A obra do Santo Padre
para a custódia do Depósito da Fé
e a preservação da Disciplina Eclesiástica
2001
- A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), no dia 22 de fevereiro, obtém do teólogo redentorista espanhol P.e Marciano Vidal a retratação de suas teses sobre contracepção, aborto, homossexualidade, que se afastavam das de Cristo.
- A CDF inicia a verificação das teorias do jesuíta P.e Roger Haight, em cujos escritos emergem ambiguidades na cristologia.
- A Sé Apostólica veta à irmã Joan Chittister, teóloga beneditina norte-americana, a participação, em junho, em Dublin, na Conferência da rede mundial para a ordenação de mulheres. A irmã, infelizmente, se rebela.
- Com uma Notificação (17 de setembro), suas Eminências os cardeais Ratzinger, Medina Estévez e Darío Castrillon Hoyos (prefeito da Congregação para o Clero) reafirmam a impossibilidade da ordenação da mulher-diácono. O documento é interpretado por alguns com uma referência indireta a D. Samuel Ruiz que, na diocese mexicana de San Cristóbal de las Casas, havia ordenado cerca de quatrocentos diáconos casados, acompanhados no altar, durante a cerimônia da ordenação, por suas mulheres.
- Na exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Oceania, o Papa (22 de novembro) esclarece aos prelados daquela região algumas dúvidas (por exemplo, a cerca da postura com relação aos divorciados recasados) que emergiram durante o Sínodo pela Oceania, celebrado em Roma, em 1998.
- No dia 24 de dezembro, o Santo Padre reacolhe na comunhão com a Igreja os sacerdotes brasileiros que se haviam tornado pseudo-tradicionalistas como reação ao clima imperante na Igreja brasileira e que regiam toda a Diocese de Campos. Entre esses sacerdotes, excomungados porque seguiam o bispo cismático Lefebvre, é nomeado como bispo da Diocese, D. Licínio Rangel. Trata-se de um gesto de grande alcance ecumênico, que a mídia indica como uma intenção de reforçamento do diálogo com algumas igrejas orientais cismáticas (“ortodoxas”).
2002
- O frade menor franciscano suíço Josef Imbach, docente de teologia fundamental na Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura de Roma, deixa o cargo após observações sobre um livro seu que colocava dúvida sobre a historicidade dos eventos milagrosos narrados no Novo Testamento.
- Com um Monitum de 5 de julho, a CDF pré-anuncia a excomunhão – a não ser que haja um arrependimento até o dia 22 de julho (o que não ocorrerá) – de sete mulheres que, no dia 29 de julho, num barco no Danúbio, entre a Áustria e a Alemanha, pretendem ser “ordenadas padres” por um bispo argentino excomungado.
- Um comunicado (17 de outubro) da Comissão teológica internacional, presidida pelo cardeal Ratzinger, reafirma que razões teológicas e históricas impedem a ordenação diaconal das mulheres. A mídia ligada a uma dissidência intra-eclesial sustenta que tal esclarecimento deve ser relacionado a declarações precursoras de confusões atribuídas a vários cardeais, como Carlo Maria Martini, o ex-arcebispo de Firenze Silvano Piovanelli e o alemão Karl Lehmann, bispo de Magonza.
- Em 22 de novembro, o abade de Montevergine, P.e Giovanni Tarcisio Nazzaro, publica contra P.e Vitaliano della Sala – um controvertido sacerdote que se notabilizou por sua atividades como defensor de socialistas, comunistas e “no global” – um decreto (precedido de duas admoestações canônicas, em 2000 e 2001) de remoção da função de pároco. No texto, fortemente apoiado pela Sé Apostólica, P.e Nazzaro implora ao rebelde que cesse a dissidência pública conra o Magistério dos Pastores e a Sé Apostólica, que interrompa a “frequência nos ‘centros’ e ‘associações’ conhecidas pela difusão de ideias contrastantes com a doutrina e o ensinamento da Igreja e que não refutam nem mesmo a violência”, e o convida a se arrepender de ter descuidado dos seus deveres paroquiais.
