quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cartas do P.e Aldo 76

Asunción, 25 de junho de 2009.

Caros amigos,
depois dos Exercícios de Rímini, que vivemos neste último fim de semana através da gravação, senti a urgência de visitar Marcos e Cleuza, para dividir com eles a minha comoção, como já havia acontecido em abril, de cada palavra escutada.
Normalmente, já há alguns meses que nos encontramos muito frequentemente.
Agora, sou eu que vou, porque somente dessa forma aquilo que Carrón nos disse se torna carne. E foi belo. Encontramo-nos no aeroporto às 15h e foi uma festa, como sempre. Depois, fomos para a casa de Marcos e Cleuza, junto com o grande amigo P.e Julián de la Morena e outras 15 pessoas, para o encontro da fraternidade. Éramos 17 pessoas, ao todo, e sem nos darmos conta chegamos a 21 pessoas. Missa, jantar e conversa até a meia-noite, quando a Paola, de Salvador (Bahia), disse: “depois de ter escutado tantos milagres, vamos dormir pelo cansaço”. Que febre de vida! A pergunta da qual partimos, colocada pelos Zerbini, era: “como a nossa vida mudou depois de nosso último encontro no Paraguai?”... e, obviamente, à luz dos Exercícios. Os nossos amigos do movimento dos “Sem-Terra”, aqueles que foram totalmente tomados, afeiçoados pelo carisma de dom Giussani, nos comoveram a todos literalmente pelos milagres, pela verdade com a qual contavam a história de suas vidas.
De verdade, experimentei, como sempre, aquilo que os apóstolos viviam com Jesus. E não apenas eu, mas também os que foram dormir à 1h30 da manhã... tão belo era respirar Jesus e a realidade. Alguém poderá se perguntar: mas, de onde nasce esta amizade potente, que se tornou mais necessária que o ar que respiramos?
Um amigo disse, naquela noite, que esta amizade é bela e verdadeira por estes motivos:
1. Porque todos olhamos para o Carrón. Sentimo-nos filhos. Os nomes que sempre aparecem entre nós são: Jesus, o Papa, Giussani e Carrón. Sem Carrón não nos teríamos conhecido, porque tudo começou quando Carrón nos disse para onde devíamos olhar. E é algo que se a pessoa não vive, não poderá entender.
2. A caritativa – a "sopa do P.e Aldo". Trata-se de um gesto de caridade que, na Associação de Marcos, se realiza a cada sexta-feira, depois da Escola de Comunidade. Vendem a “sopa” também na rua, para ajudar as minhas Casinhas de Belém. Vocês sabem como Marcos e Cleuza definem a caritativa? Um gesto para recordar o rosto do amigo P.e Aldo. Isto é, trata-se de um gesto para viver a memória dos rostos que caminham juntos, seguindo Carrón. Nunca havia escutado uma definição assim da caritativa. Cozinham a “sopa” depois da Escola de Comunidade e a vendem para recordar um amigo, o rosto, o olhar de um amigo. Portanto, trata-se de uma amizade que é operativa e não boas intenções.
3. O tempo nos é dado para nos encontrarmos, isto é, para ir até o coração da realidade, para viver as circunstancias, quaisquer que sejam, como se fossem o sorriso de Deus (enumerar os fatos contados seria muito longo).
4. Esta amizade é uma proposta para todos, porque o movimento é toda pessoa que fica surpresa ao ver homens que se querem bem e pela paixão com a qual olham para o seu destino. Homens cuja única obra não é o movimento dos “Sem-Terra” ou as obras de São Rafael, mas a construção do próprio eu. Não se percorrem 3 mil quilômetros a cada 15 dias se não for por causa dessa obra: a construção do eu.
5. É uma amizade definida pela festa. Mesmo a Missa, o jantar – nem lhes conto como era saboroso o sinal desta festa.

Uma última nota: uma das coordenadoras dos “Sem-Terra” disse: “se as pessoas da clínica de São Rafael não têm medo de morrer, por que eu deveria ter medo daquilo que acontece a cada dia? Mudou a concepção que tinha da vida”.
De fato, voltei – ida e volta – com o coração transbordante de alegria, desejoso de gritar a todos e de todos os modos possíveis os milagres desta amizade que só é possível viver, seguindo quem hoje garante o carisma de Giussani – Carrón. A única obra que me interessa é sempre mais seguir este homem, porque seguindo-o, até mesmo o conceito de desenvolvimento, o conceito de colaboração, de economia, mudam e tudo se torna um desejo louco de que Cristo seja conhecido e amado. Estou aqui, sozinho, para testemunhar esta experiência, para mim, cheia de letícia... e o faço há 62 anos e meio.
E pensar que, como sempre recorda Cleuza, ha um ano atrás eles não sabiam da minha existência, enquanto que eu, sim, mas não podia nem imaginar o que aconteceu a partir de novembro de 2008.
Verdadeiramente, não poderei mais ficar sem vê-los, escutá-los, porque é como reviver cada vez aquele abraço de Giussani, dado há muitos anos atrás e que mudou a minha vida.
Hoje, eles são, para nós de São Rafael, o ponto luminoso que torna feliz a nossa vida.
Ciao
P.e Aldo

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