Asunción, 11 de abril de 2011.
Caros amigos,
O sofrimento é a condição para a letícia do coração. E, não é que primeiro vem um e depois a outra, mas, desde aquele dia em que Cristo ressuscitou, eles caminham juntos. Porém, isto não acontece se o meu eu não estiver dominado por aquele “Tu, meu Cristo”, por aquele rosto que é a doce presença daquele “Tu que me fazes” agora.
Vivi esta experiência nestes dias quando, tendo minhas duas filhas voltado e tendo sido feitas as análises médicas, descobrimos que uma delas foi brutalmente violentada. Ela se lembra apenas de ter tomado um coquetel e ter acordado no quarto de um barraco. Dois dias depois de ter retomado a consciência de si e do que aconteceu, ela se agarrou à minha pessoa, contando-me os seus terríveis medos. E, depois, a resposta médica. “Se não fosse Teu, ó Jesus, eu seria uma criatura finita”. Eu estava, naquela noite, sentado com ela, os meus olhos vermelhos... eu não sabia o que dizer. Apenas olhava para aquele Tu. Num certo momento, lhe disse: “rezemos um Pai-Nosso” e ela aceitou. Porém, de repente, me vieram à mente as palavras: “perdoai as nossas ofensas, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO”. Ela, brutalmente violentada, era chamada a decidir, naquele momento, acerca de algo humanamente impensável e, quem sabe, absurda para a capacidade humana. Falei-lhe com o meu coração na mão, com a certeza daquele Tu que morreu por nós, e lhe disse: “Olhando para como Jesus nos ama, você quer dizer comigo aquelas palavras?”. E, chorando, ela disse todo o Pai-Nosso. Que comoção, depois, rezando a Ave-Maria, como gratidão por uma energia humanamente impossível, como é a energia necessária para perdoar a quem, algumas horas antes, a violentou de forma tão brutal.
Não é que a raiva em mim e nela, como estado de ânimo, tivesse desaparecido, mas aquele juízo – e é o juízo que move a vida –, “eu sou Tu que me fazes agora”, no meio de tudo o que havia acontecido, é mais forte do que qualquer violência, e que “Tu, meu Cristo”, que morreste por nós e também por quem violentou minha filha, vence toda resistência emotiva, psicológica, dando espaço a uma grande letícia, na qual a dor permanece apenas como grito, como pedido: “Vem, Senhor Jesus”.
Padre Aldo
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