- No dia 8 de dezembro, o Pontifício Conselho para a Família, com o prefácio do prefeito do dicastério, o cardeal Alfonso Lopez Trujillo, apresenta “Lexicon. Temas ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas”, um valioso volume no qual, sobre todos os temas propagandeados na internet por católicos rebeldes – como contracepção, homossexualidade, relação entre princípios éticos cristãos e legislação civil –, exprime com autoridade e argumenta com eficácia a doutrina proposta pelo Magistério papal.
- O cardeal Medina Estévez, prefeito da Congregação para o Culto Divino, numa carta de 16 de maio, repete que é “absolutamente desaconselhável”, “imprudente” e “arriscada” a ordenação sacerdotal de homossexuais.
2003
- A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica comunica (15 de janeiro) aos Superiores e às Superioras gerais que a CDF insistiu que se excluam os transexuais da vida consagrada.
- Com um decreto da CDF (25 de janeiro) – decreto emanado “do Sumo Pontífice João Paulo I, com suprema e inapelável decisão, sem possibilidade de recurso” –, o P.e Franco Barbero, das Comunidades “de base” (Pinerolo) é “demitido do estado clerical”. O infeliz sacerdote, não obstante repetidas advertências do Ordinário diocesano, pública e repetidamente abençoou “matrimônios” entre homossexuais e, ainda mais, pregou uma rebelião generalizada contra a Igreja de Cristo. A condenação, no entanto, não tem o efeito esperado.
- Na “Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos”, na audiência de quarta-feira, o Papa insiste que o primado petrino é a garantia desta unidade.
- A CDF propõe e obtém da Comissão Doutrinal da Conferência Episcopal espanhola que faça saber, num documento, que as teses sobre Jesus Cristo contidas num livro do teólogo Juan José Tamayo contêm graves erros doutrinais.
- Com a encíclica Ecclesia de Eucharistia (17 de abril), o Santo Padre reafirma a doutrina da transubstanciação – formulada pelo Concílio de Trento – e veta toda e qualquer “intercomunhão” (participação de protestantes na comunhão durante a Santa Missa, e de católicos na ceia protestante) com as igrejas originadas da revolta protestante. A encíclica insiste que os católicos divorciados e recasados não podem se aproximar da Eucaristia, lamentando, além do mais, os “abusos” que, no Pós-Concílio, se cometeram em matéria litúrgica.
- Em 24 de maio, em nome do Papa, o cardeal Castrillón Hoyos, celebra, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, a Santa Missa no rito chamado “de São Pio V”, para as comunidades “tradicionalistas” que permaneceram fiéis à Sé Apostólica.
- A CDF, com as claríssimas “Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais” (3 de junho), pede aos parlamentares e aos políticos católicos de todo o mundo que impeçam, de todos os modos, a aprovação de leis que admitam uma equiparação entre o matrimônio e a união de duas pessoas do mesmo sexo.
- No dia 4 de junho é suspedindo a divinis o P.e Bernard Kroll, que, por ocasião do primeiro Kirchentag ecumênico da história, diante de mais de 2500 pessoas, celebrou, no dia 30 de maio, uma “espécie de missa” com pastores protestantes, distribuindo a comunhão a fiéis luteranos e tomando o pão e o vinho da “ceia” evangélica na igreja protestante do Gethsemani, situada em Berlim, no bairro Prenzlauer Berg Nord.
- Junho. O Pontifício Conselho para a Família é denunciado por expontes radical-progressistas italianos por ter publicado o “Lexicon. Termos discutidos sobre família, vida e questões bioéticas”, no qual é comunicada e motivada (tanto à luz dos testos magistrais, quanto à luz da razão) a reprovação da homossexualidade.
- Em 7 de outubro, o arcebispo escocês de Edinburg Keith Patrick O’Brien, prestes a receber a púrpura cardinalícia e objeto de algumas calúnias da imprensa, recita uma solene profissão de fé na qual reafirma a obrigadoriedade do celibato sacerdotal, a imoralidade dos atos homossexuais, a plena adesão ao Magistério da Igreja sobre a contracepção.
