terça-feira, 22 de março de 2011

... il me fut impossible de penser à autre chose qu'à la liberté...

"En face de moi une fenêtre était toute grande ouverte. J'entendais rire sur le quai des marchandes de fleurs; et, au bord de la croisée, une jolie petite plante jaune, toute pénétrée d'un rayon de soleil, jouait avec le vent dans une fente de la pierre.
Comment une idée sinistre aurait-elle pu poindre parmi tant de gracieuses sensations? Inondé d'air et de soleil, il me fut impossible de penser à autre chose qu'à la liberté; l'espérance vint rayonner en moi comme le jour autour de moi; et, confiant, j'attendis ma sentence comme on attend la délivrance et la vie".

"Na minha frente uma janela se escancarava. De fora, era possível escutar  o riso das floristas na calçada; e, no beiral da janela, uma bonitinha planta amarela, toda envolvida por um raio de sol, brincava com o vento na fenda da pedra.
Como uma qualquer ideia sinistra poderia surgir em meio a tantas sensações graciosas? Inundado pelo ar e pelo sol, foi impossível para mim pensar em outra coisa que não fosse a liberdade; a esperança lançou seus raios sobre mim da mesma forma que o dia ao meu redor; e, confiante, eu esperei a minha sentença como se espera a libertação e a vida".

* Trecho extraído da obra Le dernier jour d'un condamné, de Victor Hugo. Traduzido e adaptado por Paulo R. A. Pacheco.

Nenhum comentário: