querer para além de toda a sua miséria, este é o milagre, milagre de santidade. 'O amor que nos foi demonstrado por Cristo - diz São Paulo aos cristãos de Corinto - nos absorve completamente, ao pensar que um só morreu por todos... morreu para que, os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por eles' (2Cor 5, 14-15)."
(GIUSSANI, Luigi. Alla ricerca del volto umano, 1995, p. 177)

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