- No dia 19 de outubro, o núncio vaticano para a Venezuela, D. André Dupuy, condena o regime socialista de Hugo Chávez, escrevendo para o jornal “El Nacional” e definindo a situação na qual se encontra o país como “uma tragédia humana”.
- Ainda no dia 19 de outubro, após a exclusão do deputado Buttiglione de um importante cargo na União Europeia pelo fato de ser católico, os cardeais Martino – “Ministro do Exterior” da Santa Sé – e Herranz – Presidente do Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos – assinalam que “estamos diante de uma onda de fundamentalismo laicista [...] da tentativa de fazer do laicismo – não da laicidade – uma religião de Estado. Com o risco de instaurar uma forma de totalitarismo laico”.
- Em 22 de novembro, é publicado um manuscrito do Papa – Para o centenário do Motu Proprio Entre as preocupações sobre a música sacra. Nele, o Pontífice sublinha “a necessidade de purificar o culto de manchas de estilo, de formas deselegantes de expressão, de músicas e textos descuidados e pouco consoantes com a grandeza do ato que se celebra”; adverte acerca das inovações musicais: “Todavia, é claro que toda inovação nesta delicada matéria deve respeitar critérios peculiares, tais como a busca de expressões musicais que respondam ao necessário envolvimento da assembleia inteira na celebração e que evitem, ao mesmo tempo, toda tentação de ligeireza e de superficialidade”, permanecendo o canto gregoriano “o supremo modelo da música sacra”. Portanto, “o âmbito sagrado da celebração litúrgica nunca deve se tornar laboratório para experimentações ou para práticas de composição e execução introduzidas sem uma atenta verificação”.
- Em 4 de dezembro, é publicada a Carta Apostólica Spiritus et Sponsa, de João Paulo II, para o XL aniversário da Constituição Conciliar sobre a Liturgia. Nela se recordam a necessária seriedade dos ritos litúrgicos e se adverte quanto ao fato de “não respeitando a normativa litúrgica, incorre-se às vezes em abusos graves, que colocam na sombra a verdade do mistério e criam desconcerto e tensão no Povo de Deus”. O Cardeal Prefeito Arintze explica: “há uma tentação a que se deve resistir: a de pensar que seja uma perda de tempo prestar atenção aos abusos litúrgicos”. O Papa pede, além do mais, que seja cultivada “com maior compromisso no meio das nossas comunidades a experiência do silêncio”, excelente forma de participação litúrgica ativa, recomendada pelo Concílio.
2004
- Em 24 de março, a Congregação para o Culto Divino publica a Instrução “Redemptionis Sacramentum”, um documento sobre algumas coisas que se devem observar e evitar quanto a Santíssima Eucaristia. Nela, são elencados alguns “abusos litúrgicos graves”: lembra-se que não se pode substituir os textos bíblicos por outros considerados mais modernos, que é necessária muita cautela quanto a danças na igreja, que é proibido aos leigos assumir papéis que são exclusivamente do sacerdote, pronunciando a homilia ou lendo o Evangelho. Os fiéis que se depararem com tais abusos estão autorizados a denunciá-los ao bispo ou à Santa Sé.
- No dia 31 de maio, a CDF publica a Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo, na qual, entre outras coisas, é confirmada a diferença entre os sexos e é confuntada a teoria do gênero, base teórica da legitimação das chamadas “uniões homossexuais”.
- Em 20 de junho, P.e Fabrizio Longhi é removido da paróquia de “Maria Santíssima Assunta”, em Rignano Garganico (diocese de San Severo). P.e Longhi, na noite do dia 24 de dezembro, confiou a tarefa de fazer a homilia a Pasquale Quaranta, jornalista e militante do movimento gay.
- Julho: fontes jornalísticas não desmentidas revelam a existência de uma carta da CDF contendo o impedimento absoluto de dar a comunhão aos políticos católicos americanos que são favoráveis ao aborto. A carta – datada do início de junho – é endereçada ao cardeal Theodore McCarrick, arcebispo de Washington e ao presidente da Conferência espiscopal norte-americana, D. Wilton Gregory.
