terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cartas do P.e Aldo 113





Asunción, 13 de outubro de 2009.

Caros amigos,
Grande festa, ontem, domingo, dia 11 de outubro, na Clínica: batizados, primeiras confissões, primeiras comunhões, crismas e um casamento. A que serve um hospital se o doente, o pessoal, não encontram Cristo ou não nasce neles o desejo do infinito?
Eis: Míriam, uma bela garota doente de AIDS, encarcerada por anos, drogada há 14 anos, de religião mórmon, chegou na semana passada do “lager” onde estava internada, em total solidão e abandono. Os primeiros dias foram duríssimos, ainda mais porque é adepta de psicofármacos. A paciente espera de um milagre aconteceu graças ao afeto cheio de ternura de todos nós. Assim, ontem, abjurou aos mórmons e entrou na Igreja católica.
Guilhermina, pelo contrário, casou-se com seu companheiro, já no final da vida, com quem vivia há anos. O “sim” pronunciado com dificuldade pelo marido e as lágrimas de Guilhermina, no momento de dizer “por todos os dias da minha vida”, comoveu a todos, porque aquele “sim” queria afirmar que o amor é eterno e não está ligado a uma função como a de colocar filhos no mundo. Aquele “sim” era a Cristo, de quem o marido moribundo era, para Guilhermina, a evidência, se não fosse assim de que serviria aquele “sim”? É como se quisessem dizer-nos que ou é possível amar uma pessoa para sempre ou não se ama de verdade. Por isso, é muito bonito quando me dizem: “Padre, queremos nos casar para morrer em paz”.
Belíssimo, porque significa que somente no sacramento do matrimônio o relacionamento entre homem e mulher é cheio de paz, daquela paz que permitiu a Guilhermina dizer esta manhã: “Padre, depois de meses que eu não conseguíamos dormir, esta noite dormimos e bem. Ele, no quarto do hospital e eu apoiada com a cabeça ao seu lado”.
Depois da missa, a surpresa. Celeste, a miraculada, com os seus amigos doentes de leucemia, dançaram e cantaram, manifestando toda a sua alegria e viver. Nos seus olhos, a certeza de que “eu sou Tu que me fazes”.
Era de uma evidência comovente... e os movimentos deles, na dança, nos fizeram gozar um pedaço do paraíso.
Sim, do paraíso, porque onde há a consciência, mesmo que pequeníssima, de que “eu sou Tu que me fazes”, o câncer, a AIDS, a leucemia se transformam em uma possibilidade também para dançar.
Amigos, mas será que entendemos que tudo é positivo, tudo é graça, e não há nada que nos impeça de reconhecer os sinais da Presença de Cristo entre nós? E isto amigos é aquilo que aprendo aqui, em cada instante, de forma que, esta semana, muito dura para mim, na qual nenhum impulso emotivo apareceu entre as nuvens negras, foi um motivo para dizer ainda mais radicalmente “sim” Àquele que me faz em cada instante e de quem eu sou propriedade.
Mas, isto é incrível, porque isto é o caminho da fé, isto é fazer experiência.
Olhem as fotos dos fatos acontecido ontem.
Obrigado.
P.e Aldo

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