"A natureza de Deus aparece como gratuidade porque se doou ao homem. Dom: esta é a primeira palavra na qual se fixa o termo gratuidade ou o termo caridade ou o termo amor. É puro dom, dissemos: sem retorno. Sem retorno quer dizer que é puro dom. A natureza de Deus é dar, aparecer ao homem como dar, dom, sem retorno, puro dom.
O que nos dá? A Si mesmo, quer dizer, o Ser, o Ser porque sem Ele nada foi feito do que já foi feito. 'Sem mim não podeis fazer nada': imaginem aquela cena, na noite da Quinta-Feira Santa. Tudo estava contra eles, e Jesus falava, falava (...), aqueles homens que estavam acostumados a ouvi-Lo falar e O fixavam enquanto falava, observando todas as Suas ações, ficavam atentos a Ele mais do que o habitual (...). Aquele homem que havia colocado a mão no prato para comer junto com eles, como se usava fazer, a um certo momento se interrompe e diz: 'Sem mim nada podeis fazer...'. Mas este é Deus, o único que pode falar assim é Deus!
A natureza de Deus aparece para o homem como dom absoluto: Deus se dá, dá a Si mesmo ao homem. E o que é Deus? A fonte do ser. Deus dá ao homem o ser: permite ao homem ser; permite ao homem ser mais, crescer; permite ao homem ser completamente si mesmo, crescer até a sua realização, isto é, doa ao homem a possibilidade de ser feliz (feliz, isto é, totalmente satisfeito ou perfeito; como sempre disse, em latim e em grego, perfeito e satisfeito são a mesma palavra: perfectus, isto é, perfeito ou realizado, satisfeito é um homem realizado)."
(GIUSSANI, Luigi. Si può vivere così? Uno strano approccio all'esistenza cristiana. 2007, pp. 326-327)
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