sábado, 30 de abril de 2011

A Ressurreição do Senhor marca a renovação da nossa condição humana

Bento XVI

Regina Caeli

Segunda-feira do Anjo
Castel Gandolfo, 25 de abril de 2011

Caros irmãos e irmãs!
Surrexit Dominus vere! Alleluia! A Ressurreição do Senhor marca a renovação da nossa condição humana. Cristo venceu a morte, causada pelo nosso pecado, e nos leva à vida imortal. De tal evento emana toda  a vida da Igreja e a existência mesma dos cristãos. Lemos isso exatamente hoje, Segunda-feira do Anjo, no primeiro discurso missionários da Igreja nascente: “A este Jesus – proclama o apóstolo Pedro –, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas. Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis” (At 2, 32-33). Um dos sinais característicos da fé na Ressurreição é a saudação entre os cristãos no tempo pascal, inspirado num antigo hino litúrgico: “Cristo ressuscitou! /  Ressuscitou verdadeiramente!”. É uma profissão de fé e um compromisso de vida, exatamente como aconteceu com as mulheres descritas no Evangelho de São Mateus: “Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: ‘Salve!’. Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele, beijaram-lhe os pés. Disse-lhes Jesus: ‘Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galileia, pois é lá que eles me verão’” (28, 9-10). “Toda a Igreja – escreve o Servo de Deus Paulo VI – recebe a missão de evangelizar, e a obra de cada um é importante para o todo. Ela permanece como um sinal ao mesmo tempo opaco e luminoso de uma nova presença de Jesus, da sua partida e da sua permanência. Ela a prolonga e o continua” (Es. Ap. Evangelii Nuntiandi, 8 dicembre 1975, 15: AAS 68 [1976], 14).
De que modo podemos encontrar o Senhor e nos tornarmos sempre mais seus autênticos testemunhas? São Máximo de Turim afirma: “Quem quiser alcançar o Salvador, primeiramente deve colocá-Lo, com a própria fé, à direita da divindade e, com a persuasão do coração, deve colocá-Lo no céu” (Sermo XXXIX a, 3: CCL 23, 157), deve portanto aprender a voltar constantemente o olhar da mente e do coração em direção à altura de Deus, onde está o Cristo ressuscitado. Na oração, na adoração, por isso, Deus encontra o homem. O teólogo Romano Guardini observa que “a adoração não é algo de acessória, secundário... trata-se do interesse último, do sentido e do ser. Na adoração, o homem reconhece aquilo que vale em sentido puro e simples e santo” (La Pasqua, Meditazioni, Brescia 1995, 62). Somente se soubermos nos voltar a Deus, rezar a Ele, poderemos descobrir o significado mais profundo da nossa vida, e o caminho cotidiano será iluminado pela luz do Ressuscitado.
Caros amigos, a Igreja, no Oriente e no Ocidente, hoje, festeja São Marcos Evangelista, sábio anunciador do Verbo e escritor das doutrinas de Cristo – como era definido antigamente. Ele é também o Patrono da cidade de Veneza, onde, se Deus quiser, estarei para uma visita pastoral entre os dias 7 e 8 de maio próximo. Invoquemos, agora, a Virgem Maria, para que nos ajude a cumprir fielmente e na alegria a missão que o Senhor Ressuscitado confia a cada um de nós.

* Extraído do site do Vaticano, do dia 25 de abril de 2011. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

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