sexta-feira, 24 de julho de 2009

O tédio não é para os santos


Por Berlicche

Oscar Milosz, no seu “Miguel Mañara”, coloca na boca do grande sedutor cansado de conquistar esta frase: “Servi a Vênus com raiva, depois com malícia e desgosto. Hoje, torceria o seu pescoço, bocejando”. Esta frase não deve ser conhecida por aquela que, num artigo publicado no Messaggero, afirma suavemente que “nada é mais tedioso do que a santidade”.
Na realidade, como bem sabemos todos nós que vivemos, é o pecado que é insuportavelmente tedioso. Comer, beber, substâncias estranhas, mulheres, homens, a um certo momento o cérebro para de responder aos estímulos, e é preciso ir sempre mais além... algo que desperte por um instante os sentidos já acostumados. Condena-se a prazeres forçados, e não é uma bela pena.
Não existe nada de menos tedioso do que ser santos: porque a santidade não quer dizer respeitar regras, quer dizer amar a fonte de cada regra, confiar-se totalmente a ela, como a criança nos braços da mãe. Mas, é melhor buscar ser santos e não conseguir do que desprezar o conceito mesmo de santidade e nem mesmo ter tentado. Se não se quer ser santos, então se busca, na melhor das hipótese, ser bons; não conseguindo, contenta-se com o ser moralistas.
Se olharem a vida dos santos, vocês se darão conta que não existe nenhuma que não tenha sido plena. Pelo contrário, não ser santos, isto é ligados Àquele que é a satisfação de todo desejo, é a fonte da tristeza na vida. Se não se reconhece esta satisfação, foge-se dela; se a santidade é desprezada, então não se é mais triste: fica-se desesperado, porque além do instante não há mais esperança, mas apenas o nada eterno.

* Extraído de Berlicche: il cielo visto dal basso, do dia 23 de julho de 2009. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado pelo excelente blog.
Um abraço,

Walter - CL-RIO