quinta-feira, 3 de março de 2011

Comentário ao evangelho do dia

Evangelho - Mc 10,46-52
Naquele tempo, Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: "Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!". Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de mim!". Então Jesus parou e disse: "Chamai-o". Eles o chamaram e disseram: "Coragem, levanta-te, Jesus te chama!". O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: "O que queres que eu te faça?". O cego respondeu: "Mestre, que eu veja!". Jesus disse: "Vai, a tua fé te curou". No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.

Comentário feito por São Gregório Magno (c. 540-604)
Papa e Doutor da Igreja 

Que todo o homem que conhece as trevas que fazem dele um cego [...] grite a plenos pulmões: "Jesus filho de Davi, tem misericórdia de mim!". Mas ouçamos também o que se segue aos gritos do cego: "Aqueles que caminhavam à frente  repreendiam para que se calasse" (Lc 18, 39). Quem são eles? Eles estão ali para representar os desejos da nossa condição neste mundo, promotores de confusão, os vícios do homem e o seu tumulto, que, querendo impedir a vinda de Jesus a nós, perturbam o nosso pensamento semeando nele a tentação, e querem abafar a voz do nosso coração que ora. Com efeito, acontece frequentemente que a nossa vontade de nos virarmos de novo para Deus [...], o nosso esforço para afastar os nossos pecados através da oração, é contrariado pela sua imagem; a vigilância do nosso espírito afrouxa ao seu contato, eles semeiam a confusão no nosso coração, sufocam o grito das nossas preces. [...] Que fez então este cego para receber a luz malgrado estes obstáculos? "Ele gritava cada vez mais: 'Filho de Davi, tem misericórdia de mim!'". [...] Sim, quanto mais o tumulto dos nossos desejos nos acabrunhar, mais insistente deve ser a nossa prece. [...] Quanto mais abafada for a voz do nosso coração, mais vigorosamente ela deve insistir até se sobrepor ao tumulto dos pensamentos invasores e tocar o ouvido fiel do Senhor. Creio que todos nos reconheceremos nesta imagem: no momento em que nos esforçamos por desviar o nosso coração deste mundo para o reencaminhar para Deus [...], são muitos os importunos que pesam sobre nós e que temos de combater. É um enxame que o desejo de Deus tem dificuldade em afastar dos olhos do nosso coração. [...] Mas, persistindo vigorosamente na oração, deteremos no espírito Jesus que passa. Donde a narração do Evangelho: "Jesus parou e ordenou que o levassem até Ele" (v. 40). 

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