sábado, 3 de abril de 2010

Semana Santa com Giussani

"... é preciso ter presente todo o breve discurso que fizemos no Sábado Santo. A primeira palavra era?

Mistério.

Por que dissemos 'Mistério'?

Porque a realidade tem um desígnio.
Porque na origem de tudo tem um mistério.

Porque a origem de tudo é o Mistério. Por isso, realizar um gesto, isto é, estabelecer um relacionamento com a realidade - qualquer que seja, de qualquer relacionamento se trate -, este 'estabelecimento' não é verdadeiro se não partir da consciência do Mistério. (...) Se tudo nasce do Mistério, a ação do homem - que é o intervir naquilo que nasce do Mistério (...) - não é justa se não parte da consciência deste Mistério ao qual pertence: (...) o relacionamento não aparece bem, se não partir da consciência do Mistério. Se chamamos 'senso religioso' a consciência do Mistério, a nossa intervenção no mundo não é verdadeira se não nascer do senso religioso (porém, usemos a palavra 'mistério' que é melhor).
Mas, eu sempre disse que, para que seja justo, um relacionamento deve partir da consciência de sermos pecadores. Como ficam juntas estas duas observações? O sermos pecadores, o pecado, e a falha na consciência do Mistério. A consciência do Mistério é memória; a ausência da consciência do Mistério é pecado (...). Mas, em que sentido falhamos? É porque somos pequenos e o Mistério é grande? Isto é suficientemente fácil de admitir. É por causa da desproporção: a desproporção é estar diante do Mistério não na disposição, ou na postura na qual fomos concebidos. O Mistério expõe um desígnio, é a fonte de um grande desígnio (...). Um relacionamento é desproporcional quando não nasce segundo o desígnio, quando começa sem levar em consideração o fato de que pertencemos a algo de imensamente grande."
(GIUSSANI, Luigi. L'attrattiva Gesù. 1999, pp. 232-233)

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