Santa Teresa de Ávila
1ª Leitura - Rm 4,13.16-18
Irmãos, não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem da fé, que Deus prometeu o mundo como herança a Abraão ou à sua descendência. É em virtude da fé que alguém se torna herdeiro. Logo, a condição de herdeiro é uma graça, um dom gratuito, e a promessa de Deus continua valendo para toda a descendência de Abraão, tanto para a descendência que se apega à Lei, quanto para a que se apoia somente na fé de Abraão, que é o pai de todos nós. Pois está escrito: "Eu fiz de ti pai de muitos povos". Ele é pai diante de Deus, porque creu em Deus que vivifica os mortos e faz existir o que antes não existia. Contra toda a humana esperança, ele firmou-se na esperança e na fé. Assim, tornou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: "Assim será a tua posteridade".
Evangelho - Lc 12,8-12
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer".
Comentário retirado das Atas do Martírio de São Justino e dos seus companheiros
Ano 163, PG 6, 1565-1572
Aqueles homens santos foram presos e levados ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino [...]: “Que doutrina professas?”. Justino disse: “Procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a doutrina verdadeira dos cristãos”. [...] O prefeito Rústico inquiriu: “Que verdade é essa?”. Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como o único Criador, desde o princípio, e autor de toda a Criação, das coisas visíveis e invisíveis, e o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, de Quem foi anunciado pelos profetas que viria ao gênero humano como mensageiro da Salvação e Mestre da boa doutrina. E eu, porque sou homem e nada mais, considero insignificante tudo o que digo para exprimir a Sua divindade infinita, mas reconheço o valor das profecias [...] e sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a Sua vinda ao meio dos homens”. Rústico perguntou: “Onde vos reunis? [...] Diz-me [...] em que lugar juntas os teus discípulos”. Justino respondeu: “Eu vivo em casa de um certo Martinho, nos banhos de Timiotino. [...] Ali, se alguém queria ir ver-me, comunicava as palavras da verdade”. Rústico perguntou: “Portanto, tu és cristão?”. Justino confirmou: “Sim, sou cristão”. O prefeito Rústico perguntou a Caritão: “Diz-me tu agora, Caritão, também és cristão?”. Caritão respondeu: “Sou cristão por graça de Deus”. [...] Rústico perguntou a Evelpisto: “E tu, de quem és, Evelpisto?”. Evelpisto, escravo de César, respondeu: “Também sou cristão, libertado por Cristo, e por graça de Cristo participo da mesma esperança que estes”. [...] O prefeito Rústico perguntou: “Foi Justino que vos fez cristãos?”. Hierax respondeu: “Eu sou cristão há muito tempo e cristão continuarei a ser”. E Peão, pondo-se de pé, disse: “Também eu sou cristão”. [...] Evelpisto disse: “Eu gostava de ouvir os discursos de Justino, mas a ser cristão aprendi-o de meus pais”. [...] O prefeito Rústico disse a Liberiano: “E tu, que dizes? Também és cristão? Também tu não tens religião?”. Liberiano respondeu: “Também eu sou cristão e, quanto à minha religião, só adoro o Deus verdadeiro”. O prefeito disse a Justino: “Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao Céu?”. Justino respondeu: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes, pois sei que a todos os que viverem santamente lhes está reservada a recompensa de Deus até ao fim dos séculos”. O prefeito Rústico perguntou: “Então tu supões que hás-de subir ao Céu para receber algum prêmio em retribuição?”. Justino disse: “Não suponho, sei-o com toda a certeza”.
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