"Antes de mais nada, é preciso que, neste período, respondamos o convite a recuperar mais profundamente o sentido da oração. E o sentido da oração cristã é um apenas: a espera de Cristo. (...) A oração cristã é a espera do Seu retorno, o pedido pelo Seu retorno, este maranathà, 'Vem, Senhor', com o qual conclui o Apocalipse. Se alguma oração nossa, se algum olhar nosso para Deus, se alguma reflexão não é sustentada por isso - 'Vem, Senhor' -, não é oração ou é oração ainda pagã. (...)
Esta essência da oração, o recordamos exatamente em vista da conversão quaresmal, do aprofundamento como conversão quaresmal, quer sublinhar sobretudo duas implicações.
a) A primeira implicação é a segurança; a segurança que, tendo nos chamado a pedi-Lo, a fazer memória dEle e pedi-Lo, Ele realizará seu desígnio em nós. (...)
b) Em segundo lugar - e esta é exatamente outra coisa totalmente esquecida na nossa oração -, se a oração é espera do Seu se manifestar, é ela que nos dá o 'como' verdadeiro do tempo, o 'como' do tempo que passa. A oração é o coração do tempo que passa - o coração! -, quer dizer que nos dá a postura, o 'como' do tempo que passa. O tempo que passa: levantar-se de manhã, tomar o café com leite, pegar o metrô, ir para o trabalho ou colocar-se na cozinha para reordenar todas as coisas, arrumar as camas, varrer, voltar para casa, falar com as pessoas. Este é o tempo que passa. O 'como' do tempo que passa, o coração do tempo que passa, por isso o valor, o significado do tempo que passa, é dado pela oração. Porque se a oração é espera do Seu retorno e o Seu retorno é a consistência de tudo, é exatamente na oração que o 'como' do tempo que passa acontece. (...)
Disse essas duas coisas porque, de fato, falta à nossa oração - primeira observação - esta segurança, exatamente porque não é pedido verdadeiro, não é pedir Deus, não é afirmar que Deus é tudo, mas é um pedir Deus de forma a que sirva à preocupação que temos de nós mesmos, e então é finita. Em segundo lugar, a oração é destacada do trabalho que fazemos. E isso é um sintoma feio (...). A nossa oração não é uma postura que tende a investir o trabalho que fazemos".
(GIUSSANI, Luigi. La familiarità con Cristo: meditazioni sull'anno liturgico, 2008, pp. 49-51, 52, 59).
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