- Em setembro, na Diocese basca de Deusto-San Ignacio, em Bilbao, é removido e destituído um sacerdote que havia aderido ao movimento “Nós somos Igreja” (We are Church), P.e Aitor Urresti, adepto dos erros em matéria moral – próprios daquele movimento – acerca da conduta pública e privada das pessoas homossexuais.
- Em 7 de outubro, por ocasião da conclusão do ano especial dedicado ao Santo Rosário, o Santo Padre inicia o Ano da Eucaristia. Na Carta Apostólica Mane nobiscum Domine, o Pontífice volta a falar do drama central de todo o seu pontificado: “Mistério grande, a Eucaristia! Mistério que deve ser, antes de tudo, bem celebrado. É preciso que a Santa Missa seja colocada no centro da vida cristã, e que em cada comunidade se faça de tudo para celebrá-la decorosamente, segundo as normas estabelecidas”. E volta a invocar um maior silêncio nas celebrações: “as normas recordam – e eu mesmo tive ocasiões de reafirmar isso recentemente – a importância que deve ser dada aos momentos de silêncio tanto na celebração quanto na adoração eucarística. É necessário, num palavra, que todo o modo de tratar a Eucaristia, por parte dos ministros e dos fiéis, seja marcado por um extremo respeito”.
2005
- No dia 9 de janeiro, o Núncio Apostólico para o Brasil, D. Lorenzo Baldisseri, pede a D. Pedro Casaldáliga, o conhecido bispo “de base” e guerrilheiro de São Félix do Araguaia, que deixe a cidade antes da chegada de seu sucessor.
- Em 10 de janeiro, na mensagem ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, o Papa antepõe a todo e qualquer outro problema da humanidade, mesmo o da fome, “o desafio da vida”. Elencando como fatores de uma “cultura da morte” o aborto, a fecundação artificial, a clonagem, a eutanásia, as uniões de fato e as homossexuais, o Papa precisou que “o Estado tem como tarefa primeira exatamente a tutela e a promoção da vida humana”.
- No dia 13 de janeiro, o Santo Padre recebe e se congratula com o Presidente da região Lazio, o deputado Francesco Storace, expoente da direita política italiana, e lhe expressa a sua “viva gratidão pela aprovação do Estatuto da Região Lazio. Nele, de fato, além de se sublinhar o papel de Roma como centro do Catolicismo, se reconhece explicitamente o primado da pessoa e o valor fundamental da vida. Reconhece, além do mais, os direitos da família como sociedade natural fundada sobre o matrimônio e se propõe a sustentá-la no cumprimento de sua função social, fazendo menção explícita ao Observatório Regional Permanente sobre as Famílias. O Estatuto prevê também que a Região garantirá o direito ao estudo e a liberdade de escolha educativa”.
- Em 24 de janeiro, recebendo os bispos espanhóis em visita ad limina, o Santo Padre denuncia: “No âmbito social se está difundindo também uma mentalidade inspirada pelo laicismo, ideologia que leva gradualmente, de modo mais ou menos consciente, à restrição da liberdade religiosa até ao ponto de promover o desprezo ou a ignorância do âmbito religioso, relegando a fé à esfera privada e opondo-se à sua expressão pública”.
- No dia 7 de fevereiro, a CDF torna conhecida a condenação do volume Jesus Symbol of God, escrito pelo P.e Roger Haight S.J., que implica na negação da missão salvífica universal de Jesus Cristo e, consequentemente, da missão da Igreja de anunciar e comunicar o dom de Cristo salvador a todos os homens.
- Em 21 de fevereiro, numa mensagem à Pontifícia Academia para a Vida, o Santo Padre reafirma com força a condenação ao aborto, à fecundação artificial, à eutanásia, e lembra que “a saúde não é um bem absoluto”.
- Em 22 de fevereiro o P.e Vitaliano della Sala, pároco italiano de S. Angelo, em Scala, participante em manifestações junto com comunistas e não-global, é suspenso a divinis por seis meses
* Extraído de Totus tuus network. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.
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