segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Novo Testamento deu fim à invisibilidade do Pai

Bento XVI

Regina Coeli

Praça São Pedro
Domingo, 22 de maio de 2011

Caros irmãos e irmãs!
O Evangelho deste domingo, o Quinto da Páscoa, propõe um duplo mandamento sobre a fé: crer em Deus e crer em Jesus. O Senhor, de fato, disse ao seus discípulos: “Tenhais fé em Deus e tenhais fé também em mim” (Jo 14, 1). Não são dois atos separados, mas um único ato de fé, a plena adesão à salvação operada por Deus Pai através de seu Filho Unigênito. O Novo Testamento deu fim à invisibilidade do Pai. Deus mostrou o seu rosto, como confirma a resposta de Jesus ao apóstolo Felipe: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14, 9). O Filho de Deus, com a sua encarnação, morte e ressurreição, nos libertou da escravidão do pecado para nos dar a liberdade dos filhos de Deus e nos fez conhecer o rosto de Deus que é amor: Deus pode ser visto, é visível em Cristo. Santa Teresa d’Ávila escreve que “não devemos nos distanciar daquilo que constitui todo o nosso bem e o nosso remédio, ou seja, da santíssima humanidade de nosso Senhor Jesus Cristo” (Castelo interior, 7, 6). Portanto, apenas crendo em Cristo, permanecendo unidos a Ele, os discípulos, entre os quais estamos também nós, podem continuar a sua ação permanente na história: “Em verdade, em verdade, eu vos digo – disse o Senhor –, quem crê em mim, também ele realizará as obras que eu realizo” (Jo 14, 12).
A fé em Jesus comporta segui-Lo cotidianamente, nas ações simples que compõem o nosso dia-a-dia. “É próprio do mistério de Deus agir de modo submisso. Somente aos poucos Ele constrói na grande história da humanidade a sua história. Torna-se homem, mas de modo a poder ser ignorado pelos seus contemporâneos, pelas forças de poder da história. Padece e morre e, como Ressuscitado, quer chegar à humanidade apenas através da fé dos seus aos quais se manifesta. Continuamente, Ele bate submissamente às portas dos nossos corações e, se lhe abrimos, lentamente nos torna capazes de ‘ver’” (Jesus de Nazaré II, 2011, p. 206). Santo Agostinho afirma que “era necessário que Jesus dissesse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14, 6), para que uma vez conhecido o caminho, se conhecesse a meta” (Tractatus in Ioh., 69, 2: CCL 36, 500), e a meta é o Pai. Para os cristãos, para cada um de nós, portanto, o Caminho para o Pai é deixar-se guiar por Jesus, por sua palavra de Verdade, e acolher o dom da sua Vida. Façamos nosso o convite de São Boaventura: “Abre pois os olhos, dispõe o ouvido espiritual, abre os teus lábios e dispõe o teu coração, para que possas, em todas as criaturas, ver, escutar, louvar, amar, venerar, glorificar, honrar o teu Deus” (Itinerarium mentis in Deum, I, 15).
Caros amigos, o compromisso de anunciar Jesus Cristo, “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6), constitui a tarefa principal da Igreja. Invoquemos a Virgem Maria para que assista sempre os Pastores e aqueles que, nos diversos ministérios, anunciam a feliz Mensagem de salvação, para que a Palavra de Deus se difunda e o número dos discípulos se multiplique (cf. At 6, 7)

* Extraído do site do Vaticano, do dia 22 de maio de 2011. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

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