quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

40 dias com Giussani

"Por que Cristo veio dois mil anos atrás e não há trinta mil, vinte mil, hoje? Por quê? Estas perguntas não têm resposta na nossa cabeça, a única resposta é a vontade de Deus, o desígnio de Deus, o desígnio misterioso do Pai. Mas, uma vez aceitado e reconhecido, devemos nos abandonar a isto, porque esta é a verdade (a verdade nunca é uma imagem nossa) e esta é a bondade (a nossa imagem de humanidade não é a bondade) e esta é a justiça, porque a justiça é Deus e basta, e é como um abismo sem fundo, não tem medida, não podemos medir, opor um critério ou uma medida. E a pessoa entende que está aqui o se perder, o abandonar-se total, entende que ele é nada e tudo é o desígnio e a vontade do Outro, o Absoluto - sem vínculos, sem medidas - e o Inefável - que não se pode descrever, dizer, definir. E a oração, se não é isto - entendem? -, é nada, é uma pretensão de adolescente malcriado, presunçoso e malcriado. Mas este abandono evita o intelectualismo ou o esteticismo ('é doce naufragar neste mar'); e, de fato, se torna real, se torna existencial, apenas na experiência cristã. (...) Uma vez entendido e aceitado isto, compreende-se como aquele desígnio é por amor à nossa liberdade, é por misericórdia pela nossa fragilidade. O tempo nos é dado como amor à nossa liberdade e misericórdia pela nossa fragilidade."
(GIUSSANI, Luigi. La familiarità con Cristo: meditazioni sull'anno liturgico, 2008, pp. 53-54).

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