Evangelho - Jo 11,45-56
Naquele tempo: Muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. Alguns, porém, foram ter com os fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. Então os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: "O que faremos? Este homem realiza muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação." Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse: "Vós não entendeis nada. Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?" Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus. Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto, para a cidade chamada Efraim. Ali permaneceu com os seus discípulos. A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente do campo tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. Procuravam Jesus e, ao reunirem-se no Templo, comentavam entre si: "O que vos parece? Será que ele não vem para a festa?"
Comentário feito por São Cirilo de Jerusalém (313-350)
bispo e Doutor da Igreja
Está escrito: "Nós, que somos muitos, constituímos um só corpo em Cristo" (Rom 12, 5), porque Cristo nos congrega na unidade, pelos laços do amor: "Ele que, de dois povos, fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava, anulando pela Sua carne a Lei, os preceitos e as prescrições" (Ef 2, 14-15). Temos, pois, de ter os mesmos sentimentos recíprocos: "Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele" (1Cor 12, 26). Por isso, prossegue São Paulo, "acolhei-vos uns aos outros, como Cristo também vos acolheu, para glória de Deus" (Rom 15, 7). Acolhamo-nos uns aos outros, se queremos ter os mesmos sentimentos, "suportando-nos uns aos outros com caridade, solícitos em conservar a unidade de espírito, mediante o vículo da paz" (Ef 4, 2-3). Foi assim que Deus nos acolheu em Cristo, que disse: "Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o Seu Filho único" (Jo 3, 16). Com efeito, o Filho foi dado em resgate pela vida de todos nós, e nós fomos libertados da morte, resgatados da morte e do pecado. São Paulo esclarece as perspectivas deste plano de salvação quando afirma que "Cristo Se fez servidor dos circuncisos, a fim de mostrar a veracidade de Deus" (Rom 15, 8). Porque Deus tinha prometido aos patriarcas, pais dos judeus, que abençoaria a sua descendência, que seria tão numerosa como as estrelas do céu. Foi por isso que o Verbo, que é Deus, Se manifestou na carne e Se fez homem. Ele mantém na existência toda a criação e assegura o bem de tudo quanto existe, pois é Deus. Mas veio a este mundo e se encarnou, "não para ser servido, mas", como Ele próprio afirmou, "para servir e dar a vida em resgate pela multidão" (Mc 10, 45).
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