segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pílulas de memória 20: milagre


À noite, nesse mesmo segundo dia, celebramos a missa de corpo presente de Angel (da carta 14), na Clínica. P.e Aldo lembrava de como esse homem, que sofria com um câncer na face (que lhe consumira mais da metade do rosto), nunca se queixara de nada. Lembro-me de, na manhã desse dia, quando acompanhava a distribuição da Eucaristia para os doentes, ter visto Angel tomando a comunhão e de ter dito algo no ouvido do P.e Aldo. Na missa, P.e Aldo falava do testemunho de caridade desse homem que, quando alguém começava a se aproximar e perguntava como estava, imediatamente erguia o punho com um gesto de "ok", para evitar que as pessoas se aproximassem, pois sabia que cheirava mal.
Em seguida à missa, fizemos a Procissão com o Santíssimo. Ruben nos acompanhou desde a missa de Angel. Celeste, mais uma vez, me impressionou com sua maneira de receber o Santíssimo: sua profunda familiaridade. Notei, inclusive, que, entre todos os pacientes, ela é a única que beija o ostensório.
Antes de irmos embora, P.e Aldo nos quis mostrar as fotos de Celeste quando chegara à Clínica. Celeste estava conosco e, durante todo tempo, ficou de pé, entre nós, olhando as fotos e reagindo a cada uma delas de uma forma bonita. Ela não fala, mas dá conta de manifestar sua vida interior com expressões de uma clareza desconcertante.

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