quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cartas do P.e Aldo 162



Asunción, 19 de setembro de 2010.

Caros amigos,
os santos e os mártires estão entre nós. Olhem as fotos desse jovem casal. Ele tem 25 anos. Ela, 21. Casados na igreja há dois anos atrás. Ficou grávida quase imediatamente. Estava felicíssima. Chama-se Diana. Um controle médico, uma resposta terrível: “Temos que operar de um câncer que, se tivesse sido descoberto mais cedo, seria curável, mas nesse ponto teremos que arrancar também a criança que você está carregando”. “Ou você, ou a criança”. Deixo a cada um de vocês imaginar o drama. Mas, junto com seu jovem esposo, cheios de fé, não tiveram dúvida: “Salvem a criança e, uma vez nascido, pensem em mim”.
A criança nasceu prematuramente. Era bonito ver como eles o olhavam crescer na incubadora. Mas, um dia, chegou a notícia mais dramática: “morreu por causa de uma infecção hospitalar”. O cúmulo dos cúmulos. Mas, para os médicos (que, ou são santos, ou são como Hitler: pedras, assassinos), as coisas foram normais. Para Diana e o marido, foi um desespero que apenas aquele “Tu, meu Cristo”, ou aquele “Quem és Tu, ó Cristo?”, consegue transformar lentamente num abandono. Pouco a pouco, o filho deles foi se tornando o anjo deles. Diana finalmente voltou à serenidade... até quando os médicos lhe disseram: “Mas, não há nada a fazer também com você”. 
Diana chegou à clínica para morrer. Ela sabe que tipo de hospital é o nosso (nessas semanas, 12 mortos), mas ela sabe que existem os milagres e que nem tudo depende do médico (quanta raiva me provoca ou me suscita a apatia, a frieza da maior parte dos médicos!... mesmo os católicos, mesmo os do movimento... sabemos que, se o coração não vibra por Cristo, ele se torna de pedra), que eles não têm a última palavra. Assim, acolhida por todos (médicos, enfermeiras etc.), como Jesus que acolhe a cada um de nós, ele está vivendo com serenidade e com uma paz profunda o seu destino. Eu a olho com seus 21 anos, e me comovo. Demos a ela a vida de Santa Beretta para ler. Com 21 anos ela já é uma santa e uma mártir! Pode haver um comentário mais preciso para a Escola de Comunidade sobre a caridade?
Olhem as fotos: sentada, no nosso hospital, com um olhar cheio de ternura e com o coração cheio de dor, como o de Nossa Senhora, de quem celebramos a festa no último dia 15 de setembro [trata-se da festa de Nossa Senhora das Dores; ndt].
Peçamos a Giussani o milagre.
Diana tem apenas 21 anos e se casou há apenas dois anos.
Amigos, o céu semeia esta terra com os sinais que nos tornam Jesus contemporâneo.
Um abraço
Padre Aldo.

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