Asunción, 13 de junho de 2009.
Voltei hoje, dia de Corpus Christi, dos Exercícios (refere-se aos Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação; ndt). A comoção ao escutar as palavras feitas carne na minha vida e na dos meus doentes é bem expressa na foto de Marciana, circundada por suas últimas pinturas. Ela já está no fim e a cor dominante do “lapacho” (é como é conhecido o ipê no Paraguai; ndt) – uma planta tropica que, quando floresce, indica que a primavera está chegando – é roxo (morado, em espanhol).
Normalmente, os lapachos têm quatro cores e florescem em semanas diferentes, porém todos florescem no fim do “inverno tropical” e indicam que em breve chegará o calor tórrido. As cores são: rosa, roxo, amarelo e branco. Um espetáculo que veste de festa Asunción. Marciana, agora, ressalta o roxo porque está sentindo que se aproxima o encontro definitivo com Jesus. A fé é uma certeza. Não uma lamentação, não uma objeção. A esperança – somente quem vive a esperança consegue pintar até o fim com a ajuda do pai – é, para ela, o já da fé que toca com as mãos e vê com os olhos. Está quase acabada: pesa pouquíssimo, respira com dificuldade, as belas unhas pintadas de vermelho são como buquês de flores. Toda a sua feminilidade está presente... somente a fé que, como nos provoca Carrón, não é um sentimento, mas o reconhecimnto de um fato presente, realiza aquilo que o nosso ceticismo coloca em dúvida ou pensa que não pode durar, e vencer também o câncer e o medo da morte.
Amigos, Marciana é uma metástase só, mas a fé vence as terríveis dores do câncer. Aquilo que a morfina não consegue fazer, nela a fé consegue, até o ponto de conseguir pintar. Então, como não sermos gratos a Carrón que, desde a primeira noite (dos Exercícios da Fraternidade; ndt) nos dizia que “as circunstâncias pelas quais Deus nos faz passar são fator essencial e não secundário da nossa vocação”.
É, de fato, belo olhar para Marciana e para Paulo, porque eles nos dizem que Cristo está vivo. Olhem para Paulo (22 anos... Marciana tem 20): olhem o tamanho do câncer que ele carrega nas costas. Um enorme pedaço de carne podre... porém, olhem para o seu sorriso. Está é a fé, a esperança e a caridade.
Assim, entendo o que quer dizer “da fé, um método” (título dos Exercícios da Fraternidade deste ano; ndt): um caminho feliz mesmo se carregado por um tumor maligno de quase 5Kg ou por uma metástase geral.
Amigos, obrigado! Tudo isso nos é dado porque, de fato, é mesmo possível “viver verdadeiramente assim” (faz referência ao título da obra de Giussani – Si può (veramente!) vivere così?; ndt)
P.e Aldo
2 comentários:
Vir aqui sempre é um presente.
Ver que essas pessoas são evidência de Cristo na minha vida de forma concreta, agora, é como nascer e dar-se conta das coisas, como diz Dom Giuss.
Isso me atrai de tal forma que eu quero me dar conta dessas coisas toda manhã, e encarar o nascer do sol e o dia que surge dando o significado verdadeiro. Quero chegar ao fundo.
Por isso eu sigo.
Obrigada!
nossa... sem palavras ver estas coisas e soco no estomgo pra todos sem palavras.. muito bom seu blog.. parabéns!
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