Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. Ao entrardes numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não os receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo (Mt 10, 7-15).
Comentário feito por Santo Efrém (c. 306-373)
Diácono na Síria, Doutor da Igreja
"Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa" (Lc 10, 5) para que o próprio Senhor lá entre e lá resida, como junto a Maria. [...] Esta saudação é o mistério da fé que brilha no mundo; por ela, o ódio é asfixiado, a guerra interrompida e os homens compreendem-se mutuamente. O efeito desta saudação estava escondido por um véu, apesar da prefiguração do mistério da ressurreição [...] que ocorre sempre que a luz aparece e a aurora expulsa a noite. A partir do momento em que Cristo enviou os seus discípulos pela primeira vez, os homens começaram a dar e a receber esta saudação, fonte de cura e de bênção. [...] Esta saudação, com o seu poder escondido [...], é amplamente suficiente para todos os homens. Foi por isso que Nosso Senhor a enviou prenunciadoramente com os Seus discípulos, para que ela realize a paz e para que, levada pela voz dos apóstolos, Seus enviados, ela lhes prepare o caminho. Ela foi semeada em todas as casas [...]; ela entrou em todos os corações que a entenderam, para separar e pôr à parte os seus filhos, que reconhecia. Ela permanecia neles, mas denunciava os que lhe eram estranhos, porque não a acolhiam. Esta saudação de paz não secava, jorrava dos apóstolos para os seus irmãos, desvendando os tesouros inesgotáveis do Senhor [...]. Presente naqueles que a davam e nos que a acolhiam, este anúncio da paz não sofria nem diminuição nem divisão. Sobre o Pai, anunciava que Ele está perto de todos e em todos; sobre a missão do Filho, revelava que Ele está por inteiro junto de todos, mesmo que o Seu fim seja estar junto de Seu Pai. Ela não cessa de proclamar que doravante as figurações são realizadas e que a verdade expulsa enfim as sombras.
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