Asunción, 18 de junho de 2009.
Caros amigos,
Hoje, acompanhamos ao cemitério Emanuel (que belo este nome!). Para o mundo, era um mendigo; para nós que, por nove meses o tivemos entre nós, era o “Deus conosco”.
Teve apenas algumas semanas de consciência... tempo suficiente para descobrirmos a surpresa de ser exatamente “Deus conosco”.
Desde então, todos os sacramentos envolviam a sua vida... e era um outro. Depois, por oito meses esteve sem consciência e, ontem, morreu. Durante estes oito meses, a única coisa que eu fazia era ajoelhar-me três vezes ao dia diante dele, abençoando-o com o ostensório e beijando-o a cada manhã. Tudo se passou aqui e, por oito meses, não respondia aparentemente a nada... e, assim, morreu.
Antes de fecharmos o caixão, beijei-o pela última vez. Estava frio... mas, que alegria! Dele eu aprendi mais, cada dia, o que quer dizer que “eu sou Tu que me fazes”. Aprendi a capacidade de me maravilhar, como nos lembra Giussani no capítulo X d’O Senso Religioso. Eu o olhava, ali, mudo no leito, e pensava “mesmo os cabelos da sua cabeça estão todos contados” e, então, o seu silêncio era mais forte do que qualquer palavra.
Quando o colocamos na cova profunda (cada túmulo recebe 10 cadáveres sob a terra e 10 na parte de cima) e joguei sobre o caixão o santo punhado de terra me comovi: se eu não pudesse dizer “eu sou Tu que me fazes”, que sentido teria tudo isso? E pensei no Gênesis, onde Deus, da terra, faz o homem... mas, desde então, o homem não é mais terra... eu sou, você é relação com o infinito.
“Repousa em paz, Emanuel”... e, com o coração contente, voltei para os meus doentes, que esperam a vez deles... na minha companhia, porque, depois, será também a minha vez... e eles (já são mais de 600 os meus filhos mortos aqui) me esperarão na porta do paraíso, para levar-me até Jesus. É mesmo bela a vida!
Ciao
P.e Aldo
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