sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cartas do P.e Aldo 135



Asunción, 12 de fevereiro de 2010.

Caros amigos,
Não são os especialistas mas a certeza de alguém cujo “eu” é definido por “eu sou Tu que me fazes” o que permite a dois irmãozinhos, vítimas das piores violências que só uma mente doentia pode cometer, reencontrar a alegria de viver.
Olhem as duas cartinhas que me deram, ontem à noite, estes dois dos meus filhinhos. A menina é aquela que tinha desenhado o monstro e me tinha escrito: “Papai Aldo, proteja-me, não me deixe sozinha”. Hoje, seus rostos são como a primavera.
Amigos, não tenho nenhum especialista: somente a certeza de que “eu e eles somos um Tu que nos fazes”.
Hoje, batizamos um mendigo sem nome. Eu o chamei Aldo Trento. Está muito doente este meu pobre Jesus e não sei quanto tempo viverá... porém, parece muito comigo, porque também eu sou um mendigo, um pobre mendicante do Mistério.
Ainda hoje, me trouxeram uma criança de 10 anos, pesando mais ou menos 10kg, todo disforme, com apenas um pulmão, cego e mudo. Ninguém o queria, e nós temos todos os quartos ocupados. Eu o olhei, vi o rosto de Jesus e disse a um dos responsáveis: “tem lugar na capela do Santíssimo Sacramento exposto... coloquemo-lo ali, ao lado”. Agora, ambos se fazem companhia. Disseram-me que ele não pode viver sem oxigênio e sem uma assistência de 24h. “Padre, precisamos de muito dinheiro, porque será preciso contratar 3 enfermeiras e pagar o oxigênio necessário”.
Olhei nos olhos da responsável e lhe disse: “mas, este é Jesus... e você me vem com essa bobagem de dinheiro. Que fiquemos com uma dívida, porque, para Jesus, ou se dá tudo ou não se dá nada”.
Agora, está ali, com Jesus, como eu, quando estou doente. Pensem que bonito é olhar no rosto de Jesus, em cada instante: é uma surpresa contínua, que não nos deixa tranquilos nunca, porque a Ele a pessoa deve responder... e como é bonito dizer-lhe sempre “sim, ó Cristo”.
Confio-me às orações de vocês, para que o meu SIM seja a minha respiração.
Padre Aldo.

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